Ha’azinu, האזינו

03/10/2014 12:51

Aspectos da 53ª

O texto desta Parashá é:

Ha’azinu, האזינו  -( Deut.31:1-31:30)>>Sigf. Discurso, Palavra

 

 

 

O texto da Haftará é:

 

  • haftará desta parashá é 2 Samuel 22:1–51.

Salmo 71

Ha’azinu, האזינו

        Esta parashá descreve a canção de Moshê que narra os castigos e tragédias que adviriam das rebeliões do povo israelita e de sua redenção com seu retorno ao Eterno. A parashá encerra-se com a ordem de D-us para que Moshê suba ao monte Nebo para visualizar a terra de Kanaam e morrer ali.

 

 


 

 

 

 

 

Leitura da Torá: Ha’azinu, האזינו  

 
 
Haazínu (Devarim 32:1 - 52) compreende basicamente a "canção" de Moshê sobre as horríveis tragédias e suprema alegria que constituirá a futura história do povo judeu. Embora não seja uma obra clássica em rima e música, a "canção" de Moshê mescla o que seriam idéias disparatadas numa bela sinfonia de pensamento. Ela expressa o reconhecimento de cada aspecto da Criação e tudo aquilo que D’us faz – passado, presente e futuro -– de alguma forma se integra em perfeita harmonia, embora com nosso limitado entendimento humano nem sempre a reconheçamos como tal. 

Moshê clama aos céus e à terra para que sejam testemunhas de que, se o povo  pecar e mostrar ingratidão para com D’us pelos muitos favores maravilhosos que nos concedeu, seremos punidos, ao passo que se permanecermos fiel à Torá e a D’us, receberemos as maiores bênçãos. Mesmo que o povo  se disperse, D’us garante nossa sobrevivência e redenção ao final. 

Esta Porção conclui com D’us ordenando a Moshê que suba ao Monte Nebo, de onde terá uma vista da Terra de Israel e então morrerá.
 
 
 
Perto do céu: perto da terra
 
Encontramos em Sifri, livro sobre a Torá, que Moshê era "próximo ao céu" e "distante da terra". Foi por esta razão que ele iniciou a leitura Haazínu declarando: "Escute céu e escute terra". Ao dirigir-se aos céus, Moshê usou uma expressão que denota proximidade (Haazínu), ao passo que para a terra usou uma expressão que indica distância (vetishmá), pois ele estava "próximo ao céu e distante da terra".

"Escute céu e escute terra" é um versículo na Torá, do qual cada palavra deve ser uma lição (pois Torá significa ensinamento) para todo e cada pessoa compromissada com a torah, sobre como conduzir sua vida. Como a Torá nos diz: "Escute céu e escute terra", devemos evidentemente atingir o nível de estarmos "próximos ao céu e distantes da terra".

Isto na verdade é intrigante. Se o elevado profeta Yesha'yáhu era considerado como sendo "distante do céu e próximo da terra", como poderemos ser "próximos do céu e distantes da terra"? Alternativamente, se de fato é verdadeiro que todo e cada pessoa compromissada com a torah, pode atingir este nível, como foi possível que Yesha'yáhu considerasse este nível inatingível?

Devemos forçosamente dizer que as palavras de Yesha'yáhu, ditas como um complemento às palavras de Moshê, aludem a um nível ainda mais elevado que o de Moshê; apenas após Yesha'yáhu – autorizado pelo nível de Moshê – atingiram o nível de estar "próximo do céu e distante da terra", foi então capaz de atingir o nível ainda mais elevado de estar "distante do céu e próximo da terra".

Como as palavras de Yesha'yáhu são também parte da Torá, é evidente que esta exortação, ainda mais elevada que a de Moshê, está também ao alcance da compreensão de todo compromissado com a torah. Após tornar-se "próximo ao céu e distante da terra", espera-se que todo pessoa atinja o grau mais elevado de estar "distante do céu e próximo da terra".

