Shemini, שהמיני

18/03/2014 03:34

Aspectos da 26ª

O texto desta Parashá é:

Shemini, שהמיני-(Leviticus 9:1–11:47) >>Sigf. Pureza e Impureza

 

 

 

O texto da Haftará é:

 (II Samuel 6:1-7:17)

Salmo 133

 

Leitura da Torá: Parashat Shemini, שהמיני 


        A Parashá Shemini (Vayicrá 9:11-11:47) começa discutindo os eventos que ocorreram no oitavo e último dia de melu'im, serviço de inauguração do Mishcan. Após meses de preparação e antecipação, Aharon e seus filhos são finalmente instalados, como cohanim, em um serviço elaborado. 


        Aharon abençoa o povo, e toda a nação se rejubila quando a presença de D’us paira sobre eles. Entretanto, o entusiasmo é interrompido abruptamente quando os dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, são consumidos por um fogo celestial e morrem no Mishcan, enquanto ofereciam ketoret, incenso, sobre o altar. A Torá declara que eles morreram porque trouxeram um "fogo estranho" no santuário interior do Mishcan, cujo significado é discutido pelos comentaristas à exaustão.

        Aharon recebe ordens de que os cohanim são proibidos de entrar no Mishcan enquanto impuros, e a Torá continua a relatar os eventos que ocorreram imediatamente após a morte trágica de Nadav e Avihu. A porção termina com uma lista dos animais casher e não-casher, e várias leis sobre tumá, impureza.

 

        A porção Shemini discute os animais puros que são permitidos consumir, e os impuros, que somos proibidos de ingerir. A Torá fornece dois sinais para reconhecer um animal puro: ser ruminante e ter os cascos fendidos.

        Uma das razões oferecidas para as leis dietéticas é que tudo que a pessoa come transforma-se em carne e sangue, tornando-se parte integrante daquela pessoa. Portanto, a Torá proíbe determinados alimentos para impedir o homem de assimilar as más características da comida proibida.

        Se há uma proibição contra comer animais que não ruminam e não têm o casco fendido (para impedir a assimilação das características daqueles animais), a conduta apropriada para o homem deveria ser uma que adotasse os conceitos de um casco fendido e ruminar a comida.

        O casco deve ser inteiramente fendido, de cima a baixo. O casco é dividido em dois, para indicar que nossa caminhada na terra, i.e., nossos envolvimentos mundanos, devem incluir dois princípios básicos: aproximar-se daquilo que é bom e afastar-se daquilo que não é.

        Mas o sinal de um casco fendido em si não é o suficiente. Deve também haver o sinal de ruminar a comida. É preciso ser muito cuidadoso para "ruminar" toda atividade mundana que se pretende aceitar. Deve-se esclarecer e determinar, de uma vez por todas, se realizará determinadas tarefas, e se for este o caso, de que forma deverá fazê-lo. Somente então a ação em si será comparada a um "animal puro" – algo que pode e é usado para nossa missão espiritual na vida.

            Quanto às aves, não confiamos somente nos sinais, mas também exigimos uma tradição afirmando a pureza dessas espécies. Alguém poderia perguntar por que precisamos dessa tradição. Observar os sinais deveria ser suficiente. No entanto, isso vem nos ensinar que não se pode confiar na própria inteligência. É possível estudar o Código da Lei Judaica e até seguir um tipo de comportamento que o próprio intelecto determina como sendo "além da letra da lei."

        Deve-se seguir a tradição. A palavra hebraica para tradição é messorá, que está relacionada à palavra messirá – devoção e ser atado junto. Para seguir esta tradição judaica devemos ser devotados e nos ligar com outros judeus e líderes de Torá, que podem ensinar-nos os caminhos de nossa tradição.

 

O oitavo dia da consagração do Mishcan

        Em cada um dos primeiros sete dias de consagração, Moshê montou o Mishcan e o desmontou novamente. A cada dia ele também oferecia os corbanot ordenados por D’us. 


        Chegou o oitavo e último dia de dedicação. Era Rosh Chôdesh Nissan. D’us ordenou a Moshê: "Hoje deves armar o Mishcan, mas não o desmontes novamente. Também, pela primeira vez, Aharon e seus filhos oferecerão corbanot. "Enviarei um fogo do céu para consumir seus corbanot."

        Tão logo Benê Yisrael soube que Aharon e seus filhos fariam a avodá pela primeira vez e que D’us enviaria um fogo, reuniram-se no pátio do Mishcan. Não esperaram por uma ordem de D’us, pois todos ansiavam pelo momento quando o fogo de D’us desceria. Seu fogo demonstraria que tinham sido perdoados pelo pecado do bezerro de ouro e que Sua Shechiná, Presença Divina, repousava no meio deles novamente.

