Lêch Lechá, לך לך

17/01/2014 03:23

Aspectos da 3ª

O texto desta Parashá é:

Lêch Lechá, לך לך - (Gen 12:1-17:27) >> Vá por ti

 

 

 

O texto da Haftará é:

A haftará que acompanha esta porção é:

  • para os Ashkenazi e Sefaradi: Isaías 40:27–41:16
  • para os Monoteístas Yachid: Isaías 40:27- 41:16

Salmo 110

 

 Lêch Lechá, לך לך 

   

    De acordo com a tradição judaica, desde o princípio do mundo existiram justos servidores ao D-us único, mas a corrupção do gênero humano levou principalmente à adoção da idolatria pela maior parte dos povos da terra. A parashá Lech Lechá inicia-se com o chamado de D-us a Avraham (Abraão), que teria sido um profeta e defensor do monoteísmo. Chamado para peregrinar nas terras de Canaã, a parashá narra diversas aventuras envolvendo o profeta, sua mulher Sarai (Sara) e seu sobrinho Lot. Entre suas peregrinações D-us efetua uma aliança eterna com Avraham e sua descendência simbolizada pelo pacto da brit milá. Esta aliança eterna é a fundamentação do conceito de Povo Escolhido, que seriam os descendentes de Avraham. A parashá também descreve o nascimento do filho de Avraham, Ishmael (Ismael) que posteriormente será considerado o pai dos povos árabes.

 

Leitura da Torá: Lêch Lechá, לך לך   

 

Vá por Ti

Lêch Lechá, לך לך- (Gen 12:1-17:27) >> Vá por Ti

 

Salmo 110



        A Parashá Lech Lechá inicia-se com o chamado de D'us a Avraham, para que deixasse sua terra de origem e a casa de seu pai, sua posição de status e prosperidade, e viajasse à terra que Ele lhe mostraria.

Na chegada, com sua esposa Sara e o sobrinho Lot, na terra de Israel, eles descobrem que a terra foi assolada por uma terrível escassez e por esta razão vão ao Egito para uma breve estadia. Os egípcios imediatamente capturam Sara, a quem Avraham havia identificado como sua irmã, e a levam ao Rei Egípcio.

        D'us reage afligindo o rei e sua família com uma peste debilitante até que a liberte, quando então eles retornam à terra de Israel. Os pastores de Avraham e Lot começaram a brigar e os dois decidem se separar, com Lot escolhendo as férteis planícies de Sodoma como sua porção.

        A Torá então descreve a guerra infame entre os quatro reis e os cinco reis, durante a qual Lot é feito prisioneiro. A reação de Avraham o faz derrotar miraculosamente os quatro reis previamente vitoriosos e salvar seu sobrinho e se recusa a ficar com as honrarias ou os despojos de guerra para si.

        D'us reafirma a Avraham que Ele está a seu lado, e promete que seus descendentes serão tantos que serão incontáveis como as estrelas no céu. O Criador então entra na simbólica Aliança Entre as Partes, com Avraham, prometendo que seus filhos herdarão a terra de Israel, mas não antes de serem exilados numa longa servidão.

        Como não tem filhos, Sara dá sua serva Hagar a Avraham como esposa, e nasce seu filho Ishmael. Anos depois, D'us muda o nome de Avram (Abrão) para Avraham (Abraão), e o de Sarai para Sara, e o instruiu na mitsvá, preceito, de brit milá, circuncisão.

        A porção conclui quando Avraham na idade de 99, circuncida-se a si mesmo e a seu filho Ishmael, juntamente com os outros homens da família.

        Enquanto Nôach é caracterizado como já sendo perfeito quando o encontramos pela primeira vez, a Torá insinua que Avraham ainda não atingira este nível de perfeição quando D'us lhe ordena: "Caminhe adiante de Mim e seja perfeito".

        Embora a Torá qualifique o cumprimento a Nôach, limitando sua perfeição dentro de sua geração, Avraham, como um indivíduo, aparentemente carece de algumas características, por meio das quais D'us não poderia descrevê-lo como perfeito e por isso deve dirigi-lo por um determinado caminho. Por que o Criador está aconselhando Avraham a ser perfeito e de que maneira Avraham é deficiente?

        Avraham teve uma traiçoeira e complicada missão na vida. Sua revelação independente da verdade do monoteísmo colocou-o em território inexplorado, onde precisaria investigar caminhos nunca antes percorridos. E assim como um desbravador em um lugar inóspito, Avraham deveria buscar rumos que poderiam torná-lo desesperadamente perdido, ou mesmo levá-lo a destinos que ameaçassem sua vida ou a missões desalentadoras.

        Sendo um inovador, Avraham deve arriscar-se a fim de desenvolver, esclarecer e entender este revolucionário conceito de monoteísmo. Assim fazendo, emerge uma possibilidade real de que ele tomasse o caminho errado. Este fato não insinua a fraqueza da fé de Avraham, ao contrário, revela uma missão realmente complicada e com muitos fatores contribuindo para a conclusão. Embora hoje entendamos o conceito de um D'us único quase de forma intuitiva, Avraham descobriu e formulou a noção de monoteísmo partindo do zero.

        D'us, entendendo todas as ciladas e desvios em potencial que Avraham certamente enfrentaria, aconselha-o a "andar adiante d'Ele". Entretanto, ao caminhar à Sua frente, Avraham deve ser perfeito na busca de seu objetivo, a fim de assegurar o resultado correto.

        Cada um tem missões na vida - pessoal, familiar e comunitária. Em todas elas existem muitas ameaças, e corremos o risco de nos desviar do rumo de nosso destino desejado. Mesmo quando estamos mapeando nossos próprios caminhos, desvios podem nos fazer perder o rumo. Enquanto nos esforçarmos para atingir a perfeição, podemos continuar a perseguir nossa missão com certo grau de segurança. É claro que a ameaça continua a existir, porém em menor grau.

        Avraham pode e deve atravessar território desconhecido para completar a obra de sua vida, mas com uma orientação e mentalidade de sinceridade e perfeição.

        Também nós devemos lutar pela perfeição, atingindo o mais elevado, com sinceras intenções.

D'us ordena a Avram para deixar seu pai e viajar para Terra de Canaã

 

        Enquanto Avram e sua mulher Sarai moraram em Charan, ensinaram aos outros sobre D'us. Avram educou os homens, e Sarai as mulheres, para acreditarem no único D'us que criou o Céu e a Terra.

        D'us viu que não havia nenhum tsadic (justo) igual a Avram. Por isso Ele decidiu fazer de Avram o pai de uma nação sagrada.

        Ele disse para Avram, "Não é correto para você viver nesta terra ímpia, junto com seu pai e sua família que veneram ídolos.

"Saia daí e vá para a terra que Eu vou lhe mostrar."

        Porque D'us não contou a Avram o nome da terra para a qual Ele queria que Avram fosse - Canaã (que é um outro nome para a Terra de Israel)?

D'us estava testando Avram. Será que ele ouviria D'us e iria para um lugar que nem sequer conhecia?

D'us também não queria que o pai de Avram, Têrach, fosse junto com ele.