Como todos os aspectos da Torá estão relacionados à estação na qual são lidos, podemos facilmente entender que a lição dupla acima mencionada de Moshê e Yesha'yáhu é especialmente relevante durante os Dez Dias de Penitência, durante os quais lemos a Porção de Haazínu.
Como atingiremos estes níveis?

Durante todo o ano, o serviço divino de um judeu envolve mais aquelas coisas que têm a ver com "terra" – a Torá e as mitsvot como são encontradas aqui. Com o advento dos Dez Dias de Penitência, entretanto, cada judeu sente-se descontente com este estado terreno e deseja arrepender-se – para retornar e ser envolvido por D'us. Como "uma pessoa é achada totalmente onde está seu desejo", segue-se que o desejo de ser totalmente um com D'us afeta imediatamente tal indivíduo, para que atinja um estado de estar "próximo ao céu" (Divindade) e "distante da terra".

Entretanto, este é apenas o primeiro passo. Logo em seguida, tendo saciado sua sede pela revelação Divina, o mesmo indivíduo percebe que a essência de D'us é mais prontamente atingida quando se transforma o mundo numa morada para Ele. A pessoa então sente-se "mais próxima da terra e distante do céu" – torna-se consciente de que nada pode ser maior que seres mundanos tornando-se recipientes para conter a Essência de D'us. E isto é conseguido ao realizar o apaixonado desejo de D'us, que é o de ter uma morada para Sua Essência neste mundo mais inferior.
 
 
A canção de Haazínu

    A canção de Ha’azinu descreve poeticamente o que acontecerá ao povo  até o fim dos dias. Prevê seu castigo por transgredir o pacto com D’us, e descreve como, por fim, D’us punirá aqueles que erraram contra eles no exílio.

Há dez shirot, ou canções proféticas, das quais Ha’azinu é a quarta:

1 – Adam recitou a primeira shira no Gan Eden.

Ele compôs "mizmor shir leyom haShabat/ Uma canção, um poema para o Shabat", na qual louvou a grandeza do Shabat.

2 – Nas praias do Mar Vermelho Moshê e Benê Yisrael entoaram uma shira pela sua miraculosa libertação do exército do faraó.

3 – Benê Yisrael entoou uma canção em louvor ao Poço de Miriam (parashat Chucat).

4 – Moshê ensinou ao povo a canção de Ha’azinu no dia de seu falecimento.

5 – Quando Yehoshua lutou com os Emoritas em Givon e o sol milagrosamente deteve seu curso em benefício do exército  conquistador, Yehoshua cantou 
shira.

6 – Devora e Barak compuseram uma shira quando D’us entregou os inimigos em suas mãos, incluindo o general canaanita Sisra (Shofetim 5).

7 – Quando Chana deu à luz Shemuel, após ter sido estéril durante muitos anos, ela louvou D’us com uma canção profética (Shemuel 2).

8 – O Rei David, no final da vida, compôs uma shira de agradecimento a D’us por tê-lo salvado de todos os seus inimigos (II Shemuel 22).

9 – O Rei Shelomô escreveu Shir Hashirim.

10 – A décima e mais bela canção será entoada pelo povo judeu quando D’us o redimir do atual exílio.

Embora as primeiras nove canções sejam chamadas shira, no gênero feminino, a décima é denominada shir (masculino), pois está escrito: "Naquele dia este shir será cantado na terra de Yehuda" (Yeshayáhu 26:1).

A décima canção, porém, marcará o fim de todos os exílios; não será seguida por qualquer sofrimento ou provação
 
 
Torá: Chuva e orvalho
 
Moshê declara que a Torá, como a chuva, traz a vida

Moshê continuou: ‘Céu e terra serão testemunhas de que eu agora estou proclamando que a Torá é como a chuva."

Por que Moshê comparou a Torá com a chuva?

Dentre os vários motivos, estão:

• Assim como a água é vital para a sobrevivência do universo, assim é a Torá.