 

Aharon e os cohanim começam a avodá (serviço)

Moshê instruiu Aharon: "Hoje você oferecerá corbanot especiais".

Aharon e o povo judeu rapidamente prepararam os animais para os corbanot e a farinha e azeite para a oferenda de minchá. O povo esperou no pátio do Mishcan para que Aharon começasse a oferecer os corbanot sobre o altar. Mas Aharon não se aproximou do grande altar: permaneceu em pé no lugar em que se encontrava.

"Por que você não começa a avodá?" Moshê perguntou. 

Aharon, entretanto, não ousava se aproximar mais do altar. Assim que olhou para os cantos quadrados na parte superior do altar, estes pareceram-lhe como os chifres de um boi! Lembraram-lhe do bezerro de ouro que ele tinha feito para Benê Yisrael. Embora Aharon permaneceu fazendo intensa teshuvá por causa de seu pecado, temia que D’us pudesse não aceitar seu serviço.

Moshê disse-lhe: "Não tema! D’us o perdoou."

        Moshê percebeu que Aharon hesitava e tremia ao aproximar-se do grande altar. Disse a Aharon: "Meu irmão Aharon, D’us escolheu você para fazer Seu serviço! Suba ao altar! Ofereça seus corbanot em expiação por si mesmo, e aqueles de Benê Yisrael em reparação por eles!"

        Finalmente, Aharon sentiu-se seguro e caminhou para o altar. Trouxe seu bezerro como um corban, enquanto seus 
filhos ajudavam. Então Aharon ofereceu os outros corbanot. Ao terminar, desceu do altar. Então, Aharon elevou as mãos e pela primeira vez abençoou o povo com a bênção especial dos cohanim, Bircat Cohanim. O pátio do Mishcan estava repleto pois o Povo de Israel permaneceu assistindo ao trabalho de Aharon. Agora que terminara, o povo se perguntou: onde estava o fogo de D’us? O fogo iniciado por Aharon tinha começado a queimar os pedaços de carne, mas nenhum fogo descia do céu.
 
 
 
O fogo de D’us 

        Aharon também estava preocupado. Ele tinha cumprido o serviço com alegria, mas agora estava temeroso. "Moshê", disse ansiosamente, "será possível que D’us não esteja satisfeito com meu serviço e não o tenha aceitado? Talvez Ele ainda esteja aborrecido comigo devido a meu pecado e por isso não envia o fogo do céu?"

        Tanto Moshê como Aharon entraram no Mishcan, prostaram-se e imploraram a D’us que mandasse o fogo do céu. Quando saíram, abençoaram Benê Yisrael: "Possa D’us aceitar seus corbanot e possa Ele perdoar os seus pecados!"
Imediatamente, a Shechiná de D’us apareceu diante de todo o povo. Um fogo desceu do céu e queimou as partes dos corbanot que ainda permaneciam no altar.

        Quando o povo presenciou isto, sentiu-se feliz e gratificado. Era o sinal de que D’us os havia perdoado pelo pecado do bezerro de ouro. Desde a divisão das águas do Mar Vermelho não havia tanta alegria junto ao Povo de Israel. Prostraram-se e agradeceram a D’us pelo grande milagre.

        O fogo que caiu sobre o altar não desapareceu após queimar os corbanot; permaneceu no altar desde aquela época.
 

Os filhos de Aharon, Nadav e Avihu, são punidos por oferecerem incenso


        Junto com as demais pessoas, os dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, viram como um fogo proveniente do céu desceu sobre o altar no pátio e queimou os corbanot. Mas, enquanto todos se alegravam, Nadav e Avihu ficaram desgostosos.

        Nadav e Avihu eram os homens mais notáveis da nação judaica, depois de Moshê e Aharon; eram ainda mais importantes que os setenta anciãos do Sanhedrin. Sentiam que desejavam aproximar-se mais de D’us, do que simplesmente ficarem parados observarndo o fogo miraculoso que descia do céu. Queriam trazer seu próprio corban para D’us a fim de expressarem seu amor. Também esperavam que ao oferecer um corban adicional, D’us Se revelaria ainda mais a eles.

        Sem conversarem entre si, tanto Nadav como Avihu tiveram a mesma idéia. Cada um pensou: "De todas as oferendas, o incenso é o mais sagrado, e das seções do Mishcan, o Côdesh Hacodashim é o mais santo. Por isso, o maior dos presentes para D’us será oferecer-lhe incenso no Santo dos Santos." O desejo de Nadav e Avihu era bem-intencionado, leshem shamayim. Tinham certeza de que D’us ficaria feliz com este "presente especial", neste oitavo dia da consagração do Mishcan. Como ambos eram grandes sábios do Talmud, acharam muitas boas razões para pensar que seu incenso seria um presente maravilhoso para D’us. Entretanto, cometeram um erro: tinham tanta certeza de que D’us ficaria satisfeito com o presente que não se incomodaram de perguntar a D’us (através de Moshê) se Ele queria este incenso. Nem ao menos pediram a opinião de seu pai, Aharon, que certamente os teria impedido. 