        Têrach poderia estar interessado em se estabelecer na Terra de Israel junto com o filho. Mas como Avram não sabia para onde estava se dirigindo, disse a seu pai: " D'us pode me ordenar viajar até o fim do mundo!"

        Quando Têrach ouviu isso, preferiu ficar em Charan.

Avram disse a sua mulher, Sarai, "Não vamos nos atrasar nem um dia. Partiremos imediatamente."

Avram levou junto seu sobrinho Lot, irmão de Sarai, que era órfão, e tinha sido criado por eles. Muitas das pessoas a quem Avram e Sarai tinham ensinado a acreditar em D'us também decidiram acompanhá-los em sua jornada.

        D'us enviou nuvens na frente de Avram e sua família para lhes indicar o caminho pelo qual Ele queria que seguissem.

Avram viaja de Canaã até o Egito

 

        Pouco depois que Avram, Sarai e sua família chegaram a Canaã, a chuva parou de cair. As plantas deixaram de crescer. Logo não havia mais frutas, vegetais, nem grãos. As pessoas ficaram cada vez mais famintas. D'us provocou essa situação para submeter Avram a um novo teste.

        Será que ele agora iria se queixar: "Não é justo! Primeiro D'us me mandou para Canaã e agora não tenho nada para comer aqui!"?

Mas Avram nunca se queixou. Estava convencido de que tudo que D'us faz tem uma boa razão.

        Avram disse para Sarai, "Vamos para o Egito. O Egito possui muita comida. Mesmo que não chova, o rio Nilo irriga a terra". Mas alguma coisa estava incomodando Avram. Ele disse, "Não me sinto bem em ir ao Egito. Geralmente, nós é que convidamos as pessoas para casa, e lhes oferecemos uma refeição. Quando querem nos agradecer explicamos que é D'us quem alimenta a todos. Assim transmitimos ensinamentos às pessoas. Mas o Egito é um país muito rico. As pessoas não necessitarão da nossa comida. Tenho medo de que não vamos poder ensinar a outros sobre D'us." Contudo, Avram não tinha outra escolha a não ser ir para o Egito.

        Quando Avram, Sarai e Lot se aproximaram da fronteira do Egito, Avram disse: "Os egípcios são pessoas perversas. Quando vêem uma mulher casada bonita, matam o marido e ficam com a mulher.

        "Sarai, por favor, diga a todos que você é minha irmã. Então não me matarão. Isso não é uma mentira, porque você é neta do meu pai e uma neta é considerada uma filha."

        Como precaução adicional, Avram escondeu Sarai numa caixa grande. Esperava que ela não fosse descoberta.

Mas os oficiais reais da alfândega abriram a caixa e acharam Sarai. Mandaram a seguinte mensagem ao Rei Faraó. "Chegou aqui uma mulher bonita junto com o irmão."

        Faraó mandou seus soldados para trazer Sarai para sua corte. Faraó disse para Sarai: "Você tem que se tornar minha mulher." Ao "irmão" de Sarai, Avram, Faraó deu muitos presentes para que ele concordasse que Faraó ficasse com Sarai. Sarai disse para Faraó, "Sou uma mulher casada!             Você não pode me segurar no palácio. Devolva-me para Avram."

        Mas Faraó não lhe deu ouvidos.

        Sarai estava amedrontada e rezou a D'us para que a ajudasse. D'us mandou um anjo para cuidar de Sarai e protegê-la. Cada vez que Sarai ordenava ao anjo: "Golpeie Faraó", o anjo castigava Faraó.

        Faraó foi atacado com dez pragas diferentes. D'us também puniu a família de Faraó com pragas. (Da mesma forma, D'us puniria mais tarde o Faraó que afligiu os israelitas com dez pragas.)

        Faraó sofreu terrivelmente com as pragas. Percebeu, então que Sarai era uma mulher muito justa e íntegra, uma tsadeket, que estava sob a proteção de D'us.

        Enviou uma mensagem para Avram: "É tudo culpa sua! Porque não me disseste que esta mulher é casada com você? Agora pegue-a e deixe este país imediatamente, antes que outra pessoa tente fazer-lhe mal."

        Faraó estava tão assombrado pela grandeza de Avram e Sarai que mandou com eles, sua filha, a princesa Hagar, para servir Sarai e aprender o seu modo de vida.

        Faraó deu para Avram e Sarai presentes valiosos. Mandou também soldados para acompanhá-los de volta à fronteira do Egito.

Isso era inédito! Os egípcios mal podiam acreditar. O seu rei efetivamente havia libertado uma mulher que queria para si e não matou o marido! Isso nunca tinha acontecido antes. Agora todos compreenderam que Avram era um grande tsadic e Sarai uma tsadeket. D'us os protegeu. Ninguém, nem mesmo um rei podia fazer-lhes mal.

        D'us fez com que todo esse episódio ocorresse para que Avram e Sarai ficassem famosos como amigos especiais de D'us.

A viagem de Avram e Sarai ao Egito também fez com que Hagar se unisse a eles

Avram se separa de Lot. Lot se estabelece em Sodoma

 

        Avram era um homem muito rico porque D'us o abençoou. Tinha muitos bois e ovelhas, ouro e prata.

O sobrinho de Avram, Lot, que viajou com ele, também tinha grandes riquezas, não porque fosse um tsadic, mas porque estava junto com o tsadic Avram.

        Então surgiu uma briga entre os pastores de Avram e os pastores de Lot.

Avram costumava ordenar a seus pastores, "Nunca deixem meus animais entrar nos campos de outros. Se meus animais pastarem nesses campos, estarei roubando o pasto de outras pessoas. Mesmo que D'us tenha prometido que toda Terra de Canaã pertencerá um dia aos meus filhos, ainda não é minha."

        Os pastores de Avram punham focinheiras nos animais cada vez que passavam diante dos campos que não lhe pertenciam. Ordenaram aos pastores de Lot que fizessem o mesmo. Mas estes não puseram focinheiras nos seus animais. Afirmavam, "Em breve, a terra vai pertencer a Lot, visto que Avram não tem filho." E assim eles permitiam que os animais de Lot comessem nos campos de outras pessoas. Os pastores de Avram insistiam em argumentar com eles que estavam errados, e os pastores de Lot, por sua vez, os contradiziam.

        Avram disse a Lot, "Não é bom que briguemos. As pessoas vão dizer, 'Avram e Lot são parentes e não vivem em paz.'

        "Por isso é melhor nos separarmos. Você pode escolher se quer se estabelecer ao sul ou ao norte da terra. Se você for para o norte, irei para o sul, e se você for para o sul, irei para o norte. Não precisa se preocupar de que estarei muito longe para ajudar, se precisar de mim. Vou estar perto o suficiente para vir em seu auxílio."

        Lot decidiu se estabelecer na cidade de Sodoma (Sedom). Sodoma e as quatro cidades vizinhas estavam localizadas às margens de rios; seu solo estava por isso bem irrigado. E havia ali ótimas terras de pasto para o gado de Lot.

        A decisão de Lot foi um erro, porque os habitantes de Sodoma eram os piores de toda Terra de Canaã. Eram ladrões e assassinos. Naqueles tempos, o pior insulto que você podia fazer a alguém era chamá-lo de sodomita!

