Ekev, עקב

12/08/2014 13:36

Aspectos da 46ª

O texto desta Parashá é:

Ekev, עקב  -( Deut. 7:12-11:25)>>Sigf.calcanhar

 

 

 

O texto da Haftará é:

 

  • A haftará desta parashá é Isaías 49:14–51:3.

     

Salmo 75  

Eqev (עקב)

    A parashá Eqev inicia descrevendo o encorajamento dado por Moshê ao povo israelita, para que cumpram os mandamentos da Torá e conquistem a terra de Kanaam (Canaã). Moshê recorda os benefícios usufruidos pelo povo no ermo, assim como as transgressões do povo (como no caso do Bezerro de ouro). Moshê mostra como o povo de Yisrael teria a obrigação de ser fiel ao Eterno justamente pelo fato de ter visto todos os benefícios e castigos no ermo. Nesta parashá também é descrita a segunda parte do Shemá.

 


 

 

Leitura da Torá: Ekev, עקב  

 


    O nome da porção desta semana da Torá, Êkev, literalmente significa "calcanhar." Uma tradução simples do versículo introdutório seria portanto: "E será nos calcanhares de seu cumprimento dos mandamentos… que D'us cumprirá Sua aliança e Sua bondade que Ele prometeu aos seus antepassados." 

    Rashi cita um Midrash que oferece uma leitura alternativa do versículo. O Midrash declara que se você for cuidadoso em observar os mandamentos que as pessoas normalmente esmagam sob os calcanhares, então o Todo Poderoso cumprirá Suas promessas a você.

    À primeira vista, a pessoa poderia dizer instintivamente que o Midrash significa que se você for tão cuidadoso em cumprir até mesmo as minúcias da Torá, então as recompensas ilimitadas de D'us serão suas. Entretanto, um escrutínio mais cuidadoso revela o que isso quer dizer: A recompensa vem por cumprir as "menores" mitsvot e por não fazer distinção entre elas e aquelas consideradas mais "sérias". Isso levanta várias dificuldades. Por que não deveríamos distinguir entre elas? É justo determinar que a recompensa vem por realizar as "menores" mitsvot da mesma forma que ocorre com o cumprimento das mais 'sérias"? Além disso, qual é a definição de uma mitsvá que alguém "esmagaria sob o calcanhar"? Finalmente, por que nossos sábios selecionam o calcanhar como oposto a nomear todo o pé como o culpado que tão impiedosamente pisoteia a palavra de D'us?

    De volta ao Jardim do Éden, o homem falhou no maior teste de todos os tempos. O problema de comer da Árvore do Conhecimento não foi meramente uma questão do homem procurando o alimento mais exótico para agradar suas papilas gustativas. Foi sobre a própria existência, e sobre quem comanda o espetáculo. 




    D'us, em Sua infinita sabedoria, sabia que era melhor para o homem não receber parte da árvore naquela ocasião. Mesmo assim o Homem acreditou que sabia mais; ele determinou que era ele quem controlava seu destino e que era capaz de fazer tudo certo. Talvez para expressar isso em um nível mais profundo: O homem pensou que merecia existir, que tinha o direito de ser, e que estava devidamente habilitado a exercitar seu direito, tornando-se o único senhor de seu destino. Após sua queda, quando ele, sua mulher e a serpente foram amaldiçoados, D'us declarou que haveria inimizade entre a serpente e a raça humana; "a cobra morderá seu calcanhar e ele esmagará sua cabeça" (Bereshit 3:15). 


O outrora grandioso e potencialmente eterno homem torna-se agora uma perpétua vítima da serpente; e onde especificamente estaria seu "calcanhar de Aquiles", o próprio calcanhar. Por que?

        Existe uma expressão que descreve a firma resolução de alguém que deseja conseguir um cargo – "ele está cavando com os calcanhares". O calcanhar representa a afirmação do homem sobre a terra. Como diz o versículo: "Os céus pertencem a D'us, mas a terra foi dada à Humanidade" (Tehilim 115:16). 

        O homem reivindica que a terra é sua propriedade, e portanto tem o direito de controlá-la, de exercer domínio sobre ela. A conexão com a terra através do calcanhar incentiva o homem. Observe quantas guerras foram travadas sobre limites territoriais! Quanto mais o homem "cava" a terra, mais poder ele pensa que exerce, e quanto mais direitos sente que tem, mais se distancia de um relacionamento significativo com D'us. 

        Ironicamente, a mesma força que dá ao homem tanto poder, é a causa de sua queda – o calcanhar. Não é surpresa, portanto, que está seja a área de ataque, sobre a qual a serpente sempre terá um ponto de vantagem.

        A palavra hebraica para sapato é "na'al". Etimologicamente, pode derivar da palavra hebraica "no'el" que significa "trancar", ou da palavra "aliyah" que significa "subir". De qualquer forma, a conotação é que sapatos rompem nossas amarras com o solo e isolam o homem da atração impetuosa da terra. Assim fazendo, os sapatos nos dão uma alyiah, uma ascensão espiritual, porque nos removem da força que busca arrastar-nos para baixo e para longe de D'us – a terra.
        Não temos dificuldade em entender filosoficamente que a Torá foi criada por D'us para o aperfeiçoamento da humanidade. Obviamente, deve haver um livro mestre que governa o universo e estabelece um padrão de valores e comportamentos desejáveis. Entretanto, qual é realmente nossa atitude com a Torá? Cumprimos a mitsvot porque nós desejamos o que é melhor para nós e o estilo de vida da Torá preenche esta necessidade? Sentimos que temos o direito de decidir por nós mesmos o que é verdadeiro e justo? Ou, talvez, afastamo-nos da equação e dizemos que um ser humano não pode saber independentemente o que é melhor para si, e que portanto devemos conceder a total determinação sobre o certo e o errado à Torá?

    O Maharal explica que as mitsvot que tendem a ser pisoteadas são aquelas que entendemos como não merecedoras de grande recompensa. Se nossa atitude para com a Torá é meramente utilitária, que temos o direito de escolher o que é melhor para nós e portanto escolhemos a Torá, pode-se prontamente entender como aquelas mitsvot que não proporcionam os maiores benefícios possam ser "varridas para debaixo do tapete" em favor das "grandes mitsvot". Por que eu deveria escolher o que é melhor para mim? 

        Entretanto, entendemos que, afinal, não temos quaisquer direitos de escolher de quais mitsvot gostamos ou não, e reconhecemos que D'us nos abençoou com a oportunidade de servi-Lo quando guardamos Sua Torá e que Sua vontade é correta não importando aquilo que pensamos, então agarraremos a oportunidade de cumprir qualquer mitsvá, independente de seu "valor" percebido. 

Portanto, o que torna-se evidente é que as mitsvot "menores" tornam-se o teste crucial através do qual demonstramos nossa verdadeira atitude em relação à Torá. Se fizermos uma pausa para considerar que a liberdade de escolher não significa uma liberdade de escolha, saberemos instantaneamente o que é a verdadeira humildade. Então ficaremos realmente de cabeça para baixo!