        Talvez não tivessem ousado entrar no Côdesh Hacodashim – a parte mais sagrada do Mishcan, onde até mesmo o Sumo Sacerdote só podia entrar em Yom Kipur – se não tivessem bebido vinho antes. Porém, após beberem, sentiram-se empolgados e não hesitaram em entrar no Santo dos Santos e em oferecer incenso.

        Quando D’us viu que eles faziam a avodá a qual Ele não havia ordenado, disse: "Se os deixar escapar impunes agora, outros judeus pensarão que também podem entrar no Santo dos Santos e oferecer seus próprios corbanot. É melhor que Nadav e Avinu morram do que os judeus acreditem que o Mishcan seja um lugar público, onde podem fazer sua própria avodá na hora que bem entenderem". 

        Um fogo desceu dos céus e dividiu-se em quatro filetes ardentes. Dois deles entraram pelas narinas de Nadav, e dois nas de Avihu. O fogo queimou-os por dentro, mas os corpos e as vestes não foram queimados.

 


D’us recompensa Aharon por aceitar o decreto de D’us sem se queixar

   Aharon compreendeu o ocorrido e não criticou nem sentiu mágoa de D’us em seu coração quando seus filhos morreram, por esta razão foi recompensado. Geralmente D’us falava com Moshê, e Moshê transmitia as palavras de D’us a Aharon. Agora, D’us falou diretamente a Aharon para consolá-lo e honrá-lo. Estas foram as palavras de D’us para Aharon: "Se um cohen bebe um copo de vinho, está proibido de fazer a avodá em seguida."

Por que D’us deciciu formular esta advertência justamente naquele dia?


        A resposta é que os filhos de Aharon, Nadav e Avihu, haviam morrido porque, entre outras razões, haviam bebido vinho antes de fazer uma avodá. Por isso, D’us advertiu Aharon que ele e os outros cohanim jamais deveriam repetir este erro.

        Por que um cohen não pode beber antes de fazer a avodá? Após beber vinho, a mente da pessoa não está perfeitamente lúcida. Por isso, um cohen não está apto a fazer a avodá.

Por que a Torá nos ordena comer apenas alimentos casher 

        Moshê explicou aos judeus: "D’us quer que sejam um povo sagrado. E assim, Ele permite que vocês comam apenas certos animais, aves e peixes. Todos os outros são proibidos para vocês.

"Um não-comprometido com a Toráh, porém, pode comer qualquer animal; por que? 

Uma parábola:

O caso do paciente desenganado
A enfermaria do hospital estava calma. Todos os pacientes olhavam enquanto o médico encarregado ia de cama em cama, examinando cada paciente. Ele dava instruções à enfermeira que o acompanhava.
"Este paciente deve manter uma dieta muito severa," ordenou à enfermeira. "Nenhuma carne, ovos, leite, manteiga – nenhum tipo de gordura."

Andou até a próxima cama e conferiu o paciente e seus registros.

"Enfermeira," ordenou ele, "deixe o paciente comer tudo que desejar. Diga-lhe que já recebeu alta do hospital."
"Que bom!" replicou a enfermeira, "estou feliz por saber que ele está melhor; mas não entendo porque o primeiro paciente deva manter dieta tão restrita."

"Você não entendeu a situação, enfermeira," explicou o doutor. "O primeiro paciente tem um probleminha no coração, mas estou confiante que, se ele seguir uma dieta rigorosa se recuperará. Por isso recomendei uma dieta especial. Entretanto, o segundo paciente é um homem tão doente, que nada mais posso fazer por ele. Não o ajudaria em nada recomendar uma dieta."

A explicação para a parábola
D’us colocou Benê Yisrael numa dieta especial. Se seguissem Sua dieta e comessem apenas os animais que a Torá declara casher, suas almas se manteriam sagradas. Se comessem animais não casher, suas almas se tornariam impuras, perdendo sua proximidade com D’us e com Sua Torá.

Isto se aplica somente aos comprometidos com a Toráh por decreto Divino. Os não- comprometidos com a torah não se beneficiariam com uma alimentação restrita, podendo, portanto, comer o que desejarem.