Lot cometeu dois erros:

1. Separou-se do tsadic Avram.

2. Estabeleceu-se entre perversos.

        Lot deixou de ver o mau caráter dos sodomitas porque esperava enriquecer em Sodoma. Mas no final ele saiu arruinado, como veremos na próxima porção da Torá.

        O que podemos aprender de Lot?

        Nossos Sábios nos dizem (Ética dos Pais 1:7) "Afaste-se de um mau vizinho e não se associe com um perverso". Somos aconselhados a nos unir a amigos que nos incentivam a ser bons e praticar o bem. E precisamos nos afastar daqueles que nos influenciam a agir erradamente.

Avram vence uma guerra contra quatro reis

 

        Era a época de Pêssach e Avram estava ocupado assando matsot. (Apesar da Torá ter sido dada só depois da época de Avram, Avram mantinha todas as mitsvot da Torá). De repente ele viu um gigante aproximando-se de sua tenda.

        Era Og, o único gigante que ainda estava vivo desde antes do dilúvio.

        Og contou a Avram: "Venho direto do campo de batalha. Deixe-me relatar o que aconteceu. O rei de Sodoma e outros quatro reis se revoltaram contra o poderoso Rei Kedarlaomer, depois de o terem servido por doze anos. Kedarlaomer chamou outros três reis para ajudá-lo na guerra contra os cinco reis rebeldes. Kedarlaomer e seus três aliados ganharam a guerra. Capturaram todo o povo de Sodoma como prisioneiros e o seu sobrinho Lot se encontra entre eles. Em seguida, Kedarlaomer e suas tropas marcharam para o norte."

        O gigante Og pensou, "Quero que Avram tente salvar seu sobrinho Lot dos quatro reis. Os quatro reis certamente vão matar Avram na batalha. Então pegarei para mim sua mulher, Sarai."

        Avram pensou, "Lot está em apuros. Vou preparar uma enorme soma de dinheiro. Talvez eu possa resgatá-lo. Se não, lutarei para libertá-lo."

Avram reuniu seus alunos e servos. Juntos eram trezentos e dezoito pessoas.

        Ele anunciou, "Estou indo para ajudar Lot, que está em cativeiro. Quem não tem medo, que me siga."

Avram tinha três alunos que eram príncipes emoritas - Aner, Eshcol e Mamrê. Eles se ofereceram, "Nós vamos proteger seus bens enquanto você está fora."

        Os quatro reis já tinham viajado para o norte, até a Síria, mas D'us milagrosamente encurtou o caminho para Avram e seus homens.

O exército de Kedarlaomer era imenso, milhares e milhares de soldados. Avram não se atreveria a atacá-los, mas quando olhou para cima, viu a Shechiná (Divindade) e as Hostes Celestiais ao seu lado, pronto para ajudá-lo.

Com a ajuda de D'us, Avram, seu servo Eliêzer e o restante de seus homens, obtiveram uma vitória milagrosa sobre os quatro poderosos reis e seus exércitos.

        Avram libertou Lot e todos os prisioneiros.

        Entre os reis inimigos a quem Avram matou estava também Nimrod, que tinha jogado Avram no forno.

Shem, também chamado Malki Tsêdec, dá as boas vindas a Avram. Avram se recusa a pegar qualquer objeto dos despojos da guerra

        O filho de Nôach (Noé), Shem, ainda vivia. Era um tsadic que sempre serviu a D'us. Ele se mudou para Yerushaláyim (Jerusalém, que naquele tempo se chamava Shalem) e lá, regularmente, oferecia sacrifícios a D'us. Era conhecido como "Malki Tsêdec", que quer dizer "rei justo" e também quer dizer "rei da cidade da justiça."

        Malki Tsêdec ficou sabendo a respeito da milagrosa vitória de Avram sobre os quatro reis. E quando Avram voltava da guerra e se aproximava de Yerushaláyim, Malki Tsêdec saiu para receber Avram e louvar a D'us. Trazia consigo pão e vinho para alimentar os homens cansados e famintos.

        O rei de Sodoma também saiu ao encontro de Avram. Disse para Avram, "Todo nosso dinheiro que você recuperou dos inimigos pertence a você. Por favor, devolva-me apenas os prisioneiros que você libertou!"

        Avram ergueu sua mão para D'us e exclamou, "Juro que não tocarei em nenhuma parte do despojo desta guerra! D'us prometeu me abençoar com riquezas e já cumpriu Sua promessa. Possuo muito gado, ouro e prata. Se eu pegar seu dinheiro, você pensará "Eu enriqueci Avram." Um décimo do dinheiro dei para Malki Tsêdec que é o cohen (sacerdote) de D'us. Outro décimo darei aos homens que me ajudaram e também para Aner, Eshcol e Mamrê, que cuidaram dos meus pertences. Para mim não quero nada dos seus haveres, nem mesmo um fio ou cordão de sapato."

O Midrash explica: D'us recompensa Avram

        D'us disse, "Avram, todos os despojos da guerra na verdade pertenciam a você. Mas você está satisfeito com o que já tem. Hei de recompensá-lo. Você disse, "Não quero nada nem um fio ou um cordão de sapato." Como recompensa, darei aos seus descendentes a mitsvá (preceito) de tsitsit, que tem quatro [duplos] fios em cada canto. Por suas palavras, "Nem um cordão de sapato", vou recompensá-los com a mitsvá de chalitsá, pela qual a mulher tem que abrir o cordão do sapato do seu cunhado."

        Vemos que Avram não perdeu nada quando recusou o dinheiro que o rei de Sodoma lhe ofereceu. D'us recompensou seus descendentes com duas mitsvot. Além disso, mais tarde, D'us conferiu a Avram grandes bênçãos.

        D'us promete a Avram que os seus descendentes serão tantos quanto as estrelas

 

        Depois de ganhar a guerra contra os quatro reis, Avram estava preocupado, "Talvez os amigos desses poderosos reis vão se unir contra mim e me atacar?"

        Mas D'us lhe assegurou, "Avram, mesmo que todos seus inimigos se unam contra você, Hei de protegê-lo."

Avram também se preocupou pelo seguinte, "Talvez já tenha usado toda a recompensa que me estava reservada para olam habá (mundo vindouro), porque D'us realizou para mim milagres tão grandes."

        D'us lhe assegurou, "Ainda tens uma grande recompensa no olam habá."

        Avram então rezou, "D'us, foste tão bondoso em fazer milagres para mim durante a guerra. Sei que me reservaste ainda mais bênçãos. Mas, para que me servem? Não tenho um filho que possa continuar a ensinar as pessoas sobre Ti depois que eu morrer. Em vez disso, meu servo Eliêzer ficará como líder."

        "Não temas" D'us consolou a Avram. "Terás um filho."

        D'us conduziu Avram para fora da tenda.

        "Olhe para o firmamento," ordenou Ele.

        Avram viu uma grande estrela brilhar no firmamento.

        "Esta estrela representa você," disse-lhe D'us. "Você é como uma grande estrela que ilumina o mundo. Agora olhe de novo!"

        Avram viu duas estrelas. "Estas duas estrelas são você e seu filho," disse-lhe D'us.

        Então Avram viu aparecer três estrelas. "Elas representam você, seu filho e seu neto," disse D'us.