• Assim como a chuva vem do alto, também recebemos a Torá do Céu.

• A água é um purificador muito importante. Da mesma forma, a Torá purifica e eleva aqueles que a estudam e cumprem pelo mérito do Céu.

• Assim como a chuva não cria uma nova planta, mas apenas desenvolve e amadurece uma semente ou planta já existente, também a Torá desenvolve as sementes no coração da pessoa. (Uma pessoa deve primeiro dedicar seu coração e mente ao estudo de Torá, e então seus estudos serão frutíferos.)

• Um judeu jamais se cansa de estudar Torá. Assim como os peixes vivem num ambiente aquático, porém continuam sedentos e procuram cada gota de chuva, assim a pessoa mergulhada em Torá deseja ouvir ainda outra explicação de Torá.

Moshê também disse: "Minhas palavras gotejarão como orvalho."

Após comparar a Torá com a chuva, por que ele também a comparou ao orvalho?

A chuva às vezes aborrece as pessoas. Incomoda viajantes nas estradas e as pessoas com barris de vinho abertos, cujo vinho poderia se estragar.

Para não pensarmos que a Torá, também, às vezes torna as pessoas infelizes, Moshê explicou que não é este o caso. A Torá, a esse respeito, é como orvalho. Todos, sem exceção, se alegram ao ver o orvalho cair. Portanto, a Torá provoca apenas felicidade.

Moshê disse aos judeus: "Assim como arrisquei minha vida quando permaneci quarenta dias no Monte Sinai entre os anjos, vocês também devem estar preparados para se sacrificarem pela Torá!"

A declaração de Moshê também continha uma prece, que esta mensagem não deveria ser ignorada, mas entrar nos corações de Benê Yisrael: "Que meus ensinamentos sejam agradáveis a Benê Yisrael, como a chuva; que minhas palavras sejam bem aceitas por eles como o orvalho; como os ventos soprando nas campinas no outono; e como a chuva de primavera que irriga os campos no mês de Adar."

"Meus ensinamentos" refere-se à Torá Escrita; "minhas palavras" à Torá Oral.
 
 
Louvar o Nome de D’us
 
Moshê convoca o Povo a responder com Glória a D’us toda vez que ele menciona o nome de D’us. Moshê prefaciou a canção de Ha’azinu com o ensinamento: "Sempre que eu mencionar o nome de D’us, louvem-No respondendo ‘amén.’" Nossos Sábios aprenderam com este versículo que após cada bênção recitada no Bet Hamicdash, o povo deveria responder: "Bendito seja o Nome de Seu glorioso reino para todo o sempre."

Nós também observamos a regra de "responder com uma bênção" – sempre que o chazan (cantor) no Bet Haknêsset menciona o Nome de D’us numa bênção, e quando escutamos um indivíduo recitar uma bênção.

Aquele que responde Amén a uma bênção é ainda mais notável que aquele que recitou a bênção.

A obra de D’us é perfeita: todos Seus caminhos são absolutamente justos

No desenrolar da canção Moshê prenunciaria duros castigos se os judeus abandonassem a Torá. A pessoa pode aceitar a punição de boa vontade se estiver convencido de que a merece.

Moshê, portanto, começou declarando a absoluta justiça dos caminhos de D’us.
 
 
 
 
Porque existe o sofrimento

Se um ser humano estivesse para morrer sem sofrimento, o Atributo da Justiça teria a mão superior contra ele no dia do julgamento. Seus sofrimentos no mundo atual expiariam seus pecados.

A maior de todas as expiações é a morte.

Portanto, no versículo "E D’us viu tudo que tinha feito, e viu que era muito bom" (Bereshit 1:31), nossos Sábios comentaram: Mesmo a morte é muito boa (ou seja, até os maiores tsadikim cometem algum pecado, e a morte os expia).