 

 

    Êkev (Devarim 7:12 - 11:25) começa com Moshê encorajando os filhos de Israel a confiar em D’us e nas maravilhosas recompensas que Ele lhes dará se guardarem a Torá. Moshê assegura-lhes que derrotarão com êxito as nações de Canaã, quando deverão remover todo e qualquer vestígio de idolatria remanescente na Terra Santa. 

        Moshê os lembra sobre o miraculoso maná e as outras maravilhas com que D’us os cumulou pelos quarenta anos passados, e ele adverte o povo compromissado com a Torah, para estar consciente das armadilhas de sua futura prosperidade e orgulho das façanhas militares, o que pode fazê-los esquecer D’us. Ele os relembra ainda de suas transgressões no deserto, recontando toda a história do bezerro de ouro, e descrevendo a abundante misericórdia de D’us. 

        Moshê enfatiza que a geração do deserto tinha uma responsabilidade especial de permanecer leal às mitsvot, preceitos da Torá, por causa dos muitos milagres que vivenciaram pessoalmente. Após detalhar as numerosas virtudes da Terra Prometida, Moshê ensina ao povo o segundo parágrafo do Shemá, que enfatiza a doutrina fundamental de recompensa e punição, baseada em nosso cumprimento das mitsvot. 

    Esta Porção da Torá conclui com a promessa de D’us, uma vez mais, de que Ele protegerá o povo comprometido com a Torah, se eles cumprirem as Leis da Torá.

 

 

O cumprimento das mitsvot e a conquista da terra

        Será para seu próprio bem. D’us abençoará seus filhos, animais, azeite, vinho e cereal. Dentre as mitsvot, não há maneira de dizer qual delas é a mais importante. Por isso, deve-se tentar cumprir todas dando a mesma importância e tomando os mesmos cuidados.

        Há algumas mitsvot sobre as quais pisamos com nosso salto. Não as levamos a sério. Avak lashon hará (maledicência indireta) é um exemplo de tal pecado. Digamos, você elogia alguém perante pessoas que não gostam desta pessoa. Isto é proibido, mas freqüentemente negligenciado. Aprendemos desta parashá que devemos corrigir tal falha e sermos cuidadosos.

Moshê continua falando ao povo até o final da Parashá, e a encorajá-los a obedecer a D’us.

        Moshê disse: "Cumpra todas as mitsvot de D’us, mesmo se não parecem importantes a você. Até mesmo a menor das mitsvot deve ser observada cuidadosamente. 

"Como recompensa, D’us lhe concederá o olam habá, mundo vindouro,e Ele o abençoará também neste mundo.

"Lembram quando foram contabilizadas apenas setenta pessoas quando Yaacov desceu ao Egito? Vejam como hoje vocês são tão numerosos como as estrelas no céu! Desta maneira, continuarão a se multiplicar se cumprirem as mitsvot de D’us.

"Seus filhos terão vida longa. Serão sábios e livres do pecado. As pessoas exclamarão: ‘Olhem para estas maravilhosas crianças! Abençoadas sejam suas mães!’

"D’us também lhes dará fartas colheitas de cereal, vinho e azeite. Seus animais também se multiplicarão, para que se tornem ricos.

"D’us manterá todas as doenças distantes de vocês: tanto as doenças comuns como as raras que Ele enviou aos egípcios. Pelo contrário, aquelas doenças cairão sobre seus inimigos. 

"Vocês serão vitoriosos sobre as sete nações de Erets Canaan, e vocês as destruirão."

 



A conquista das nações

"Vocês poderiam pensar: ‘As nações em Erets Canaan são mais poderosas e numerosas que nós. Como poderemos expulsá-las?’ Mas não tenham medo! Lembrem-se do que D’us fez ao faraó e aos egípcios? D’us realizará milagres semelhantes para vocês, quando conquistarem Erets Canaan.

"Enviará insetos tzir’a (vespas) à frente de vocês. Quando seus inimigos se esconderem, estes insetos voarão até seus esconderijos e os envenenarão. Isto fará com que os soldados inimigos tornem-se cegos, e vocês poderão derrotá-los facilmente.

"D’us também confundirá as nações de Canaan, para que vocês possam derrotá-los.

"Mas fiquem atentos! Lembrem-se de queimar os ídolos: não sejam atraídos pela adoração de ídolos nem tirem qualquer proveito do ouro ou prata com que são feitos. D’us odeia qualquer coisa relacionada a adoração de ídolos." 

"Eu os lembrarei de como D’us nos cuidou no deserto. E vocês estão no deserto por quase quarenta anos agora, e jamais sentiram fome. A cada manhã, D’us lhes dá um alimento maravilhoso: o maná do céu.
"D’us poderia tê-los levado por países habitados por pessoas, onde fosse possível comprar alimentos. Ou Ele poderia ter dado a vocês um enorme suprimento de maná para poupá-los todos os dias da preocupação de questionar de onde viria a refeição do dia seguinte. Mas a razão pela qual não agiu desta forma é porque desejava que confiassem n’´Ele completamente para todas suas necessidades. 

"D’us também os vestiu por quarenta anos. As nuvens de glória mantiveram suas roupas limpas e novas. Seus filhos nunca perderam as roupas devido ao crescimento. Miraculosamente, suas vestes cresciam com eles, assim como a concha de um caracol cresce com ele.

"Embora achassem difícil a vida no deserto, D’us queria isso para seu próprio bem, Ele os treinou a cumprirem Suas mitsvot e a confiar n’Ele, e Ele os preparou para receber Erets Yisrael.

"Enquanto cumprirem as mitsvot de D’us, Ele continuará a cuidar de vocês como fez no deserto. Confiem n’Ele plenamente."

 

 

 

 

 

Ser humilde e agradecer

"D’us está levando vocês a uma terra muito especial. Tem água abundante, e é famosa por sete produtos: trigo e cevada – dos quais pode-se fazer pão – bem como deliciosas frutas: uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras.

"O sabor das frutas irá variar de uma tribo para outra. Por exemplo, as uvas na terra de Efrayim terão sabor diferente das uvas de Naftali. Se você experimentar as mesmas frutas de todas as tribos de Erets Yisrael, será como experimentar iguarias de doze países diferentes!

"E não é só isso! A terra é rica em ferro e cobre. Vocês terão os minerais necessários para edificar prédios e confeccionar ferramentas. Tornar-se-ão ricos.

"Mas enquanto se distraem com todas estas descobertas e maravilhas, poderão esquecer D’us. Para impedir que isso aconteça, devem bendizê-lo toda vez que forem comer ou beber.

"Não fiquem orgulhosos, pensando: Minha força e meu talento fizeram-se ter sucesso. Lembrem-se que tudo vem de D’us. 