 

Quais animais são casher e não-casher

Nossa Parashá nos fala de dois sinais pelos quais podemos reconhecer um animal casher:

  1. Os cascos devem ser completamente fendidos, isto é, visualmente divididos em duas partes.
  2. O animal deve ser ruminante, retorna a comida do estômago para a boca e a mastiga uma segunda vez.
    Um animal que mastiga a comida uma segunda vez é chamado de maale guera, ruminante. D’us criou-o de uma maneira especial. Não possui os dentes superiores da frente, mas tem quatro estômagos. Não mastiga bem a comida; ao invés disso, corta-a toscamente. A comida desce para o primeiro e o segundo estômagos. Dali, é empurrada de volta para a boca e o animal a mastiga corretamente. Então a comida desce até o terceiro e finalmente ao quarto estômago, onde é digerida.

Um animal é casher apenas se possuir os dois sinais: ter os cascos completamente fendidos e ser ruminante. Os seguintes animais têm apenas um destes sinais:

  1. O camelo é ruminante, mas seus cascos são fendidos apenas parcialmente; os cascos voltam a unir-se na base novamente.
  2. O texugo também é ruminante, mas seus cascos não são fendidos.
  3. O coelho é ruminante, mas seus cascos não são fendidos.
  4. O porco tem cascos fendidos, mas não é ruminante.

A Torá nos adverte que não devemos ser enganados, por um dos sinais casher desses animais. Se os estudarmos atentamente, veremos que carecem do segundo sinal.

Peixe
Dentre os peixes, um judeu pode comer apenas os tipos que têm tanto barbatanas e escamas. Exemplos de peixe casher: atum, salmão, carpa, arenque, pescada e truta. Exemplos de peixes não-casher são: o bagre, enguia e tubarões.

Quando um judeu vai a uma peixaria cujo dono não é um judeu cumpridor de Torá, não pode adquirir peixe do qual as escamas e barbatanas foram retiradas antes que ele chegasse, mesmo se o dono disser que o peixe é casher.

Aves
A Torá nos fornece uma lista de 24 aves proibidas. São aves de rapina que seguram a presa com suas garras. Dentre elas estão a águia, o corvo e a cegonha. A Torá nos permite comer qualquer ave que não seja uma destas 24 proibidas. Hoje em dia, entretanto, podemos comer apenas aquelas aves que têm uma tradição confiável de serem casher.

Gafanhotos, animais rastejantes e insetos
A Torá permite que um judeu coma quatro tipos de gafanhotos. Apesar disso, atualmente isto nos é proibido pois perdemos a tradição que nos possibilitaria saber quais gafanhotos são casher e quais não o são. 

Insetos são proibidos, também, assim como animais rastejantes como cobras, escorpiões e vermes. Algumas frutas e vegetais podem ter insetos ou vermes dentro deles. Devemos verificar cada um cuidadosamente, e comê-los apenas depois de ter certeza de que estão livres de vermes e insetos.

Assim como a carne de animais não-casher é proibida, também não podemos beber seu leite. Podemos beber leite apenas se for de animal casher, como vaca ou cabra. O leite casher deve ser observado desde o início da ordenha até seu engarrafamento. Apenas desta maneira podemos ter certeza de que nenhum leite de animal não casher foi misturado a ele.

Mel é feito por abelhas, que não são casher. Porém, a Torá nos permite ingerir seu mel.

Alimentos da Alma

    Na porção da Torá desta semana aprendemos muitos dos parâmetros para as leis de cashrut. O Rambam explica que estas leis de animais "puros" e "impuros" são chukim, decretos que D'us nos deu para nosso aprimoramento. Embora não possamos entender os motivos e intenções ocultos nestas leis específicas, mesmo assim as cumprimos, como faríamos com quaisquer outras mitsvot de D'us.

    Rabi Yitschac Abarbanel acrescenta que muitas pessoas poderiam pensar que as leis de cashrut nos foram dadas por razões de saúde. Ele refuta esta teoria por dois motivos. Primeiro, se o propósito destes decretos fosse meramente por razões de saúde, então esta seção da Torá poderia ser resumida a um breve livro médico e o restante descartado. Em segundo, notamos claramente que os não-judeus comem todos os tipos de alimentos e não parecem menos saudáveis do ponto de vista médico.

    Ao contrário, explica Abarbanel, a Torá não está nos ensinando sobre saúde física, mas sobre saúde espiritual. O motivo das leis de cashrut é refinar nossas almas especiais e mantê-las em estado de pureza. Para o descompromissado com a Torah, alimentar-se é um modo de sustentar-se no dia-a-dia; portanto, pode ingerir tudo que desejar. Isso não ocorre com os compromissados com a Toráh cujas almas não podem tolerar todo e qualquer alimento, pois estes estão ligados com sua alma.