        Quando Avram olhou de novo para o firmamento, havia lá doze estrelas.

        "Haverá doze tribos," explicou-lhe D'us.

        De repente havia setenta estrelas. "Você terá setenta descendentes indo para o Egito," predisse D'us.

        Logo, todo o firmamento se cobriu de estrelas de um extremo ao outro.

        "Tão numerosos serão os seus descendentes!" Prometeu D'us para Avram. "Serão demais para poder contar."

        

Berit Ben Habetarim: D'us promete a Avram que seus filhos herdarão Canaã

 

        D'us também prometeu a Avram, "Seus filhos herdarão a Terra de Canaã (Terra de Israel)!"

        "Por favor D'us," pediu Avram, "Dê-me um sinal de que isto se concretizará realmente".

        D'us respondeu, "Farei um acordo contigo como sinal."

        Naqueles tempos as pessoas selavam um pacto, cortando animais em pedaços e andando entre eles. (Esse era uma maneira de dizer, "Se eu não cumprir a minha parte do acordo, mereço ser cortado em pedaços como estes animais.")

        D'us ordenou a Avram, "Pegue três bezerros, três cabras, três carneiros, um pombo e uma pomba." Avram assim o fez. Então ele cortou os animais em dois, exceto os pássaros que D'us lhe disse para não cortar.

        Avram arrumou os pedaços em duas filas. Quando eles foram estendidos, poderosas aves de rapina se precipitaram do céu para baixo para devorá-los.

        Avram os enxotou.

        Esse foi um sinal: No futuro, os idólatras - que são comparados a aves de rapina - tentarão destruir os descendentes de Avram, pessoas compromissadas com a Toráh. Mas D'us os salvará  pelo mérito de seu antepassado Avram.

            Então D'us fez Avram cair num sono profundo e lhe mandou um sonho profético.

        Avram sentiu um grande temor e uma escuridão o envolveu. Isso era um sinal de que os seus descendentes, passariam por dificuldades.

        D'us predisse a Avram, "Saiba que os seus descendentes não virão para Terra de Israel imediatamente. Primeiro, vou exilá-los em terras estranhas por muitos anos. Tornar-se-ão escravos [no Egito] e serão afligidos. Então, castigarei aqueles que os oprimiram [D'us aludiu às muitas pragas que mandaria contra o Egito], e os judeus partirão com uma grande fortuna. Finalmente, voltarão a Canaã. Expulsarão de Canaã as nações que ali viviam e herdarão a terra."

        Enquanto Avram sonhava tudo isso, o sol se pôs. D'us fez descer uma espessa escuridão. Avram viu um forno fumegante e uma chama ardente passar entre os pedaços dos animais. O forno fumegante e a chama ardente eram os mensageiros de D'us. Quando eles passaram entre os pedaços era como se D'us, Ele Mesmo, estivesse andando entre eles e, desta maneira, selava um acordo com Avram.

        O forno fumegante também era um sinal de que todas as nações que fossem afligir os compromissados com a Torah seriam atiradas por D'us em um forno ardente no Guehinom (inferno).

        Assim, D'us fez um pacto com Avram prometendo-lhe que seus filhos herdariam a Terra de Israel. Esse acordo é conhecido como Berit ben Habetarim, o Acordo entre os Pedaços (dos animais).

        Avram casa com Hagar. Ela dá a luz a Yishmael

 

        Sarai não teve filhos em todos os anos do seu casamento com Avram. Ela disse, então, para Avram, "Case com minha criada Hagar. Talvez D'us se apiede de mim porque deixei você casar com outra mulher, e me dará um filho."

        Hagar não foi sempre uma serva. Ela era, na verdade, uma princesa egípcia. Mas quando seu pai Faraó viu os grandes milagres que D'us realizou para Avram e Sarai, disse, "É melhor para minha filha ser uma serva desses grandes tsadikim que ser princesa no Egito."

        Quando Hagar servia a Sarai, esta ensinou-lhe como servir a D'us.

        Avram sabia que Sarai falou com ruach hacôdesh (inspiração Divina). Respondeu-lhe, "Vou te ouvir e casar com Hagar."

        Depois que Hagar casou com Avram e esperava um filho dele, ficou orgulhosa. Quando Hagar falava com os outros, insultava Sarai zombando dela,         "Sarai não é na realidade uma tsadeket! Se assim fosse, porque D'us não lhe deu filhos?"

        Sarai puniu Hagar por palavras tão arrogantes. Fez Hagar trabalhar pesado.

        Por isso Hagar fugiu para longe de Sarai, em direção ao deserto. Mas D'us mandou um anjo para ordenar a Hagar, "Volte para Sarai e a obedeça!         D'us ouviu que você está infeliz e vai dar-lhe um filho. Chame-o Yishmael (Ismael). Ele vai ser um homem selvagem que viverá no deserto, e será o pai de uma grande nação."

        Hagar agradeceu a D'us, "Abençoado Sejas, D'us, que viu minha desventura."

        Hagar voltou para a tenda de Avram. Ela deu à luz um filho, a quem Avram chamou Yishmael. Ele se tornou o antepassado de todas as nações árabes.

D'us ordena Avram sobre a circuncisão

 

        Quando Avram tinha noventa e nove anos, D'us lhe disse, "Avram, Eu quero que você tenha uma milá (circuncisão), isso vai ser um sinal no seu corpo de que você Me serve."

        "De agora em diante, seus descendentes,  vão fazer a milá nos seus filhos quando seus filhos tiverem oito dias."

        Qual é a diferença entre a mitsvá da milá e as outras mitsvot?

        Outras mitsvot, tais como tsitsit ou tefilin, são cumpridas em determinadas ocasiões. Mas a mitsvá de milá permanece com a pessoa dia e noite e por toda a vida; nunca pode renunciar a ela.

        D'us anunciou a Avram, "Você não será mais chamado de Avram mas sim, Avraham. Avram quer dizer que você é o pai de Aram, o lugar onde nasceu. Agora Eu o transformo em Avraham, que quer dizer o pai de muitas nações.

        "O nome de Sarai também será mudado. De agora em diante ela será chamada Sara, que significa rainha sobre o mundo todo. Assim como você é um rei sobre o mundo, assim ela é uma rainha sobre o mundo. Apesar dela ser muito idosa para conceber, dará a luz um filho quando tiver o seu novo nome, Sara".

        Avraham irrompeu num riso de felicidade quando ouviu as boas notícias.

D'us falou para Avraham, "Chamará seu filho de Yitschac (Isaac) porque você riu e se alegrou. Todos também rirão e se alegrarão com o seu nascimento."

        Avraham não demorou para cumprir a mitsvá. No mesmo dia em que D'us falou com ele, fez a milá nele mesmo. Nesse mesmo dia, também fez a milá em Yishmael e nos trezentos e dezoito membros da sua casa. Essa foi uma tarefa monumental para executar em um dia, D'us deu a Avraham forças para realizá-la.

Uma história: Como o pai de Rabi Yehudá Hanassi estava disposto a sacrificar sua vida pela mitsvá da milá

 

        Certa vez o governo Romano decretou, "Nenhum pai judeu pode fazer a milá em seu filho."