"Vocês poderão pensar: ‘A razão pela qual D’us nos concedeu todas estas maravilhas é porque somos tsadikim.’ Não é por isso que D’us deu-lhes Erets Yisrael. Lembrem-se de que pecaram muitas vezes e deixaram-No aborrecido. Estão sendo tarzidos a esta terra porque D’us assim prometeu aos descendentes de Avraham, e chegou a hora das nações que vivem no país serem expulsas por causa de sua perversidade."

Moshê ensinou aos comprpmossados com a torah que o sucesso não deveria torná-los orgulhosos. 



 

O Bircat Hamazon

        A Torá ordena: "Bendiga D’us após ter comido e sentir-se satisfeito."

A Torá obriga um pessoa comprosmissada com a Toráh a recitar uma bênção se ele comeu pão até ficar saciado. Nossos Sábios instituíram que deve-se recitar bircat hamazon (graças após a refeição) mesmo se comeu apenas um kezayit (pedaço do tamanho de uma azeitona) de pão.

Bircat hamazon consiste de quatro partes:

1 – Bircat Hazan – a bênção Àquele que alimenta todas as criaturas: Moshê instituiu esta bênção quando o povo receberam o maná.
O milagre do maná caindo do céu enquanto  estavam no deserto demonstrou abertamente a eles que D’us, em Sua bondade, cuida de todas as criaturas. Mais tarde, quando eles comeram os frutos de seu próprio trabalho na Terra, entenderam que o pão deste mundo era concedido pelo mesmo atributo Divino de bondade. Por isso,nesta primeira bênção, reconhecemos que, embora os seres humanos trabalhem para assegurar seu sustento, ainda assim é D’us que provê o alimento a todas as criaturas.

2 – Bircat Ha’arets – a bênção sobre a Terra: Yehoshua introduziu esta segunda bênção quando ele e o povo mereceram entrar na Terra, pelo desejo ardente de Moshê e sua geração. (O texto original de Yehoshua era: "Tu nos deste um legado, um bem desejável, e um grande País." Completamos isso desta forma: "Tu deste aos nossos pais…")
Nesta bênção mencionamos a mitsvá do berit milá, pois pelo seu mérito D’us concedeu Erets Yisrael ao povo. Também Lhe agradecemos por Sua Torá, dessa maneira expressando o propósito definitivo da posse de Erets Yisrael: estudar e cumprir os mandamentos de D’us.

3 – Bircat Yerushalayim – a bênção da paz para Jerusalém e o Bet Hamicdash: O Rei David e Salomão estabeleceram a terceira bênção, que pede pela continuação da liderança da Casa de David e pela paz em Jerusalém e o Bet Hamicdash (Seguindo-se à destruição, completamos o texto e pedimos a D’us para reconstruir Jerusalém.)

4 – Hatov Vehamaitiv – a bênção Àquele que é bom e faz o bem: esta bênção foi adicionada por nossos sábios para celebrar o milagre que aconteceu na cidade de Bethar após a destruição do Bet Hamicdash. 
Que pecados precipitaram a destruição de Bethar? Conforme as opiniões na Guemara (Yerushalmi Ta’anis 4:5), a prostituição era muito difundida lá:. A segunda opinião insinua que os habitantes jogavam bola no Shabat, desse modo profanando a honra do Shabat; ou que desperdiçavam o tempo em divertimentos fúteis, em vez de se ocuparem com o estudo de Torá.
Meshech Chochma explica que o Bircat hamazon foi estruturado para expressar nossos agradecimentos a D’us, por distinguir nossa nação com Sua Providência individual.

D’us assegurou a sobrevivência de nosso povo com o milagre declarado do maná no deserto, e demonstrou novamente Sua Providência na forma de milagres realizados no Bet Hamicdash. A destruição do Bet Hamicdash, e posteriormente de Bethar, pode ter provocado a suspeita de que D’us não estava mais com Seu povo. Por esta razão, o milagre que ocorreu em Bethar foi uma bondade recebida como sinal da presença de D’us entre nós, mesmo estando no exílio, e por isso foi incorporada no Bircat Hamazon.




 

    Pelos nossos padrões, a geração que chegou a Erets Yisrael era justa. Moshê os reprovou por não terem ainda atingido os padrões de perfeição deles exigidos, proporcionais às revelações declaradas que vivenciaram (Or Hachaim, Aitz Yosaif).

Moshê disse: "Após comerem o bastante para ficarem satisfeitos, bendigam D’us pela boa terra que Ele lhes deu." Esta é a mitsvá de bensh (recitar Bircat Hamazon)", após uma refeição com pão.

    Para cumprir a mitsvá corretamente, devemos ser cuidadosos ao pronunciar cada palavra, claramente. (É uma boa idéia usar sempre um Sidur, mesmo se soubermos a oração de cor.) Crianças muito pequenas para pronunciar todo o Bircat Hamazon, podem pronunciar uma bênção mais curta: "Bendito seja o Misericordioso, nosso D’us, Rei do Universo, o dono do pão."

O que acontece quando alguém faz uma refeição e se esquece da bênção? Se ela lembrar-se dentro de um prazo de 72 minutos após o término da refeição, ainda poderá rezar. É muito importante agradecer, mesmo após ter passado algum tempo desde que comeu seu pão.

Nossos sábios decretaram que devemos falar a berachá (bênção) apropriada antes e depois de ingerir qualquer alimento. Se um pessoa come sem uma berachá, é como se tivesse roubado o alimento de Seu Dono: D’us. É importante pronunciarmos cada palavra da berachá claramente, especialmente as palavras D’us, Elo-kei-nu. Enquanto recitamos a berachá, é importante refletir na infinita bondade de Hashem que nos fornece vida a cada instante.



 

Derech erets ao se alimentar

Algumas destas regras encontram-se na Guemara; outras, em Sefer HaRokeach (Sefer HaRokeach contém dinim, as leis. Foi escrito pelo Rokeach, Rabi Elazar de Worms, Alemanha, na Idade Média).
Não é correto alimentar-se em pé. A pessoa deve sempre sentar-se para comer.
Mesmo se você comer em pé, deve sentar-se para rezar.

  • o Não converse enquanto estiver mastigando.

  • o Nunca reponha a comida na travessa sobre a mesa, se já mordeu um pedaço. Nem deveria oferecer a outra pessoa.

  • Não ofereça um copo a outra pessoa se já bebeu nele.

  • Não lamba os dedos!

  • Não é educado morder uma fruta ou qualquer outro alimento maior que um kezaitz (equivalente ao tamanho de um ovo). Aquele que o faz parecerá uma pessoa gulosa que está devorando a comida. A maneira refinada de comer é cortar pedaços não maiores que um kezaitz.
    Da mesma forma, não é educado jogar comida de qualquer jeito, a fim de não desprezá-la e para que não se estrague.

  • Apanhe qualquer alimento que observar estar jogado no chão, e separe para os animais

  • Não é correto alimentar-se na rua.
    No passado, o Beit Din costumava julgar pelas declarações de testemunhas. Se os juízes soubessem que uma testemunha fora vista comendo na rua, declaravam: "Ele não serve para ser nossa testemunha," pois agiu de maneira imprópria.