E. Abba perguntou a R. Shimon: "Por que sempre que o Atributo da Justiça tem a mão superior somente os tsadikim são punidos, embora haja pessoas perversas no mundo? É por que os tsadikim falharam em advertir sua geração? Ou por que seus méritos não protegeram a geração?"

R. Shimon respondeu: "O sofrimento dos tsadikim causam a expiação para o mundo, pois expia os pecados da geração. Veja o exemplo de um corpo doente. Para aliviar a dor, o sangue de um membro deve ser posto para escorrer. Se o sangue é tirado do braço, o corpo inteiro se recupera.

"Assim, o povo judeu metaforicamente abrange os membros de um corpo humano. Se D’us deseja curar o ‘corpo’ inteiro, o ‘sangue’ deve ser ‘extraído’ dos tsadikim.

"Embora as provações do tsadic sejam uma expiação para a geração, elas elevam o próprio tsadic neste mundo e no vindouro.

R. Abba prosseguiu: "Mas por que alguns tsadikim sofrem, ao passo que outros vivem pacificamente?"

"Às vezes o corpo está apenas levemente enfermo, portanto a maior parte dos membros pode ser poupada. Porém se o corpo está muito doente, o sangue deve ser extraído de ambos os braços. Da mesma forma, se há relativamente poucos pecados no mundo, D’us poupa do sofrimento a maioria dos tsadikim, mas se a geração é imensamente perversa, D’us aflige todos os tsadikim para curar a doença largamente difundida."

Para aceitar o sofrimento, devemos entender que segundo a Torá, até o maior deleite deste mundo nada é quando comparado às bênçãos do Mundo Vindouro. Além disso, aquilo que é considerado infortúnio aqui pode na verdade não o ser, quando visto sob a absoluta perspectiva do Mundo Vindouro. E ao contrário, aquilo que parece afortunado neste mundo pode na verdade ser um impedimento ao crescimento espiritual da pessoa.

Portanto, um judeu não deve considerar seu bem-estar físico como um benefício absoluto. Se for golpeado pelo infortúnio, ele deve aceitá-lo com a fé que "tudo aquilo que D’us faz, é para o melhor." Assim como o bem-estar físico não é absoluto, o infortúnio também é relativo. D’us com certeza planejou-o para terminar sendo um benefício, "pois todos os Seus caminhos são justos".




 
Justiça

No versículo "A Rocha, Seu fazer é perfeito", Moshê também aludiu aos eventos que diziam respeito à sua pessoa. No dia de seu falecimento, Moshê reconheceu publicamente a justiça do veredicto de D’us.

Ele não queria que os judeus pensassem que D’us agia injustamente com ele ao não permitir que entrasse em Erets Yisrael. Portanto, ele explicou que D’us é leal ao recompensar os tsadikim no Mundo Vindouro.

Moshê portanto descreveu D’us como "a Rocha", numa alusão ao seu pecado de golpear a pedra nas Águas de Meriva, pelo qual ele estava então sendo punido.
Assim como o maior dos profetas (Moshê) reconheceu a justiça de D’us no dia de sua morte, fazemos da mesma forma quando sabemos da morte de alguém. 
Pronunciamos a bênção: "Bendito sejas Tu, D’us , nosso D’us, Rei do mundo, o verdadeiro Juiz."

Moshê explica aos judeus que todo pecado é auto-infligido; D’us não deve ser culpado por isso: "Se vocês se atolarem no pecado, é por sua própria culpa. Vocês, os amados filhos de D’us , desse modo se tornam uma geração corrupta e perversa.
"Além disso, quando vocês pecam, estão se corrompendo. Prejudicam a si mesmos, não a D’us ."
 
 
O pecado do bezerro de ouro

Moshê pretendia advertir todas as futuras gerações em geral, e reprovar especificamente sua própria geração pelo pecado do bezerro de ouro. 