        Naquele tempo nasceu um menininho na Terra de Israel. Foi chamado Yehudá. Seu pai era um dos líderes do povo judeu.

        O pai disse, "D'us nos ordenou a fazer o berit milá. O cruel imperador romano nos ordenou o contrário. A quem hei de obedecer, a D'us ou ao imperador? Eu não desobedecerei à ordem de D'us por causa do imperador!"

        Oito dias depois do nascimento do seu menino, o pai circuncidou-o secretamente.

        Mas o segredo não foi guardado por todos. Algumas pessoas o passaram ao governador da cidade.

Ele chamou o pai de Yehudá e o repreendeu severamente, "Ouvi falar que você circuncidou seu filho. Como ousa desobedecer a ordem do imperador?"

O pai de Yehudá respondeu, "Faço o que D'us nos ordena!"

        O governador disse, "Sei que você é um homem importante, um líder do povo judeu. Porém, nem mesmo você pode desobedecer o imperador. Será castigado."

        "Qual será meu castigo?" - perguntou o pai de Yehudá.

"Isso não compete a mim decidir," respondeu o governador. Viajarei até o imperador em Roma e lhe comunicarei seu comportamento. Você, sua mulher e seu filhinho também deverão ir para serem julgados."

        Com os corações pesados os pais de Yehudá se puseram a caminho com o bebê. Eles rezaram a D'us para que o imperador poupasse suas vidas.

        Na noite antes de chegarem a Roma, alojaram-se numa hospedaria não-judia. A mulher do hospedeiro acabara de dar a luz. Ela iniciou uma conversa com a mãe de Yehudá.

        "Porque você não está feliz com o seu novo bebê?" - perguntou-lhe ela. "Vejo que suspira e tem o semblante triste o tempo todo!"

        "Temos muito medo", explicou a mãe de Yehudá. "O imperador pode nos matar porque circuncidamos nosso bebê apesar de sua proibição."

        A mulher do hospedeiro era uma mulher muito boa. Fez um sinal para a mãe de Yehudá acompanhá-la até um aposento onde ninguém podia ouvi-las.         Lá ela sussurou para ela, "Vamos trocar os bebês. Pode mostrar o meu para o imperador. O meu bebê não é circuncidado."

        A mãe de Yehudá concordou e levou o bebê não-judeu para o palácio. Quando o bebê ficou com fome no caminho, a mãe de Yehudá o amamentou.

        O governador estava no palácio do imperador. Ele explicou ao imperador, "Aqui está o judeu que desobedeceu tuas ordens, Majestade! Circuncidou seu filho".

        O imperador ficou furioso. "Entregue a criança aos meus servos", ordenou.

        O bebê foi examinado, porém para a grande surpresa de todos, não tinha milá!

        O governador que havia acusado os pais de Yehudá quase desmaiou.

    "Juro que este menino estava circuncidado, Majestade!", exclamou. "Deve ser um milagre. O D'us dos judeus faz milagres por eles quando rezam!"

        O imperador estava muito irado com o governador, que o havia exposto ao ridículo perante toda corte. "Cortarei sua cabeça por dizer mentiras!", gritou. "E em relação aos judeus, deixá-los-ei circuncidar seus filhos se assim desejam! Meu decreto está abolido."

Cheios de gratidão a D'us, os pais de Yehudá saíram do palácio.

        Na hospedaria, trocaram os bebês com a esposa do hospedeiro. Esta disse à mãe de Yehudá: "Quero que nossos filhos sejam amigos quando crescerem, pois D'us realizou um milagre através do meu filho".

        Quando cresceu, Yehudá se tornou o santo Rabi Yehudá Hanassi, presidente do San'hedrin (Corte Suprema), e compilador da Mishná.

E o filho do hospedeiro? Por ter sido alimentado com o leite da mãe de Rabi Yehudá, D'us lhe concedeu grandeza neste mundo e no mundo vindouro. Mais tarde, veio a ser o imperador romano Antônio, um bom amigo de Rabi Yehudá e protetor dos judeus.

        Da mesma forma que o pai de Rabi Yehudá agiu, muitos judeus nas gerações posteriores arriscaram a vida para fazer milá nos seus filhos.

        Na época dos Chashmonaim (Macabeus, quando ocorreu o milagre de Chanucá) os gregos proibiram o berit milá. Matavam as mães cujos filhos eram circuncidados. Mesmo assim, muitos pais judeus continuaram a circuncidar seus filhos. Nos tempos atuais, a milá era proibida na União Soviética, e realizada secretamente.

        Nosso povo esteve e está sempre disposto a arriscar a vida para cumprir as mitsvot de D'us.

 

        

    Nossos rabinos nos dizem que D'us ministrou dez testes a Avraham durante sua vida, para dar-lhe a oportunidade de provar sua fé. Desde a ordem no início da porção desta semana, de deixar sua família e a terra onde nasceu, até a akedá, quando é instado a sacrificar seu próprio filho, podemos facilmente compreender por que estas provações são consideradas desafiadoras.


        Muitos de nós jamais tivemos de enfrentar tais circunstâncias, e dificilmente podemos imaginar que fôssemos capazes de passar em testes deste tipo. Quão grandioso deve ter sido Avraham, que foi capaz de enfrentar um escrutínio Divino tão intenso!

        Entretanto, na Parashá Lech Lechá, lemos sobre a circuncisão de Avraham, seu cumprimento da mitsvá de brit milá, a qual também é computada pelos comentaristas como um dos dez testes. A mitsvá do brit milá é uma que realmente distingue o povo judeu das outras nações do mundo, uma que tem sido cumprida com grande júbilo pelos descendentes de Avraham, milhões e milhões de vezes através de nossa história. 

        Por isso, parece difícil entender por que tal ato seria considerado uma provação, especialmente para uma pessoa notável como Avraham. Certamente deve ter sido um desafio físico, mas estamos falando de alguém que já demonstrou estar literalmente desejoso de desistir de sua vida por D'us, como ficou claro por sua aprovação nos testes anteriores. Como poderia a prova do brit milá representar um desafio para alguém da estatura de Avraham?

        Rabi Moshe Feinstein explica que para entender por que este foi um teste adequado, primeiro devemos analisar a carreira de Avraham até chegarmos a este ponto de sua vida. Sabemos que ele era perito em influenciar outras pessoas a se aproximar de D'us e a reconhecer o propósito da Criação. 

        Avraham era uma pessoa extrovertida que dedicara toda sua vida a ajudar os outros, mesmo que fosse às custas de seu próprio crescimento como pessoa. Ele personificou o atributo de chessed, bondade, e usou esta característica para cumprir sua missão. Entretanto, seu sucesso foi totalmente possibilitado por ser ele de certa forma similar ao povo que estava tentando influenciar. 

        A mitsvá do brit milá foi uma ordem a Avraham e seus descendentes, para que se tornassem totalmente diferentes e separados do restante do mundo, algo que aparentemente colocaria uma restrição significativa na sua capacidade de influenciar outros povos. D'us estava pedindo a Avraham que novamente envidasse seus esforços a partir de uma estratégia que havia sido altamente coroada de êxito, e embarcasse numa direção não familiar, por meio da qual ele e seus descendentes indiretamente seriam como uma luz a guiar as outras nações. 