  • O Zohar diz que antes de uma bênção, a pessoa deve remover (ou cobrir) quaisquer facas que estejam sobre a mesa. Uma mesa é como o misbeach, o altar onde se realizavam os sacrifícios a D’us, trazendo paz ao mundo. Nenhum utensílio de ferro podia tocar o misbeach. Por isso, uma faca, instrumento usado para matar, não deveria estar sobre a mesa durante a bênção. (Esta regra aplica-se apenas aos dias de semana. No Shabat, Rosh Chôdesh ou yom tov, podemos deixar facas sobre a mesa).

  • O pão deve ser deixado sobre a mesa no momento em que se recitará o Bircat Hamazon.

Por que devemos nos preocupar com tantas regras quando comemos?
Sempre que nos alimentamos, seja o que for que façamos, estamos na presença de um Rei muito mais poderoso que qualquer outro rei ou governante neste mundo: o Rei dos reis. Não deveríamos nos comportar de forma correta em todas as ocasiões, sabendo que estamos diante de Sua presença? 

Nesta Parashá aprenderemos sobre a mitsvá de temer a D’us. Se nos comportamos corretamente à mesa, demonstramos que tememos a D’us. Não somos como não-copromissados com a Torah, que se esquecem de D’us quando comem ou bebem. Os vomprometidos com a torah lembram-se dele e agem com derech erets (boas maneiras) antes, durante e após a refeição.

 

 

O pecado do bezerro e as segundas Tábuas 

        Moshê continuou a enumerar os pecados de Benê Yisrael. Estas transgressões foram cometidas após a Outorga da Torá, e por isso, tiveram um enorme peso. Benê Yisrael deveria saber disso.

        Foi este o discurso de Moshê: "Após a Outorga da Torá, permaneci no Monte Sinai por quarenta dias e noites, sem comida ou bebida. Finalmente, D’us deu-me duas maravilhosas luchot (Tábuas) feitas de safira. Elas continham os Dez Mandamentos.

"Mas D’us deu-me também notícias chocantes. ‘Desça rapidamente!’ ordenou Ele. ‘O povo que você trouxe do Egito cometeu um pecado terrível. Enquanto esteve fora, fizeram uma imagem de um bezerro de ouro. Devo destruí-los. Farei de você então, Moshê, uma grande nação!’

"Quando ouvi estas palavras, disse: ‘Sei que Tu amas teus filhos. Na verdade, não deseja destruí-los."

"Na segunda vez em que estive no céu, D’us disse: ‘Você, Moshê, quebrou as luchot. Não desejo que as futuras gerações o culpem por não as terem recebido. Por isso, as escreverei novamente. Porém, devido ao pecado que cometeram, Benê Yisrael não merece mais as luchot feitas por Mim. Moshê, você deve entalhá-las. Gravarei então as palavras nas luchot.’

"Perguntei: Onde conseguirei a pedra para as luchot?"

"D’us mostrou-me uma mina repleta de safira sob Seu Trono Celestial de Glória. Disse-me: ‘Pegue a pedra de safira e corte as luchot exatamente do mesmo tamanho que as primeiras. Pode ficar com os pedaços que sobrarem do bloco de safira. Você merece ser rico! Quando o povo estava atarefado reunindo ouro e prata em yetzias Mitsrayim, você se preocupou aapenas em encontrar o caixão de Yossef e em levá-lo consigo.’"

D’us queria que Moshê fosse rico para que as pessoas lhe respeitassem e escutassem, honrando-o.

D’us prometeu: ‘Escreverei os Dez Mandamentos sobre as luchot que você entalhou. Coloque as luchot no aron.’

"Construí um aron (Isto foi antes de ser construído o Mishcan. Betzalel mais tarde fez um outro aron).

"Eu trouxe as Segundas Tábuas em Yom Kipur. Disse-lhe que D’us os perdoou pelo pecado do Bezerro de Ouro, e coloquei as luchot no aron."

"Embora tenham pecado, D’us ainda os ama. Sua única exigência é: temam-No."

O que isto significa, sempre temer a D’us?

Compare seu comportamento quando você está sozinho e quando está com outras pessoas. Você age da mesma forma? Você reza da mesma maneira quando está sozinho e quando está com outros? Recita uma berachá da mesma maneira quando ninguém está ouvindo e quando há alguém por perto?

É difícil estar sempre consciente da presença de D’us. Por que? Porque não O vemos, então fica fácil esquecê-lo ou fingir que Ele não está presente. As pessoas nos parecem mais reais que D’us porque as vemos com nossos próprios olhos.

Como cumprimos a mitsvá de "temer D’us?" Devemos estudar sefarim que mostram como estamos sempre nas mãos de D’us. Se não fosse por Ele, não estaríamos vivendo, respirando, falando, ou nos movendo. Devemos também entender que D’us sabe de todas nossas ações, e conhece até nossos pensamentos.



 

Nossos sábios ensinam: "Há um olho que vê e um ouvido que escuta, e todos seus atos são anotados em um livro. (Pirkê Avot 2:1)." 

Imagine que você viaja a um país onde o governo vigia os estrangeiros. Embora você não veja a polícia, sabe que está sendo espionado o tempo todo. Gravadores secretos foram instalados em seu quarto de hotel. Uma câmera oculta registra tudo que você faz. Parece assustador?

D’us deseja que nos lembremos que Ele está sempre nos vigiando. Isto nos ajudará a agir de maneira correta todo o tempo.

Se você vir um cão raivoso ou um homem com uma arma correndo em sua direção, entrará certamente em pânico. Imediatamente, seu coração começa a bater desenfreado; talvez seus joelhos tremam. Você fica aterrorizado. Ninguém precisa ensiná-lo a ter medo. Por outro lado, se ouvir algo do tipo: "Rosh Hashaná está chegando; D’us decidirá se você deve viver ou morrer," seus joelhos não começam a tremer. Você não entra em pânico. Você tem que meditar profundamente sobre isso, antes de começar a sentir-se assustado.

Agora você pode entender porque é tão difícil aprender como temer D’us. 

Devemos treinar nossa mente a fazê-lo. Moshê nos ensinou que é uma das mitsvot mais importantes da Torá. D’us não nos criou com um medo instintivo d’Ele. Ele deseja que nos esforcemos para cumprir este preceito fundamental, e desta forma seremos merecedores de Suas bênçãos.

 

 

 

 

 

Devemos amar um convertido

        Se um não-compromissado com a Torah decide guardar a Torá e as mitsvot, um Beit Din ortodoxo pode convertê-lo. Assim que se tornar um guer (convertido) é considerado igual a qualquer outro Judeu, Compromissado com a Torah ou Monoteísta Abraâmico. Além disso, a Torá nos ensina que amá-lo é uma mitsvá especial.

Se você conhece um guer, faça um esforço para ser especialmente simpático com ele. Seja muito cuidadoso para não ofender-lhe os sentimentos.