Moshê os repreendeu: "Quando vocês construíram o bezerro de ouro, corromperam a si mesmos; não prejudicaram a D’us. Anteriormente, Ele os chamara de "Seus filhos", mas depois do pecado Ele me disse: ‘Teu povo se tornou corrupto.’ Vocês não agiram como filhos com um pai quando proclamaram: ‘estes são teus deuses, Yisrael.’"

Do início da canção até o quinto verso, quando Moshê os repreendeu pelo pecado do bezerro de ouro, há quarenta palavras. Isso sugere que quarenta dias após a Outorga da Torá os judeus construíram o bezerro, e D’us então disse a Moshê: ‘Teu povo se tornou corrupto."

Moshê continuou a admoestar o povo:

"Vocês acham que fazem mal a D’us quando pecam? Prejudicam a si mesmos, pois se afastam do seu Pai Celestial.

"Vocês são um povo baixo! Quando cruzaram o mar Vermelho, D’us o partiu em doze partes para todas as tribos atravessarem. Depois Ele lhes deu o ouro e a prata dos egípcios afogados. Ele protegeu vocês dos seus inimigos, e das cobras e escorpiões durante quarenta anos no deserto. Porém, ao cruzar o Mar Vermelho vocês abrigaram um ídolo entre vocês: um de vocês, Micha, fez uma imagem que carregou consigo. 
Esta imagem os acompanhou também através do deserto.

"Até os melhores de vocês pecaram após cruzar o Yam Suf; deixaram de se ocupar com a Torá em Refidim. Portanto, vocês não são um povo sábio!

D’us não age como um Pai quando vocês O obedecem? E mesmo quando são desobedientes, Ele ainda é seu Amo, que os adquiriu como servos (ao redimi-los do Egito). Portanto, vocês estão comprometidos ao Seu serviço.

"D’us os escolheu entra todas as nações do mundo e os estabeleceu firmemente. Ele os tornou uma nação com seus próprios cohanim, profetas e reis."
 
 
A segunda parte da Canção: versos 7 a 14

Uma enumeração das benesses de D’us ao povo judeu:

"Lembrem-se dos dias de antanho, considerem os anos de muitas gerações passadas, e verão como D’us mesmo então preparou o futuro papel do povo judeu.

"Se não podem entender isso, peçam aos eruditos de Torá e aos anciãos do Sanhedrin, e eles lhes dirão.

"Depois do Dilúvio, quando a humanidade se rebelou contra D’us , Ele poderia ter aniquilado a todos, como fez com a geração do Dilúvio. Em vez disso, Ele os dispersou, poupando-os da destruição pelo mérito do povo judeu, que descenderia de Shaim.

"Ele dividiu aquela geração em setenta nações, que são iguais em número aos membros da família de Yaacov, que desceria ao Egito. (Isso simboliza o amor de D’us pelo povo judeu. Ele os tem como queridos, assim como todas as setenta nações.

Muito antes do surgimento do povo judeu, D’us designou a Terra de Canaã como sua futura herança. Nesse ínterim, Ele deu a Terra de Canaã e seus onze filhos, que mais tarde a entregariam aos descendentes das doze tribos. D’us então reorganizou a história pelo mérito de Yaacov, o escolhido dos antepassados.

"’Yaacov era como o terceiro fio de uma corda. Quando entremeado com os outros dois, assegurava que a corda jamais romperia. Assim, quando os méritos de Yaacov foram acrescentado àqueles dos antepassados, Avraham e Yitschac, a estava criado o alicerce inquebrantável do povo judeu. 

"’D’us escolheu o povo judeu como Seu quinhão.’"

Moshê continuou a relatar os atos de bondade de D’us para com o povo judeu:

"Ele proveu suas necessidades no deserto; Ele lhes deu água do Poço de Miriam, fez o maná descer do Céu, e providenciou para que suas roupas não se gastassem.

"Num local desolado, esquecido – onde perambulam criaturas destrutivas – Ele protegeu os judeus com sete Nuvens de Glória, ensinou-lhes Torá, e considerou-os como a menina de Seus olhos.