        Na verdade, Avraham estava sendo solicitado a subjugar sua própria vontade e planos para cumprir os do Criador. A circuncisão não era apenas um teste sobre a dedicação física de Avraham; representava uma luta que abalou os alicerces de sua perspectiva sobre a vida.

        Os comentaristas clássicos nos falam de um princípio geral, dizendo que as ações de nossos antepassados são um sinal para seus filhos, significando que tudo aquilo que Avraham, Yitschac e Yaacov fizeram tanto tempo atrás serviu para instilar suas características superiores na vida do povo judeu. 

        Quando Avraham cumpriu a ordem de D'us, embora esta parecesse ser ilógica e contraprodutiva, possibilitou a cada um de seus descendentes tomar a mesma decisão. Quando Avraham expôs-se ao ridículo, o mundo deve ter pensado que ele estava fora de si. Mas Avraham estabeleceu um precedente que tem sido seguido por incontáveis gerações em inumeráveis lugares do mundo. Que todos nós aspiremos cumprir este enorme potencial que Avraham instilou dentro de nós.

 

A Grande Mudança

 

A Parashá Lech Lechá começa com o primeiro dos dez testes ou provações a que Avraham foi submetido por D'us. A porção inicia-se: "Lech Lechá – vá por si mesmo, de sua terra e de seu local de origem, da casa de seu pai para a terra que Eu te mostrarei ".

D'us pede a Avraham que deposite sua confiança n'Ele apenas pela fé e a segui-Lo a uma terra desconhecida. Para que não haja mal-entendidos, Hashem delineia claramente os parâmetros para Avraham – este deve deixar sua casa e seu local de origem. A Torá nos diz que Avraham cumpre os desejos de Hashem. Entretanto, a Torá declara em seguida: "Avraham pegou sua esposa Sarah e seu sobrinho Lot, toda a riqueza que haviam acumulado, e as almas que eles criaram em Charam." Se a Torá nos diz que Avraham fez tudo aquilo que Hashem lhe ordenou, por que repetir aquele fato outra vez?

Rabi Aharon Wolkin sugere a seguinte resposta: Existem muitas razões pelas quais a pessoa poderia escolher mudar-se de um local para outro. Às vezes a pessoa poderia fazê-lo por razões familiares. Muitas vezes, a pessoa muda-se por motivos financeiros ou porque a vizinhança não é mais segura ou decente. A Torá nos diz que estes não foram fatores no caso de Avraham. Aqui não era o caso de razões familiares. Se ele estava se mudando, sua esposa e sobrinho o acompanhariam; eram seus entes queridos. Não foi por motivos financeiros, pois levou sua fortuna com ele. Quanto a Avraham ter-se mudado por causa da possível má influência da vizinhança, a Torá declara que muitas pessoas juntaram-se a ele. Em outras palavras, a Torá está nos informando da grandeza de Avraham – que ele mudou-se apenas para cumprir os desejos de Hashem. 

Há um outro local na Torá onde a frase especial que introduz este teste "lech lecha – vá por si mesmo", é usada. É a respeito da última provação que Avraham deve enfrentar, a akeidá, ao final da porção da próxima semana. D’us ordena: "Por favor, pegue seu filho, o único, a quem você ama – Yitschac – e (lech lecha) vá por si mesmo à terra de Moriá" (Bereshit 22:2). Sem nenhuma pergunta ou hesitação, Avraham segue a ordem de D’us completa e fielmente, jamais demonstrando qualquer mudança de atitude.

À primeira vista, parece que o primeiro teste e o último são o mesmo. Há alguma diferença entre lech lecha na porção desta semana e de lech lecha da akeidá? 

Rav Reisha oferece uma brilhante explicação. Na porção desta semana vemos como Avraham se relaciona com a vontade e ordem de Hashem. Na porção da próxima semana veremos como Avraham transmitiu esta lição a seu filho. A vida de Avraham tem pouco significado, até que ele constate que a mesma devoção que tem por D’us está também presente em seu filho Yitschac. 
Eis por que o primeiro e o último teste parecem similares. Avraham percorreu um círculo completo a serviço de D’us. Este é o legado e a herança que são nossas quando dizemos que somos "filhos de Avraham" em nossa constância em cumprir as mitsvot de Hashem, a despeito das circunstâncias ou do local onde epossamos nos encontrar. 

Que todos nós possamos ser chamados e lembrados como Bnei Avraham, filhos de Avraham.

Em busca de si mesmo

        Há uma passagem no Livro de Zecharyá (Zacarias) que descreve um encontro entre um ser humano e uma revoada de anjos, no qual o ser humano é chamado "um viajante entre os estacionários."

 

        "O Viajante" é a denominação mais apropriada para nossa incansável raça. Outras criaturas também se mudam de lugar para lugar, mas apenas as migrações do homem são motivadas pelo desejo de estar em outro local que não seja aquele no qual está agora. Ao contrário de camundongos, bordos e anjos, que são felizes por ser aquilo que são e por estar onde estão, o ser humano está constantemente a caminho - sempre se esforçando para chegar a algum lugar, de preferência onde ninguém jamais tenha estado antes.

 

O problema é que não há mais para onde ir.

    Há um século, podia-se dizer: "Vá para o oeste, meu jovem!" - para o oeste iam os homens jovens, até que não havia mais oeste para ir. Então um homem venceu a corrida para o Polo Norte, e um outro, para o Sul. Um outro ser humano foi o primeiro a escalar o ponto culminante do Everest (embora ainda se discuta quem foi exatamente o primeiro), e um outro ainda deu "o salto gigantesco" de deixar as pegadas na superfície da Lua.

O que resta agora? Um viagem a outra galáxia? Uma incursão ao futuro? Será que estas conquistas, se e quando forem atingidas, satisfarão o espírito do Viajante?

    Todos conhecemos a história do aldeão empobrecido que sonha com um tesouro enterrado sob uma ponte em Praga. Chegando na cidade grande, localiza a ponte de seus sonhos. O guarda-barreira, ao ver um homem vagando com uma pá e intenções suspeitas, confronta o mendigo, que confessa qual é sua missão. "Sonhos!" exclama o guarda. "Ora, a noite passada sonhei que na casa de Jacó, o mascate da aldeia de Usseldorf, está enterrado um baú com moedas de ouro, na parede atrás do fogão. Só por isso viajei até Usseldorf, para pôr abaixo a parede da casa de algum pobre?" Jacó corre para casa, derruba a parede atrás do fogão e vive feliz para sempre com seu tesouro enterrado.

    Depois que todas as jornadas são consumadas, depois que todas as buscas são realizadas, permanece ainda uma fronteira que poucos exploraram e que menos ainda conquistaram: a fronteira do próprio "eu". Atravessamos o planeta e mais além, mapeamos o cosmos e a infra-estrutura do átomo, procurando alguma indicação, algum sinal, do que se trata; mas quantos de nós penetramos no interior de nossa alma?

    Lech Lechá, as palavras introdutórias do chamado Divino a Avraham, que inicia e define a História Judaica, significa literalmente "Vá por si mesmo". "Vá por si mesmo," D'us ordenou ao primeiro judeu, "de tua terra, de teu local de nascimento, da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei."