D’us disse: "Um guer merece amor especial! Juntou-se ao povo judeu ou Monoteísta abraamico voluntariamente, porque estava procurando a verdade."

A Torá menciona a mitsvá de sermos bons com os gueirim nada menos que 36 vezes!

Muitas pessoas destacadas na Torá foram gueirim. O sogro de Moshê, Yitrô, foi um deles. A princípio, Yitrô foi um sacerdote que adorava ídolos em Midyan. 

Após ouvir sobre os grandes milagres da Abertura do Mar Vermelho e sobre a guerra contra Amalek, juntou-se a Benê Yisrael no deserto e tornou-se um Copmpromissado com a Torah.

Outra geyores foi Ruth. Ela era uma princesa de Moav, que desposou um judeu. Após a morte do marido, sua sogra, Naomi, queria deixar Moav e voltar para Erets Yisrael. Naomi implorou à nora que permanecesse em Moav. Mas Ruth respondeu: "Onde tu fores, eu irei; teu D’us é meu D’us! Desejo tornar-me judia e cumprir as mitsvot."

Ruth foi para Erets Yisrael e casou-se. 

Seu bisneto foi o Rei David e Mashiach virá de sua descendência.

Na verdade, famosos líderes de Torá descendiam de gairim ou eram, eles mesmos, gairim:

  • Onkelos, o sobrinho do Imperador Romano Adriano, tornou-se um excelente erudito de Torá, cujas explicações em aramaico da Torá são aceitas e aprovadas por nosso povo (de tal forma que os Sábios requerem que sejam lidas semanalmente).

  • Shemaya e Avtalyon (professores de Torá de Hilel e Shamai) eram gairim, descendentes do rei assírio Sanchairiv.

  • Rabi Meir, R. Akiva, R. Yosse e R. Shmuel bar Shilos descenderam, alguns do perverso Haman, e alguns do general canaanita Sisra.

  • Os profetas Yermeyahu e Yechezkel descenderam do convertido Rachav.

 

A tefilá

Moshê ensinou os judeus: "Sirva D’us, rezando a Ele todos os dias!"

Começamos a ensinar uma criança a rezar antes mesmo de saber ler em um Sidur. Assim, tão logo seja capaz, nós a treinamos a responder: "Amen,"sempre que ouvir uma berachá.

Rabi Yossi contou esta história: 

Certa vez, eu estava caminhando em Jerusalém quando percebi que estava na hora de rezar Minchá. Sabia que precisava rezar logo, ou então ficaria muito tarde. Mas onde poderia achar um cantinho sossegado? Não queria permanecer na rua, pois poderia ser incomodado em minha tefilá. De repente, percebi um edifício em ruínas. Entrei ali e rezei. Ao terminar, percebi Eliyáhu HaNavi de pé, à entrada das ruínas! Não entrou, mas aguardou até que eu terminasse minha tefilá. Então, falou comigo.
"Você jamais deveria entrar numa ruína!" advertiu-me. "É perigoso! Não percebe que pode cair a qualquer momento? Você deveria ter rezado rapidamente a amidá do lado de fora!" Só então entendi porque Eliyáhu não entrara na ruína. Saí rapidamente.

Já lá fora, ele me perguntou: "Meu filho, o que escutou na ruína?"

Respondi: "Ouvi uma voz que parecia o arrulhar de uma pomba dizendo: ‘Por causa de meus pecados, destruí Minha casa e os exilei entre os adoradores de ídolos.’"

Eliyáhu explicou: "Era D’us pranteando a destruição do Bet Hamicdash. D’us faz isso três vezes ao dia. Quando os judeus dizem: ‘Amain, yehai shemai rabba,’ nas sinagogas e casas de estudo, D’us balança tristemente a cabeça e exclama: ‘Como Eu era feliz quando Benê Yisrael Me louvava assim no Bet Hamicdash! Como é triste para o Pai que precisou exilar Seus filhos entre os adoradores de ídolos. E deploro os filhos que foram expulsos da mesa de seu Pai!’"

Desta história, deduzimos como é importante louvar a D’us.

Quando uma criança já consegue ler em um Sidur, começamos a ensiná-la a rezar com a congregação. Isto é um mérito especial. 

Sempre que você rezar, é importante que pronuncie cada palavra (se não tem muito tempo, é melhor rezar menos, mas pronunciando as palavras cuidadosamente). Lembre-se, D’us "está no outro lado da linha." Ele escuta tudo aquilo que você diz, embora possa não responder imediatamente. Nossas tefilot nos ajudam e aos judeus de toda parte. Como diz o versículo: ‘D’us está próximo de todos que O chamam – daqueles que O chamam sinceramente." (Tehilim 145:18). 

Moshê continua seu discurso

"Vocês assistiram aos milagres que D’us realizou no deserto: como afogou o faraó e seu exército no Mar Vermelho, e enviou maná do céu. Lembram-se que Ele fez a terra engolir Dasan, Aviram e suas famílias, quando não deram ouvidos a Ele.

"Certifiquem-se de cumprir todas as mitsvot cuidadosamente! Vocês conquistarão Erets Yisrael e permanecerão no país.

"Erets Yisrael não é como o Egito, que é plano com o Rio Nilo para supri-lo de água. Erets Yisrael está repleto de colinas e precisa de chuva para que as plantas cresçam. D’us lhes fornecerá chuva se cumprirem Seus preceitos!"

Moshê continua a falar: "Estudem e pratiquem as mitsvot! Repassem seus estudos de Torá muitas e muitas vezes, para que se lembrem. A Torá deve ser para vocês tão nova e interessante como se a escutassem pessoalmente no Monte Sinai. Estudem apenas por amor a D’us, servindo a D’us com todo o coração."

"D’us declarou: ‘Se Me servirem desta maneira, Eu tornarei a vida uma bênção para vocês/ Terão mais tempo para Me servir. Concederei chuva quando a terra precisar dela. A primeira chuva virá no outono, após a semeadura, para encharcar a terra e fazer as plantas crescerem. Darei chuva tardia na primavera, próximo da época da colheita. Isso fará seus cereais brotarem.’

"Vocês juntarão seu cereal, vinho e azeite."

"Terão farta produção, mas os países à sua volta não. Eles virão com ouro e prata para comprarem comida de vocês.

"Vocês terão pasto suficiente para os animais, e não terão de procurar grama distante para alimentá-los. Abençoarei também seus alimentos. Vocês ficarão satisfeitos mesmo após comerem apenas uma quantidade pequena.

"Fiquem alertas! Por terem uma vida fácil e mais do que o suficiente para comer; seu yetzer hará tentará persuadi-los a abandonar D’us. A riqueza e facilidades podem facilmente levar a pessoa a esquecer-se da Divindade."

Por isso Moshê advertiu:

"Não dêem ouvidos ao yetzer hará quando tenta fazer com que vocês abandonem D’us!Se servirem ídolos, a fúria de D’us se voltará contra vocês. Ele fechará os céus para que não haja chuva. O céu talvez fique repleto de nuvens, mas não cairá uma gota de chuva! As plantações não crescerão. Em seguida, vocês serão expulsos da boa terra que D’us lhes concedeu.