    Muitas vezes, quando faço supervisão casher, perguntam-me a razão por que cumprimos casher. Explico da seguinte maneira: Suponhamos que alguém foi ao médico para um exame de rotina. O médico o chama ao consultório e explica que o paciente contraiu uma doença grave, e que para o resto de sua vida deve seguir uma dieta severa e muito limitada. Caso não siga esta dieta especial, os resultados serão desastrosos e a pessoa poderá morrer. É claro que qualquer pessoa racional concordaria imediatamente com a rigidez sobre ela imposta pelo médico.

    De maneira similar, o Supremo Doutor, o próprio D'us, receitou-nos estes alimentos que são benéficos a nosso bem-estar espiritual, e vetou os prejudiciais. Assim como seguiríamos as "ordens do médico" para as doenças físicas, assim também devemos seguir as ordens de D'us sem questioná-las.

    Uma outra teoria por detrás das leis de cashrut é que tornamo-nos aquilo que comemos. Um exemplo disso pode ser visto na explicação de Rashi para a proibição de comer cegonhas. A Torá chama a cegonha de "chasidah" (Vayicrá 11:19), da palavra hebraica chesed, bondade. Citando o Talmud, Rashi explica que a cegonha é chamada pelo seu nome porque demonstra bondade para com outros membros de sua espécie, compartilhando comida com eles. Portanto, a dúvida é evidente: se a cegonha é tão compassiva, por que não é casher? O Rizhiner Rebe explica que isso ocorre porque a cegonha mostra compaixão apenas para os membros de sua espécie, enquanto ignora todos os outros. Para o povo judeu, isto não é um traço digno de admiração, pois temos a obrigação de sermos caridosos com todos.

    Para concluir, vemos que para o povo judeu as leis de cashrut são muito mais que apenas leis dietéticas para assegurar nossa saúde física. Representam uma maneira de aperfeiçoar-nos em nosso esforço de nos aproximar de D'us.

 

        Esta Porção nos apresenta uma relação de animais, pássaros e peixes casher e não-casher, e como identificá-los. Esta lista é básica para as leis de cashrut e estabelece seus fundamentos.
        Nossos sábios escrevem que uma das finalidades da cashrut é a de fornecer-nos um exercício diário em auto controle. Ninguém deve subestimar a importância da auto disciplina. Nenhuma quantidade de doutrinação poderia ter um resultado tão bom quanto as leis dietéticas, que nos dão um regime diário baseado na prática de restrições.

        O judaísmo almeja a santidade e consciência Divina. Ser santo significa ser consciente de D’us a toda hora e em todas as atividades da vida. E nos é ordenado consagrar e santificar mesmo as atividades puramente físicas e comuns.

        Por meio da cashrut a Torá consegue revestir o simples ato da alimentação com o sentido espiritual e o significado de que nossa mesa é um "altar de D’us."

        Rabi Tzvi Ashkenazi foi um dos mais notáveis rabinos e eruditos de Torá de sua época.

        Infelizmente, por causa de sua oposição a Shabtai-Tzvi, o infame falso messias do início do século dezoito – ele foi forçado a fugir de sua cidade de Amsterdã. Ele prometeu à família que, quando estivesse a salvo, mandaria informações sobre seu paradeiro.

        Depois de vagar de um lugar a outro, Rabi Tzvi chegou certa sexta-feira à tarde em Frankfurte-au-Maine. Sem informar a ninguém quem ele era, entrou na sinagoga e juntou-se a um grupo de outros judeus errantes que tinham ido ali para rezar.

        Depois dos serviços, um dos membros importantes da comunidade, Meir Ansgel Tothschild, convidou Rabi Tzvi e diversas outras pessoas pobres para as refeições do Shabat. À mesa do Shabat, Meir Anshel reconheceu que um dos convidados pobres era, na verdade, Rabi Tzvi Ashkenazi, o Rabino Chefe de Amsterdã. Ficou óbvio que o Rabi não desejava que sua identidade fosse conhecida, e portanto tratou Rabi Tzvi como os outros hóspedes.

        Depois do Shabat, Rabi Tzvi desejou ao anfitrião uma "boa semana" e seguiu seu caminho. Meir Anshel não conseguia parar de pensar sobre Rabi Tzvi. Por que ele era forçado a vagar num grupo de andarilhos pobres? Como poderia ter dado a Rabi Tzvi o respeito e a atenção que lhe eram devidos? De repente, Meir Anshel chamou um criado e mandou-o aprontar a carruagem. Acomodou-se nela e saiu.

    Meir Anshel refreou os cavalos quando avistou a figura de Rabi Tzvi caminhando ao longo da Judenstrauss rumo à saída da cidade. Meir Anshel chamou o Rabi e então desceu da carruagem. "Perdoe-me, por favor, caro Rabi. Eu o reconheci à mesa do Shabat mas pude ver que não queria que sua identidade fosse revelada. Portanto, não o tratei com a honra e o respeito que lhe são devidos."