    Quando veio o Divino chamado, Avraham pôde contemplar em retrospecto uma vida de descoberta e realizações sem precedentes. Este era o homem que descobriu a verdade do D'us Único, enfrentou o rei mais poderoso de sua época, desafiou a morte numa fornalha ardente por suas crenças, e converteu milhares a uma fé e crença monoteísta. Tudo isso ele conseguiu inteiramente por si mesmo, sem um mestre, mentor ou voz celestial para dirigi-lo, com nada além de seu grande intelecto para guiá-lo, e sua busca apaixonada pela

 

Então, quando Avraham completou 75 anos, veio a Divina Ordem: "Vá por si mesmo!" Agora que completou suas explorações e atingiu seus objetivos, volte-se interiormente e embarque numa jornada até o âmago de seu próprio ser.

Paradoxalmente, quanto mais pessoal é a jornada, mais necessitamos de auxílio e conselhos.

Um senso de direção bem desenvolvido pode nos guiar através do sistema de estradas mais complicado; um senso social perspicaz pode negociar as políticas mais embaralhadas; os dados e padrões de aprendizagem armazenados em nosso cérebro facilitam nossa busca de novos campos de estudo. Mas quando procuramos um caminho para o interior de nós mesmos, o conhecimento e as habilidades de uma vida inteira tornam-se subitamente ineficazes. Encontramo-nos nas trevas, sem outro recurso que o de chamar nosso Criador: "D'us, quem sou eu?" clamamos. "Dá-me uma pista, diga-me por que me fizeste."

Este paradoxo está implícito na primeira instrução registrada na Torá para o primeiro judeu. Quando Avraham recebe ordens de "Vá por si mesmo," este homem engenhoso e auto-suficiente é ordenado a deixar de lado seus talentos inatos ("tua terra"), a personalidade desenvolvida em sete décadas e meia de interação com seu meio-ambiente ("teu local de nascimento"), e a sabedoria descoberta e formulada por sua mente fenomenal ("da casa de teu pai"), e seguir "cegamente" D'us até "a terra que Eu te mostrarei."

Em nossas jornadas externas, nosso conhecimento, talentos e personalidade são as ferramentas com as quais exploramos o mundo além de nós. Mas ao buscarmos nosso verdadeiro "eu", estas mesmas ferramentas - que constituem um "eu" exterior e auto-imposto por si mesmo - oculta tanto quanto revela, distorce ao mesmo tempo em que ilumina.

 

Empregamos estas ferramentas em nossa busca - não possuímos outras. Porém se nossa jornada deve levar à quintessência do "eu", ao invés de algo ilusório, deve ser guiada por Ele, que nos criou à Sua imagem, e esboçou o projeto de nossa alma em Sua Torá.

Grande riqueza

 

Conforme o sol começa a se pôr, uma profunda sonolência cai sobre Avraham; e eis que medo e uma imensa escuridão abateu-se sobre ele.

E [D'us] disse a Avraham: "Saiba que teus filhos serão estranhos numa terra que não lhes pertence, e eles os escravizarão e os afligirão... e depois sairão com grandes riquezas." (Bereshit 15:12-13).

galut (exílio) ocorre de muitas formas. O escravo hebreu no Egito, o próspero exílio judeu na Babilônia, o perseguido morador do gueto na Europa medieval, o interno de Auschwitz, o judeu-americano tolerado no clube de campo, o israelense refém dos caprichos das superpotências globais - todos estão sujeitos ao estado de galut, cuja definição mais básica é que a pessoa é "um estranho numa terra que não é a sua." Você não é o dono de seu ambiente, mas sim um súdito; não está no controle de suas circunstâncias, mas é sua vítima.

galut é freqüentemente descrito como uma punição por nossas próprias falhas; declaramos na Prece Mussaf do dia festivo que "por causa de nossos pecados, fomos exilados de nosso país." Mas esta é somente uma parte da história. No "Acordo entre as Partes" entre D'us e Avraham (ainda Avram naquela altura), no qual foi estabelecido pela primeira vez que haveria um povo judeu, D'us informou a Avraham que seus descendentes seriam estranhos numa terra que não seria deles. O galut do povo judeu foi ordenado antes que houvesse um povo judeu.

De fato, estamos estado no galut pela maior parte de nossa história. Houve duas Eras do Templo (826 - 423 AEC, e 349 AEC - 69 EC), totalizando 830 anos, quando moramos em nossa terra natal e a Presença Divina habitava manifestamente em nosso meio; mas durante a Era do Segundo Templo vivemos sob a hegemonia de potências estrangeiras, e mesmo a Era do Primeiro Templo incluiu períodos de conflitos internos e domínio estrangeiro. De fato, o Talmud aponta apenas uma única geração, o reinado de 40 anos do rei Salomão, como uma época em que "a lua estava cheia" - quando nosso relacionamento com D'us era integral e fomos realmente donos de nosso destino.

 

Poder-se-ia pensar que uma situação que predominou por 99% de nossa história estaria, a esta altura, engastada no caráter judaico, ou pelo menos tivesse se tornado um estilo de vida já familiar. Porém o mais espantoso sobre o galut é que aproximadamente 4000 anos depois do "Acordo entre as Partes", ele ainda seja tão assustador, quanto incompreensível e estranho para nossa alma como o foi para Avraham naquele malfadado dia, quando ele contemplou o medo e a grande escuridão.

Os povos do mundo - o que certamente inclui nações mais ricas, mais poderosas e politicamente independentes que nós mesmos - de forma geral aceitaram o fato de que o mundo em que vivem inclui forças maiores que eles próprios, às quais estão sujeitos. Mas não o judeu. Não nos reconciliamos com o galut. Jamais o aceitamos e jamais cessamos de lutar pela redenção.

Na verdade, é a própria não-naturalidade do galut, sua própria estranheza, a chave para "a grande riqueza" que proporciona. A constante percepção de que este não é nosso lugar, a fé resistente que as circunstâncias atuais realmente não são "o jeito que as coisas são," está na raiz de tudo que o judeu tem conquistado e atingido, tanto para si mesmo quanto para o mundo.

Aqui está o paradoxo do galut: seu poder brota do fato de que não deve, não pode ser, do incessante esforço de provocar sua extinção, da fé determinada de que este esforço será bem sucedido. Pois isto, também, foi pré-ordenado no "Acordo entre as Partes".

Nós judeus temos sido acusados de muitas coisas, mas ninguém jamais nos chamou de ingênuos. Se a labuta e as lágrimas de uma centena de gerações de judeus foram despendidas neste esforço, é somente porque sabemos que a lua tornará a ser plena, e habitaremos num mundo de bondade Divina e de perfeição.

Vivendo de acordo com a época

Versículo 12:17

 

 
 

Em 5701, Rabi Yossef Yitschac de Lubavitch relatou uma experiência que acontecera há mais de 50 anos, quando era uma criança com onze anos:

"Era bem cedo, na manhã de um Shabat no qual é lida a porção de Lech Lechá da Torá antes das preces matinais, quando entrei no quarto de meu pai. Encontrei-o sentado à sua mesa de bom humor, revisando a leitura da Torá da semana. Lágrimas rolavam de seus olhos. Fiquei muito confuso, pois fui incapaz de entender como os dois – o bom humor e as lágrimas – estavam juntos. Mas não ousei perguntar.