"Vocês viverão fora de Erets Yisrael. Continuem a cumprir a Torá e aquelas mitsvot que podem ser cumpridas fora do país, como colocar tefilin sobre a cabeça e o braço. Continuem a ensinar Torá a seus filhos, mesmo no galut (exílio). Comecem desde o momento que aprendam a falar. O estudo de Torá deve ser feito sempre: em casa, viajando, quando se levantam e ao irem dormir.

"Continuem a escrever as palavras do Shemá nas mezuzot, que devem ser afixadas nos portões de suas casas. Cumpram todas as mitsvot, exceto aquelas que se aplicam apenas a Erets Yisrael."

"Se agirem desta forma, merecerão retornar à terra que D’us prometeu aos seus antepassados. Viverão lá por muito tempo e a terra lhes pertencerá para sempre."

Benê Yisrael não precisa temer outras nações

Moshê terminou fazendo uma promessa: "Estudem a Torá repetidamente. Copiem as midot de D’us: sejam bons e misericordiosos como Ele. D’us expulsará as nações inimigas. Mesmo se parecerem maiores e mais poderosas, não temam, nem mesmo ao gigante Og."

Moshê esperava que estas palavras de encorajamento ajudassem Benê Yisrael quando ele não estivesse mais vivo para liderá-los. Rezou para que Benê Yisrael ouvisse suas palavras.

Nossa Parashá enfatiza a concretização das seguintes bênçãos:

  • D’us os amará – Esta é a suprema bênção. Se a pessoa é amada por D’us, recebe os maiores benefícios.

  • Ele o abençoará – com bens materiais.

  • Ele o multiplicará – de maneira extraordinária, como no Egito, onde vocês se multiplicaram de uma família com 70 pessoas até uma nação de 600.000 homens.
    Posteriormente, a Torá enfatiza: "Não haverá homem ou mulher estéril entre vocês. A Torá considera cada alma humana tão preciosa como o universo inteiro, e considera um aumento na nação da Torá como uma das maiores bênçãos (Hirsch).

  • Ele abençoará o fruto de seu útero. – Você não perderá bebês, nem seus filhos morrerão enquanto você for vivo.
    Seus descendentes serão abençoados de maneira tão óbvia que aqueles que virem crianças judias exclamarão: "Tão inteligentes! Tão puros! "Todos aqueles que os virem reconhecerão que são sementes abençoadas por D’us" (Yesha’yáhu 61:9).

  • Ele abençoará os produtos de seu solo: seu cereal, vinho e azeite – D’us abençoará todos os seus produtos, mas estes três são mencionados especificamente porque são as principais fontes de renda de um fazendeiro.

  • Os filhotes de seus animais – D’us protegerá seus rebanhos de sofrerem abortos.
    As bênçãos acima serão concedidas em Erets Yisrael, a Terra que D’us prometeu a seus pais.

  • Vocês serão abençoados por todas as nações – As nações reconhecerão: "Esta é uma nação maravilhosa, Divinamente abençoada!"

  • Não haverá homem ou mulher estéril entre vocês – Além do sentido literal, este versículo sugere:

1 – Suas preces não permanecerão estéreis, ou sem frutos, perante o Todo Poderoso; Ele as aceitará e as concederá.
2 – Nenhum judeu será estéril, ou ignorante de Torá. Judeus de todas as posições sociais serão instruídos.

  • D’us os livrará de todas as doenças corriqueiras, e não colocará nenhuma das doenças malignas do Egito sobre vocês.

"Vocês derrotarão todas as nações que D’us fizer passar por suas mãos" – Moshê prometeu que se Benê Yisrael se excederem no estudo de Torá e cumprimento das mitsvot, D’us milagrosamente entregará os inimigos em suas mãos. Nenhuma guerra será necessária para conquistar Erets Yisrael. Ao contrário, Benê Yisrael derrotarão as nações sem esforço, pois seus inimigos fugirão ou se renderão.

Entretanto, D’us não destruirá miraculosamente os ídolos de Erets Canaan, como destruiu todas as imagens egípcias durante a Praga da Morte dos Primogênitos (Ele fez com que as imagens de ferro derretessem, e as de madeira apodrecessem.) "É vosso trabalho," Moshê disse a Benê Yisrael, "destruirem os ídolos das sete nações. Não tomem para uso próprio o material anteriormente associado a adoração de ídolos. Não usem nem seu ouro ou seus ornamentos de prata. Devem ser totalmente destruídos"

Moshê descreveu como D’us levou os judeus milagrosamente através da jornada no deserto a fim de prepará-los para a vida futura em Erets Canaan, onde deveriam confiar n’Ele, assim como haviam feito no deserto.

"Lembrem-se das matsot que trouxeram do Egito e duraram apenas um mês. Mais tarde, vocês choraram para D’us e Ele lhes forneceu o maná."

As repetidas advertências de Moshê no Livro de Devarim para que o povo judeu não sentisse medo de lutar contra as nações de Erets Canaan, destruisse seus ídolos, e não permitisse que idólatras permanecessem no meio deles devem ser entendidas literalmente. Vamos nos imaginar na situação daquela geração que iria entrar na Terra: pessoas inexperientes nas lides da guerra que receberam ordens de invadir um país estrangeiro habitado por guerreiros poderosos com exércitos bem treinados, muito maiores que os seus. Os judeus poderiam preparar-se para este feito aparentemente irracional apenas fortificando-se com total confiança em D’us. As exortações de Moshê eram ainda mais necessárias porque a nação sabia que ele morreria no deserto, e por isso não poderia ele mesmo liderar a conquista.

"Acima de tudo, vocês viveram alimentados pelo maná para aprender uma lição eterna, ‘Nem só de pão vive o homem, mas de cada palavra que emana da boca de D’us vive o homem.’"

  • A pessoa deve estar consciente de que o alimento não tem a habilidade intrínseca de nutri-la, apenas a nutre porque D’us assim o decretou nos Seis Dias da Criação. Ele criou o mundo com um padrão estabelecido a que chamamos "natureza," mas se D’us retirasse Seu poder que faz com que o pão seja nutritivo, este alimento perderia instantaneamente seu valor. (De modo contrário, a vontade de D’us pode converter qualquer substância intragável em algo nutritivo).

  • O pão alimenta o corpo do ser humano, mas não sua alma. Para sustentar a alma, um judeu necessita das palavras de D’us, a Torá. Ao estudar e cumprir os mandamentos de D’us, sua alma adquire vida neste mundo e no próximo. 
    É natural atribuir-se o sucesso de alguém a suas próprias capacidades, relegando o Todo Poderoso ao segundo plano. A Torá ensina uma ótica diferente: tudo aquilo que nós adquirimos ou produzimos no mundo material deve-se a D’us, que nos concede todos os atributos físicos e mentais necessários para o sucesso. E mesmo após recebermos de D’us todas as habilidades requeridas, não teremos sucesso se essa não for Sua vontade.