"Eu sabia que você tinha me reconhecido" – sorriu Rabi Tzvi – "e fiquei contente por não trair meu segredo."

"Eu o segui não apenas para me desculpar" – começou Meir Anshel – "mas também para entregar-lhe isso." Com estas palavras, Meir Anshel deu-lhe uma bolsa repleta de moedas de ouro. "Estou certo de que, tão distante de casa, e vagando como está, você achará o dinheiro muito útil."

Rabi Tzvi recusou o dinheiro, não importa o quanto Meir Anshel persistisse.

"O Rei Salomão disse: 'Aquele que odeia receber presentes viverá mais tempo'" – lembrou-o Rabi Tzvi.


        Vendo que não conseguiria fazer Rabi Tzvi aceitar o presente, Meir Anshel colocou a bolsa no chão e disse: "Céu e terra são minhas testemunhas de que estou declarando esta bolsa de dinheiro como sem dono." Meir Anshel despediu-se, subiu na carruagem e voltou para casa.
        Rabi Tzvi ficou por algum tempo contemplando a situação. Decidiu que, como a bolsa agora não pertencia a ninguém, não havia motivo para deixá-la cair nas mãos de pessoas não merecedoras.
        Apanhou a bolsa, olhou seu conteúdo, e ergueu os olhos para o céu. Rezou para que D’us concedesse sucesso nos negócios a Meir Anshel, e que a bênção de sucesso continuasse para seus filhos de netos, por todas as gerações.
        Esta bênção realmente cumpriu-se, pois a partir daquele dia, os negócios de Meir Anshel prosperaram num grau extraordinário. A "Casa de Rothschild" tornou-se famosa em todo o mundo.

 

        A Família Rothschild  é uma família judia, com origem em Frankfurt am Main, Alemanha, que estabeleceu uma dinastia bancária na Europa. Prosperou no fim do século XVIII, e chegou a ultrapassar as mais poderosas famílias bancárias rivais da época, como a Família Baring e a Família Berenberg.

    Acredita-se que quando a família estava no seu auge, no século XIX, possuía a maior fortuna privada no mundo — assim como a mais larga fortuna da Idade Moderna. Acredita-se que a fortuna subsequentemente diminuiu, pois foi dividida entre centenas de descendentes. Hoje, os negócios da família Rothschild estão numa escala muito menor que no século XIX, embora estejam envolvidos em diversos campos, incluindo: mineração, bancos, energia, agricultura mista, vinho e instituições de caridade.

    Os Rothschild participaram dos negócios mais dinâmicos durante a Revolução Industrial,1 em especial a indústria têxtil, que florescia. As tecelagens mecanizadas da Inglaterra produziam tecidos de qualidade em grande quantidade. Os Rothschilds passaram a negociar também essa mercadoria. O comércio do algodão oriundo da América do Norte para as tecelagens na Grã-Bretanha permitiu que a Casa Rothschild criasse vínculos através do Atlântico, com a florescente economia estadunidense.

    Diz-se que fizeram boa parte de sua fortuna no fim das guerras napoleónicas, quando tiveram conhecimento antecipado da vitória da Inglaterra e lançaram um rumor no mercado que Napoleão havia ganho a guerra. Com isto a bolsa caiu quase a zero, e os Rothschild praticamente compraram a economia inteira da Inglaterra. Quando foi dada a verdadeira notícia - a de que a Inglaterra havia vencido a guerra - os Rothschild emergiram como a família mais rica da Europa.

Origem e ascensão do nome Rothschild

O primeiro membro da família que ficou conhecido por usar o nome "Rothschild" foi Izaak Elchanan Rothschild, nascido em 1577. O nome significa "Escudo Vermelho" em alto-alemão antigo. A ascensão da família para a proeminência internacional iniciou-se em 1744, com o nascimento de Mayer Amschel Rothschild em Frankfurt am Main, Alemanha. Foi filho de Amschel Moses Rothschild (nascido circa 1710), um cambista que havia negociado com o Príncipe de Hesse. Nascido no gueto judaico (chamado "Judengasse") , estabelecido pela Igreja em Frankfurt, Mayer construiu uma casa de finanças e espalhou seu império por instalar cada um de seus cinco filhos nos principais centros financeiros europeus, para conduzir negócios.




        Por que razão, ao mesmo tempo que a Torá nos orienta a respeitar os animais e a natureza em geral, o texto bíblico detalha tão profundamente a questão dos sacrifícios (corbanot)? Qual a relação entre o corban e a remissão dos pecados? Porque essa prática não é executada nos dias de hoje?