"Naquele Shabat, como em todo Shabat, papai rezou até tarde. Como era seu costume durante Shabat no inverno, ele fez kidush após as preces e então foi rezar Minchá, a Prece da Tarde. Após a reza e pouco antes do pôr-do-sol, sentou-se para a refeição de Shabat.

"Ao término do Shabat, papai perguntava-me o que eu estudara durante a semana e sobre o que eu tinha revisado de cor. Se ficava satisfeito, dava-me um presente: ou uma história, cuja moral costumava enfatizar e explicar, ou um manuscrito de um maamar, discurso de ensinamento chassídico. Assim eram nossos costumes no inverno de 5651 (1890-1891). 

"O mesmo ocorreu na noite seguinte ao Shabat Lech Lechá. Papai testou-me e deu-me então o discurso Ner Chanucá 5643 como presente. Eu desejava muito saber porque papai estivera chorando, mesmo de bom humor, quando revisava a porção da Torá naquela manhã. Lá fiquei confuso, incapaz de decidir se deveria ou não perguntar.

"Ele logo percebeu meu embaraço e disse: ‘Por que está aí de pé deste jeito? Se quer dizer alguma coisa, diga…’ 

"Decidi perguntar.

Papai respondeu-me. 

‘Eram lágrimas de alegria.’ Então explicou. ‘Certa vez, nos primeiros anos de sua liderança, Rabi Schneur Zalman de Liadi disse a seus chassidim: 'A pessoa deve viver de acordo com os tempos.' Os chassidim mais jovens perguntaram aos mais idosos qual o significado da declaração do Rebe.
Os chassidim mais velhos discutiram o assunto entre eles. 

‘Anos depois, o filho e sucessor de Rabi Schneur Zalman, Rabi Dovber, elaboraria mais este dito em seu exclusivo sistema de biná – um extenso e completo tratamento da sabedoria de seu pai. Mas quando Rabi Schneur Zalman primeiro disse estas palavras, mesmo os mais notáveis chassidim tiveram dificuldade para entender seu significado. Finalmente, o irmão de Rabi Schneur 
Zalman, Rabi Yehuda Leib, explicou aquilo que o Rebe queria dizer.

'Deve-se viver de acordo com os tempos' significa que todos os dias a pessoa deve conviver e experimentar em sua própria vida a porção da semana da Torá, e a seção específica da porção da semana que está conectada àquele dia.

‘Os chassidim do Rebe, jovens e velhos, estudavam a seção diária do Chumash com os comentários de Rashi. O Rebe estava lhes dizendo: A pessoa deve conviver com os tempos. Não apenas aprender a porção diária, mas vivenciá-la realmente em sua própria vida. 

‘A porção de Bereshit,’ disse meu pai, ‘é uma porção feliz.’ D'us está criando universos e criaturas e está satisfeito 'porque isso é bom.' Entretanto, o final, que descreve a corrupção da humanidade e o arrependimento de D'us com Sua criação, não é tão agradável. Mesmo assim, na sua totalidade é geralmente uma porção feliz da Torá e em todas as comunidades judaicas há alegria – recomeçamos a leitura daTorá novamente. Com a leitura da semana seguinte, Nôach, vem o dilúvio. É uma semana deprimente, mas com um final feliz – nasce Avraham, nosso pai. ‘Mas a semana verdadeiramente feliz,’ concluiu papai, explicando seu humor daquela manhã. ‘é Lech Lechá. Cada dia da semana nós vivemos nossa vida junto com Avraham.’ Junto com Avraham, o primeiro a sacrificar-se para trazer a mensagem da Divindade ao mundo, junto com Avraham, que transmitiu seu auto-sacrifício pela Torá e mitsvot como uma herança a todo e cada judeu.’

Versículo 12:1

D'us disse a Avraham: Deixa tua terra e tua parentela, a casa de teu pai, para a terra que te mostrarei..."

Desde o tempo em que D'us disse a nosso pai Avraham "Deixa tua terra" e "Avraham seguiu, viajando para o sul," começou o processo de extrair as centelhas de santidade que estão espalhadas por todo o universo, e enterradas na existência material.

Por decreto da Divina Providência, o homem vagueia em suas viagens àqueles locais onde as centelhas que devem ser extraídas por ele aguardam sua redenção. A Causa de Todas as Causas provoca as várias circunstâncias e pretextos que o fazem chegar a esses lugares, onde sua missão pessoal na vida deve ser cumprida. (Rabi Sholom Dovber de Lubavitch)

Sempre que dois judeus se reúnem, algo de bom resultará para um terceiro. (Rabi Yossef Yitschac de Lubavitch)

O Judeu Errante

O chassid Rabi Raphael Nachman Kahan relatou:

Em novembro de 1917, Rabi Sholom Dovber de Lubavitch deixou Rostov para uma conferência de rabinos em Petersburg. Chegou a Moscou quando a luta entre os Bolcheviques e as Forças Brancas assolavam as ruas da cidade.

Por vários dias, incluindo o Shabat, o Rebe ficou à deriva em Moscou, sem poder retornar para Petersburgo nem para Rostov. Meus pais preparavam a comida do Rebe, que levávamos ao seu alojamento com as balas sibilando sobre nossa cabeça.

Certa tarde, meu pai viu o Rebe caminhando de cá para lá em seu quarto, uma expressão desgostosa no rosto. Ouviu-o dizer entre dentes: "Viajei para Petersburgo, mas permaneci em Moscou. Bem, parece que assim estava destinado a ser..." O Rebe então voltou-se para meu pai: "Gostaria de reunir alguns chassidim. Sei que os tempos estão difíceis, mas mesmo assim..."

O Rebe preparou uma lista com diversos membros ricos da comunidade Lubavitch, e meu pai procurou-os. A princípio os convites foram feitos por telefone, mas logo as linhas caíram e meu pai aventurou-se a visitar os convidados. Apesar das condições ameaçadoras, cada um dos convidados compareceu.

O Rebe disse-lhes: "Muitos judeus ficaram sem teto devido à guerra, e os refugiados estão por toda a Rússia e Europa. Muitos foram alojados em áreas onde nenhum judeu jamais havia vivido. Encontram-se agora sem nenhum dos livros que são essenciais a um judeu, especialmente livros de orações."

O Rebe propôs então que uma gráfica fosse formada, com ações oferecidas ao preço de 1000 rublos cada uma. Cada participante foi solicitado a adquirir quantas ações desejasse. Todos os presentes se inscreveram.

No domingo, o Rebe caminhou até a estação (as condições não permitiam que qualquer veículo trafegasse pelas ruas), acompanhado por vários chassidim, e voltou para casa. De volta a Rostov, o Rebe criou a Ezra Press e publicou o primeiro livro de preces Tehilat Hashem (da edição antiga, mais fina) bem como os livros de preces na versão ashkenazita. Despachou então os livros de preces para onde quer que existissem judeus.

 

Fonte: Chabad

            Talmud

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            Pirke avot

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