 

 

Temor a D’us

Moshê continuou seu discurso de reprovação: "Embora vocês tenham enfurecido D’us repetidamente, Ele os perdoará – se ao menos retornarem a Ele e cumprirem Suas mitsvot.

"O que D’us pede de vocês? Apenas que O temam. Se O temerem, conseqüentemente procurarão seguir Seus caminhos bons e misericordiosos; vocês O amarão; O servirão de todo coração; e cumprirão Seus mandamentos."

Por que Moshê descreveu o temor a D’us como algo fácil de adquirir: "O que D’us pede de vocês é apenas que O temam!" O temor a D’us não requer um esforço mental considerável?
O episódio que se segue ilustra que, na verdade, temer D’us não é fácil.

Quando R. Yochanan ben Zakai jazia em seu leito de morte, seus alunos entraram e lhe pediram: "Rebe, abençoe-nos!"

Ele os abençoou: "Que seu temor a D’us seja sempre tão grande como seu temor ao próximo!"

"Mas professor," protestaram eles, "não deveria nosso temor a D’us ser superior ao temor ao próximo?"

Replicou ele: "Quisera que temessem a Ele tanto quanto temem os seres humanos! Quando alguém comete um pecado, preocupa-se que alguém possa estar observando seu ato, mas não teme que D’us testemunhe sua transgressão."

 



 

Qual o significado de "temor a D’us?"

De acordo com Chinuch (130), somos ordenados a estar conscientes de que D’us pune o ser humano por todos e cada um de seus pecados. Quando uma pessoa está prestes a pecar, inicia-se uma batalha contra a tentação, visualizando os castigos de D’us.

Um nível mais elevado de "temor a D’us," a que a pessoa deveria aspirar, é sentir reverência na presença de D’us, evocada ao se contemplar a grandeza de D’us e a própria insignificância. O respeito à vontade de D’us faz com que a pessoa tenha medo de pecar (Mesilas Yesharim, Charaidim).

Entretanto, mesmo a pessoa que conseguiu o mais elevado grau de respeito pode às vezes ser forçada a utilizar este "medo da punição" – em situações em que suas más inclinações o atacam fortemente. Moshê atingiu o nível de: "Sempre visualizo D’us perante mim."

Esta é uma conquista superior, pois enquanto o medo do perigo é um instinto natural de sobrevivência, o temor a D’us – que não é tangível nem visível – é essencialmente estranho à psicologia humana. As mitsvot da Torá auxiliam um judeu a usar seu intelecto a se impregnar de temor a D’us. Se o conseguir, atingiu o verdadeiro objetivo da vida.

Apesar disso, Moshê mostrou temor de D’us como algo fácil porque ele próprio atingira tamanho grau de auto-controle que o temor a D’us lhe era natural e não requeria esforço. Na verdade, D’us sabe quanta força de vontade e esforço são necessários para que se atinja o temor a D’us. Não há nada que Ele considere mais que um ser humano temente a Ele.

Um embaixador estrangeiro viajou ao oriente, para transmitir a um certo ministro as saudações amigáveis de seu governo. Em sua valise, levava valiosos presentes – enormes pedras consideradas preciosas em seu país.

Ficou espantado quando o ministro, ao receber as jóias, nem sequer lhes dirigiu um olhar! Passado algum tempo, o embaixador percebeu seu engano: o país era repleto com as tais pedras a ponto de poderem ser compradas em cada esquina a preço de banana!

Refletindo seriamente sobre qual presente o ministro apreciaria, o embaixador decidiu enviar-lhe uma écharpe bordada à mão, cujos pontos finos e precisos, além do desenho intricado, requeriam um grau de habilidade dominada apenas por um seleto grupo de artesãos em seu país. Quando ofereceu este presente, o ministro ficou encantado, e agradeceu profusamente ao visitante. Assegurou ao embaixador o quanto valorizava aquele veste sem par, que pretendia usar apenas em ocasiões especiais.

Da mesma forma, de todas as coisas que a pessoa adquire ao longo da vida, D’us aprecia muito a quem o teme.

Por que D’us não se impressiona com as conquistas materiais da pessoa – como sua fortuna ou sucesso na carreira?

A resposta é que aquelas "conquistas" não são na verdade frutos do homem, mas frutos de D’us. Apenas D’us pode conceder ao homem a capacidade para ser bem-sucedido, e decreta se a pessoa irá ou não ter realmente sucesso.

Há apenas uma área na qual o homem ao utilizar seu livre arbítrio, seu esforço é reconhecido por D’us: se vai ou não temê-Lo. Por isso, D’us armazena todas as decisões corretas que a pessoa toma sobre si.

 

 

Tefilá – A mitsvá da prece

A Torá ordena que rezemos a D’us ao exortar-nos "a servi-Lo" (10:20), e novamente, "a servi-Lo de todo o coração" (1:13).

A obrigação mínima diária é formular com suas próprias palavras um pedido e endereçá-lo a D’us.

Nossos Sábios instituíram três preces diárias – shacharit, minchá e ma’ariv. Entretanto, se involuntariamente a pessoa é impedida de cumprir sua obrigação, deve pelo menos cumprir a obrigação mínima diária de suplicar a D’us.

A mitsvá de rezar nos beneficia de duas maneiras:

  • Faz com que o Todo Poderoso escute e, se Ele a considera justa, concede seu pedido.

  • Além disso, força-nos diariamente a reafirmar em nossa mente que D’us é Todo Poderoso e por isso capaz de conceder todos nossos pedidos. Por isso nossas tefilot nos elevam espiritualmente.

Da mesma forma, uma mulher incapaz de rezar formalmente por estar atarefada cuidando das necessidades da família, deve pelo menos cumprir os requisitos básicos: uma vez ao dia fazer um pedido a D’us em qualquer idioma, reconhecendo assim que Ele é o onipotente Criador do Universo.

2 – É correto que uma pessoa entenda o significado das palavras que está rezando.

Entretanto, as preces de um judeu que nunca aprendeu o significado de suas preces, ou alguém que não aprendeu a ler corretamente em hebraico são aceitas, desde que sejam ditas leshaim shamayim, com temor aos céus (a D’us). O seguinte Midrash confirma esse ponto:

D’us disse: "Se um judeu não recebeu uma boa educação judaica e por isso lê errado: Amarás ao Senhor teu D’us como Serás hostil a Ele, eu aceitarei suas palavras, desde que venham do coração. Se crianças em idade escolar, que ainda não dominam a Torá, pronunciarem ‘Moshê’ como ‘Mashê’ – ‘Aharon’ como ‘Aharan,’ ou ‘Efron’ como ‘Efran,’ [antigamente escolares aprendiam sem os pingos que servem como vogais], mesmo assim Eu aceitarei as palavras com amor."