        Vamos tentar dar uma explicação mais ampla sobre o assunto de sacrifícios. Assim, mesmo que se torne um pouco prolongado, certamente terá paciência de ler tudo.

        Os sacrifícios de animais, aves ou até mesmo de uma pequena medida de farinha e trigo (conforme a possibilidade da pessoa) é um mandamento da Torá conforme consta em vários lugares, especificamente no Livro de Levítico (Vayicrá, 3º Livro da Torá).

Existem vários tipos de sacrifícios e são ofertados por várias razões, entre eles:

a) Sacrifícios comunais, i.e., em nome de toda a congregação, com acréscimo (Mussaf) nos dias especiais.

b) Sacrifícios individuais

1. Para pedir perdão de certos pecados. Neste caso, o sacrifício é aceito somente se a pessoa se arrependeu completamente da falha cometida (e se foi algo contra o próximo, se também se desculpou totalmente e reparou qualquer dano); só então podia o sacrifício trazer o perdão, pois a pessoa precisava estar presente no ato, acompanhando todo o processo e pensando que aquilo que está sendo feito com o animal deveria acontecer para ela por ter pecado contra D'us. Apenas pedir perdão não seria suficiente.

 

Por que os judeus separam a carne do leite?

 

        Consta na Torá: "Não cozerás um cabrito no leite de sua mãe."

Nossos Sábios aprenderam daqui em detalhes a proibição de cozinhar, ingerir ou ter qualquer proveito da mistura de carne e leite.

        As leis de Cashrut embora contribuam para a saúde física do ser humano, não é este seu principal objetivo. Há significados mais profundos, nem todos a nosso alcance.

        D'us criou os seres do mundo em 4 níveis: mineral, vegetal, animal e o ser humano. Cada um foi criado para se elevar e alcançar um nível espiritual acima daquele em que foi criado, aproximando-se desta forma do Criador.

        Quando uma planta é regada, a água, um mineral inanimado, eleva-se ao nível do vegetal. O mesmo ocorre quando um animal se alimenta de plantas. Também o homem tem o dom de elevar seu alimento, e deve também tentar se elevar a um nível acima de seu próprio - o Divino - ligando-se a D'us pelo cumprimento das mitsvot.

    Certos alimentos, porém, foram proibidos pela Torá, pois o Criador das almas sabe que são prejudiciais à alma dos compromissados com a Torah; ou seja, o homem não tem força suficiente para elevá-los. Estes rebaixam o homem a níveis inferiores, afastando-o de D'us.

Um exemplo é a ingestão de sangue, proibida pela Torá. O sangue provém da fonte espiritual de severidade (guevurá). O sangue pode até ser positivo, mas necessita de  uma força muito especial que o homem não possui para elevá-lo. Por isto, era jogado no Altar

 

Sumo-sacerdote

 

"Estas pois são as vestes que farão: peitoral, e efod, e manto, e túnica com cavidades, tiara e cinto, e farão vestidos de santidade para Aarão, teu irmão e para seus filhos, para servir-me." (Êxodo 28; 4)

    "E farás sobre suas orlas romãs de estofo de azul-celeste, e púrpura, e carmesim, sobre suas orlas, em redor, e campainhas de ouro, no meio delas, em redor. Campainha de ouro e romãs sobre as orlas do manto, em redor. E estarão sobre Aarão para servir; e será ouvida sua voz em sua vinda ao lugar da santidade, diante do Eterno, e em sua saída, e não morrerá."(Êxodo 28; 33, 34 e 35.)

 

1ª) O texto anterior está tratando das vestimentas do sumo sacerdote?

2ª) Qual o motivo das romãs e campainhas na vestimenta?

3ª) Qual o significado destes complementos da vestimenta?

4ª) Porque o sacerdote poderia ser morto na sua saída? Quem o mataria?

5ª) Como era feita a manutenção (limpeza, troca das frutas, etc.) nesta vestimenta?

6ª) Há algo nas entrelinhas? E o que está encoberto?

7ª) Para os nossos dias, o que podemos extrair de ensinamento(s) de algo tão antigo?

8ª) Quando o templo for reedificado, que seja em breve e
em nossos dias, estes complementos farão parte da vestimenta do sacerdote?


Respondendo

1º) Ambos os trechos mencionados tratam das roupas do sumo sacerdote.

2º) Um ministro que entra na sala do rei sem aviso está sujeito a pena de morte. Da mesma forma, antes de retirar-se, deve pedir a licença do rei. Os sinos e romãs do manto do sumo sacerdote produziam som. Este som era como se fosse um aviso quando o sumo sacerdote se dirigia e se retirava do local onde trabalhava no Templo.