"Ele cuidou deles como a águia, rei das aves, cuida de seus filhotes."

Todos estes versículos relatando a bondade de D’us para com o povo judeu estão 
escritos no singular: "D’us proveu por ele na terra do deserto; Ele o guardou; Ele abre 
Suas asas sobre ele." Isso implica que D’us tratava cada judeu dessa maneira.

Além disso, a Torá emprega o tempo futuro ("Ele proverá por ele; Ele o guardará") para indicar que no futuro D’us fará milagres semelhantes àqueles ocorridos após o Êxodo. Moshê profetizou os atos de bondade de D’us para com Erets Yisrael:

"Ele os deixará repousar nas cidades de Erets Yisrael. Ele os alimentará com os deliciosos produtos da Terra (que têm sabor mais delicioso que os frutos de qualquer outro país) e Ele lhes dará mel para sugar das frutas crescendo sobre as rochas, e azeite de suas azeitonas e plantas que crescem na rocha nua. (Os frutos que amadurecem nas encostas rochosas das montanhas são mais doces que as frutas do vale, porque estão expostos ao sol abundante.)

"Manteiga do rebanho e leite das ovelhas, com gordura dos cordeiros cevados, e carneiros da raça de Bashan (que são muito gordos) e com cabras D’us os alimentará."

Estas previsões se concretizaram durante o reinado de Shelomô e reis subseqüentes.
Moshê continuou: "Prevejo profeticamente que se os judeus guardarem fielmente as mitsvot da Torá, suas espigas de trigo crescerão até o tamanho do rim de um boi, e o vinho tinto a fluir de uma única uva encherá um copo inteiro."

De fato, quando Shlomtzion foi rainha e seu irmão Shimon ben Shetach era o líder espiritual de Klal Yisrael, as espigas do trigo cresceram até o tamanho de rins. Os Sábios as preservaram para mostrar às futuras gerações como D’us abençoa a nação por guardar a Torá.
 
 
 
A terceira parte da canção, versos 15-18

Moshê profetiza que os judeus cometerão pecado e se rebelarão contra D’us 
Moshê previu: "E Yeshurun se tornou gordo e reclamou. Eles se tornaram ricos e prosperaram pela bondade de D’us, mas abandonaram o serviço de seu Criador e enfureceram a Rocha que os tinha redimido."

Moshê usou três expressões para descrever a prosperidade dos judeus – "Vocês se tornaram gordos; vocês ficaram pesados; vocês estão cobertos de gordura" – para insinuar que três gerações iriam enfurecer grandemente a D’us :

1 – A geração do Rei Yeravam (porque Yeravam iniciou a adoração de imagens quando ele estabeleceu dois bezerros em seu reino)

2 – A geração do Rei Achav (os pecados mais leves de Achav eram iguais aos mais graves de Yeravam)

3 – A geração do Rei Yehu (Yehu erradicou a adoração a Ba’al, mas os outros ídolos 
continuaram)

Moshê previu também que as três gerações precedendo a era de Mashiach iriam enfurecer D’us. Moshê previu: "Eles incitarão Sua ira cometendo idolatria e outras abominações, como sodomia e magia. 

"Eles farão sacrifícios para demônios inúteis, a deuses que nem sequer os gentios conhecem, a novos deuses que foram criados recentemente, que seus pais não temiam."

Estas palavras insinuavam que a paixão dos judeus pela idolatria era tamanha que eles até mesmo criavam novos ídolos. Havia oficinas em Yerushaláyim e Shomron que fabricavam estas novas imagens idólatras, que eram então exportadas para as nações gentias. 

"Vocês esqueceram a Rocha Que os criou e os trouxe ao mundo, porque idolatram deuses inúteis.

"Ao pecar contra Ele, vocês enfraqueceram Seu poder, por assim dizer, de conceder favores a vocês."
 
 
 
A quarta parte da canção, versos 19-25

O Castigo

"Suas más ações foram reveladas perante Ele, e grande foi a ira com a qual Seus filhos e filhas O enfureceram."