D’us julga cada pessoa de acordo com sua capacidade e as oportunidades que teve na vida.
Qual o significado do versículo: "Tu, que escuta as preces, perante Quem vem toda carne?"
Isto nos ensina que após todas as congregações de judeus terem terminado de rezar, o anjo encarregado das preces reúne todas suas tefilot, tece-as em forma de coroa, e a coloca sobre a cabeça de D’us.

O versículo citado anteriormente ensina ainda que D’us escuta simultaneamente as preces de todos os seres humanos. Um ser humano pode concentrar-se apenas em uma conversa por vez, mas D’us escuta todas as preces juntas.

Além disso, o versículo sugere que D’us aceita as preces de toda a carne igualmente, não importa sua posição ou situação material – sejam eles homens ou mulheres, homens livres ou escravos, milionários ou mendigos.

O infortúnio não deve ser o único estímulo para a prece. A pessoa deve rezar quando as coisas vão bem, para prevenir que as más aconteçam. Uma vez que a pessoa está doente, necessita de grandes méritos para ficar bom novamente.

As tefilot tornam-se uma "coroa" porque os judeus, em suas preces, proclamam que D’us é o Rei do Universo (Yefai Toar). De acordo com este Midrash, a palavra significa "jóia," conforme se encontra em Yeshayáhu, 49:8. 

Moshê reitera que os judeus conquistarão Erets Yisrael e terão prosperidade somente se guardarem a Torá.

Moshê continua a enfatizar que os judeus conquistarão Erets Yisrael apenas se estudarem e cumprirem a Torá.

Ele conclamou o povo: "Considerem minhas palavras! Terão sucesso na conquista apenas se cumprirem a Torá. Escutem-me! Muitos de vocês testemunharam pessoalmente como D’us puniu em público aqueles que transgrediram Sua vontade: realizando maravilhas no Egito, destruiu o exército do faraó que os perseguia, e fez com que a terra engolisse Dasan, Aviram, suas famílias e propriedades.

"Após chegar em Erets Yisrael, terão que ser especialmente cuidadosos no cumprimento das mitsvot. Caso contrário, D’us não lhes enviará chuva (como será explicado no próximo capítulo).

O cumprimento das mitsvot em Erets Yisrael requer meticulosidade, pois os olhos de D’us estão constantemente voltados para a Terra; Ele a supervisiona com cuiddado especial. (Embora ele vigie todos os países do mundo, Ele o faz indiretamente, via Erets Yisrael.) Por isso em Erets Yisrael, o Palácio de D’us, seja muito cuidadoso no cumprimento das mitsvot, para que Sua ira não seja despertada.

Moshê concluiu: "D’us os privilegiou, Sua nação amada, a entrar na querida Terra para lá cumprirem Seus mandamentos, como disse (Tehilim 105:44-45): ‘E Ele lhes deu as terras das nações e deixou-os herdar o trabalho do povo (as casas construídas pelos canaanitas, as vinhas e os pomares de oliveiras que plantaram) para que pudessem estudar Suas leis e cumprir Suas mitsvot.

Por que há tantas advertências a respeito deste detalhe?

É lógico assumir que o estudo de Torá atrasaria os preparativos para uma conquista militar. Moshê, por esta razão, enfatizou novamente que para o povo judeu o oposto é verdadeiro: apenas estudando Torá e cumprindo as mitsvot, D’us lhes dará a força necessária para saírem vitoriosos. (Or Haachaim).

 

 

 

 aceitação plena das mitsvot 


A Torá exortou cada indivíduo a aceitar D’us como o Único Mestre, a amá-Lo, estudar Sua Torá e cumprir as mitsvot de tefilin e mezuzá.

Dessa vez,(11:13-21) Moshê insiste com toda a comunidade a aceitar todas as mitsvot de D’us. Ele prometeu recompensa pela fiel observância das mitsvot e ameaçou com castigos, em caso de transgressão.

A Torá exorta cada indivíduo a aceitar D’us da melhor maneira que sua capacidade o permitir. Entretanto, a seção onde D’us promete recompensa sobrenatural (chuva e prosperidade) pelo cumprimento das mitsvot, e punição (seca e exílio) por seu abandono, está escrito no plural, implicando que estas sanções universais e benefícios são conferidos somente em resposta às ações da maioria (Ramban).

Comentaristas explicam que realmente ocorrem algumas formas no singular no Shemá para indicar que, mesmo dentro da comunidade em geral, D’us confere justiça individual.
"Se servirem a D’us com toda sua alma e coração, Eu farei minha parte," diz D’us.

"Dar-lhes-ei a chuva em sua Terra nas estações apropriadas, a chuva de outono em Marcheshvan e a chuva da primavera em Nissan, para que sua produção cresça e vocês colham cereal, vinho e azeite."

Por isso, o versículo declara: "Eu mesmo dar-lhes-ei chuva, se cumprirem Minhas mitsvot."

D’us não confia permanentemente as chaves aos três assuntos vitais aos anjos, mas as mantém com Ele mesmo.

1 – A chave da chuva (subsistência)
2 – Procriação
3 – Techias hamaisim.



 

Chôfets Chaim explica: Se um anjo fosse escolhido para designar aos seres humanos sua parnassa (meio de subsistência), e percebesse aqueles que não servem a D’us apropriadamente, poderia subseqüentemente tirar-lhes o sustento, ou pelo menos boa parte dele. Como resultado, centenas de milhares de pessoas morreriam todos os dias. O próprio D’us, portanto, é a fonte de toda misericórdia e sustenta todas as criaturas, mesmo as que não são merecedoras.

Similarmente, um anjo condenaria à morte grande número de mulheres dando à luz, porém D’us é paciente e concede perdão. D’us Ele próprio trás cada criança, neshamá, ao mundo, trazendo mais luz e felicidade ao mundo.

Finalmente, se um anjo tivesse que determinar quem deveria erguer-se em techiat hamaitim (ressurreição dos mortos), ele excluiria grande parte dos judeus que não estudaram Torá. D’us, entretanto, decidirá por Si mesmo, e em Sua misericórdia achará mérito para estes judeus; Ele poderá considerá-los dignos de techiat hamaisim porque sustentaram eruditos a fim de que não interrompessem seu estudo de Torá.

A Torá é tão difícil de ser adquirida quanto o ouro, e tão fácil de se perder quanto o vidro, que se quebra caso não seja tratado cuidadosamente.

Assim como a pessoa é cuidadosa para não perder seu dinheiro, da mesma forma deve tomar cuidado para não perder a Torá que estudou (negligenciando as repetições).
Com que freqüência a pessoa deve revisar aquilo que aprendeu? 

Nossos sábios ensinaram que: "Aquele que revisou seu aprendizado 101 vezes vale incomparavelmente mais que aquele que o fez apenas 100."

101 vezes não é, porém, o número máximo: não há limite para a revisão. 

Certa vez o Sha’agas Aryeh (contemporâneo do Vilna Gaon) pediu que lhe fosse preparada um refeição festiva. "Qual é a ocasião?" perguntaram-lhe. E ele respondeu: 
"Acabei de completar o Talmud Bavli pela milésima vez."