Filhas são mencionadas especificamente aqui, pois antes da destruição do Primeiro Bet Hamicdash, muitas mulheres incitavam os maridos à idolatria.

"E Ele disse: ‘Removerei deles Minha shechiná e mostrarei a eles o seu fim; quão inúteis os seus ídolos provarão ser!

"Pois eles são uma geração perversa; eles mudaram as palavras do D’us vivo, e portanto eles converteram Minha boa vontade em ira.

"Eles são filhos nos quais não há fé. Eles estiveram no Har Sinai e proclamaram: 
‘Faremos e ouviremos’, e quarenta dias depois fizeram um bezerro de ouro. Construíram um Bet Hamicdash, e Eu não pretendia exilá-los de sua Terra. Mas eles foram desleais; portanto, Eu também mudei Meus planos e os exilei.

Eles acenderam minha fúria com ídolos que não são deuses; eles Me provocaram com suas vaidades. Eu os enfurecerei, midá-keneged-midá, colocando contra eles nações que não são como gente, mas são inferiores e desprezíveis como animais."
 
 
 
 
A quinta e sexta parte da canção, versos 26-35 e 36-43

A destruição que D’us pensou em trazer sobre o povo judeu e por que Ele desistiu.

D’us proclamou: "Segundo o Atributo da Justiça, Eu deveria ter abandonado o povo judeu a um eterno exílio, para desaparecer completamente entre as nações gentias.

Desisti de fazê-lo, para que o inimigo não se orgulhasse: ‘Nossa força castigou nossos adversários – não foi um decreto de D’us’"

Os gentios atribuiriam a morte do povo judeu ao poder de seus deuses e assim o Grande Nome de D’us seria profanado.

Moshê previu que depois que o exílio expiasse os pecados do povo judeu, o exílio terminaria e D’us punirá as nações por perseguirem os judeus . "Depois que D’us sujeitar os judeus a todos estes sofrimentos, a ponto de os tsadikim dentre eles ficarem oprimidos e abandonados, Ele terá pena deles.

"Ele reprovará Seu povo: ‘Onde estão os deuses que vocês serviram, a ‘rocha’ na qual vocês colocaram sua confiança? Deixem que os ídolos a quem vocês ofereceram sacrifícios e oferendas de bebidas se ergam para ajudar e proteger vocês!

"’Vocês verão agora pela redenção que Eu estou trazendo que Eu era, Eu sou e Eu serei, e não há deuses além de Mim. Com Minha palavra eu mato neste mundo, e reviverei os mortos no futuro. Eu puni o povo judeu, e Eu os curarei ao final dos dias. 
Ninguém salvará o exército de Gog das Minhas mãos, quando eles vierem para fazer guerra.’"

O verso "Eu mato e faço vivos" (32:39), é uma promessa explícita na Torá Escrita de que D’us ressuscitará os mortos.

Moshê continuou a profetizar em nome de D’us : "Pois Eu levanto Minha mão ao céu e juro, tão certo quanto Eu vivo para sempre, que afiarei a lâmina de Minha espada, julgarei com rigor e punirei Meus adversários que afligirem os judeus, e retribuirei àqueles que Me odeiam por terem oprimido o povo judeu."

D’us diz: "Eu vivo para sempre, e portanto tenho tempo suficiente para me vingar."
"Farei Minhas flechas embebidas com o sangue dos inimigos e Minha espada devorará sua carne pelo sangue judeu que eles derramaram e pelos judeus que escravizaram. Eu os punirei por eles mesmos e pelos crimes de seus ancestrais.

"Quando D’us finalmente vingar o sangue de seus servos, o povo judeu, as nações gentias começarão a entoar louvores a Benê Yisrael. ‘Veja esta nação que se apegou a D’us durante todas as provações do exílio, e não O abandonou! Eles sempre cofiaram em Sua bondade e grandeza! Por fim, Ele vingou o mal cometido contra eles.’

D’us fará vingança não apenas por assassinato, mas também por atos de roubo e violência cometidos contra Seu povo. Ele os aplacará e consolará por todo o seu sofrimento, e a partir daí a Terra será também aplacada."

O acima constitui uma promessa inequívoca de futura Redenção, pois na época da reconstrução do Segundo Bet Hamicdash as nações gentias não louvaram os judeus, mas ao contrário, zombaram deles. D’us também não vingou o sangue derramado dos judeus ou aplacou Seu povo.

A primeira parte da shira – a respeito do pecado, dispersão e castigo de Benê Yisrael – foi cumprida exatamente como a Torá previu. Agora esperamos a futura Redenção, quando D’us cumprirá as últimas promessas

Moshê e Yehoshua ensinam a canção de Ha’azinu a Benê Yisrael. Moshê explica a Benê Yisrael que tudo na Torá é significativo

Tanto Moshê quanto Yehoshua ensinaram a canção Ha’azinu ao povo. Yehoshua o fez no Shabat, o último dia de vida de Moshê, na presença de seu mestre, para que mais tarde o povo não pudesse alegar: "Enquanto seu professor estava vivo, você não ousava falar!"

Embora Yehoshua agora tivesse sido oficialmente designado como sucessor de Moshê, ele não ficou arrogante. Permaneceu humilde e justo como quando ascendeu àquela honra. Para indicar isso, a Torá o chama pelo seu nome original, "Hoshaia" (32:44).

Moshê explicou aos judeus: "Para entender a Torá, vocês devem aplicar a mente, olhos e ouvidos. Nada na Torá é vazio ou insignificante. Se vocês deixarem de entender o significado, é porque não se esforçaram o suficiente. Além disso, o estudo de Torá jamais deixa de produzir recompensa, pois garante a vocês vida longa na Terra aonde D’us os está levando (e vocês não serão exilados).
 
 
 
O Monte Nevo

No dia da morte de Moshê, D’us lhe ordenou: "Suba ao Monte Nevo e dali verá Erets Yisrael. Pois você morrerá naquela montanha e sua alma será reunida ao seu povo. Sua morte será causada por um "beijo Divino", assim como seu irmão Aharon, como você desejou."

Moshê implorou mais uma vez: "Mestre do universo, não me deixe ser como o homem que preparou a celebração de casamento do seu único filho, apenas para ser convocado à corte do rei para ser informado de sua execução imediata. Eu criei este povo; eu os tirei do Egito; eu ensinei a eles s Sua Torá; construí para eles um Mishcan em Seu mérito; e agora, quando estamos a ponto de cruzar o Jordão e tomar posse da Terra, fico sabendo que vou morrer! Por favor, deixe-me pelo menos cruzar o Jordão, e então morrerei de boa vontade."

O Todo Poderoso respondeu: "Você fez com que os judeus se rebelassem contra Mim, e Meu Nome foi profanado, quando você golpeou a pedra nas Águas de Meriva. (O pecado de chilul D’us , a profanação do Nome de D’us, é um dos mais difíceis de expiar.)

"Do Har Nevo você verá a Terra física abaixo, e verá a Terra Celestial acima. Mas você não deve entrar. Nem mesmo os seus ossos serão levados para lá, pois na Era de Mashiach você se erguerá para levar a geração do deserto a Erets Yisrael."

Embora Moshê tivesse acabado de ouvir de D’us que fora barrado de entrar em Erets Yisrael por causa de seu erro nas Águas de Meriva, um erro provocado pela insistência de Benê Yisrael para que ele tirasse água de uma rocha diferente daquela indicada por D’us , ele não ficou irado com eles, pois era um homem de D’us, não propenso ao ressentimento. Em vez disso, ele decidiu conceder às tribos sua bênção de despedida, pois sabia que sua morte era iminente.

 

Fonte: Torah 

          Bíblia

          Chabad

          Talmud

          Midrash