3º) Nossos Sábios explicam que o manto despertava o perdão sobre o pecado de lashon hará (maledicência). Os sinos de ouro representam uma fala nobre e positiva. As romãs são uma alegoria as pessoas mais simples de Israel, sobre as quais está escrito "Mesmo os vazios de Israel estão repletos de mitsvot como a romã". Daqui aprendemos que não se deve falar negativamente tanto das grandes pessoas, quanto das simples e ignorantes.

4º) O sumo-sacerdote deveria ter plena fé em D'us. Caso duvidasse de alguma coisa na Torá ou nas palavras dos Sábios, seria morto pelos Céus. Entrar sem as oito vestimentas designadas ao ofício do Cohen-Gadol também acarretaria em sua morte.

5º) As romãs eram confeccionadas de fios e não eram frutas. As vestimentas dos cohanim não eram meras roupas. Cada uma delas representava algo profundo e possuía muita santidade. Há inúmeras explicações e lições sobre cada uma destas peças, e para descrevê-las é necessário um estudo a parte. Vamos trazer aqui uma das explicações:

        Cada uma das vestimentas tinha uma força especial de despertar o perdão sobre um pecado específico. A túnica perdoa o homicídio; a calça perdoa relacionamentos conjugais proibidos; a tiara perdoa o orgulho; o cinto perdoa as más inclinações do coração; o peitoral perdoa os julgamentos incorretos; o efod perdoa a idolatria; o manto perdoa o lashon hará; e o tsits, perdoa o desrespeito.

        Em uma análise mais profunda é possível perceber que cada vestimenta tem uma ligação interior com o pecado pelo qual se perdoa.

6º e 7º) Tudo o que está escrito na Torá, por mais que tenha sido entregue há milhares de anos, permanece atual e nos traz várias lições. Novamente, para entendê-las é necessário um outro estudo. Apenas trazendo um exemplo sobre o assunto que mencionamos acima, o fato do Cohen não poder entrar no recinto do Templo sem aviso nos ensina boas maneiras. Quando se trata da propriedade de qualquer pessoa, devemos pedir a permissão antes de entrar nela, e nos despedir ao sairmos.

8º) Com a reedificação do Templo, que seja em breve em nossos dias, o Templo será reedificado e o ofício nele será reconstituído, como outrora

        Esta é provavelmente a pergunta mais antiga na história do pensamento humano. Com toda a certeza é a mais perturbadora, a que mais se faz e a que menos satisfatoriamente é respondida: Por quê, por quê, coisas ruins acontecem a pessoas boas?

Devemos falar a D'us, confrontá-Lo, perguntar a Ele: "Por que existem mal e sofrimento em Teu mundo?"

        Todos fazem esta pergunta - filósofos, teólogos, açougueiros, padeiros e fabricantes de velas. Ninguém consegue realmente respondê-la. A Bíblia devota os 41 capítulos do Livro de Job a este tema, oferecendo diversas explicações interessantes somente para refutá-las todas, chegando finalmente à conclusão que o homem finito não pode entender os caminhos de D'us.

Para muitos, o protesto contra o mal é algo que nasce quando a pessoa se encontra com o sofrimento na vida. Para um verdadeiro líder que sente a dor de seu povo como se fosse sua, é um grito insondável brotando do poço aparentemente sem fundo do sofrimento humano.

Não demorou muito para Moshê lançar aquele grito. Logo depois que D'us apareceu a ele na sarça ardente para designá-lo como libertador de Israel, Moshê estava de volta.

        E Moshê retornou a D'us, dizendo: "Meu D'us, por que fizeste mal a esse povo?! Por que me enviaste? Pois desde que procurei o Faraó para falar em Teu nome, ele tem sido ainda pior com esta nação; e Tu não salvaste o Teu povo!" (Shemot 5:22-23).

        E qual foi a resposta de D'us?

        Espere só mais um pouco e verá que no fim tudo dará certo. Palavras encorajadoras, especialmente quando vindas do próprio D'us; porém ainda nenhuma resposta para a suprema dúvida.

        Foi uma falha da parte de Moshê, quando ele protestou pela maneira de D'us agir? Uma rápida leitura das explicações do Talmud e Midrash sobre o diálogo de Moshê com D'us sugeriria que foi. Moshê é criticado por não ter fé equivalente à fé inquestionável dos Patriarcas, por alguns padrões, ele chega a ser punido por sua declaração. Porém uma regra fundamental do ensinamento da Torá é "a Torá não fala de maneira negativa nem mesmo de um animal impuro", a menos que haja uma lição positiva, construtiva, a ser derivada. Então com que finalidade a Torá nos relata a "falha" de Moshê?

Alguns diriam que isso foi para ensinar que mesmo homens notáveis, como Moshê, podem ter dúvidas e desespero.

        O Lubavitcher Rebe, no entanto, tem uma abordagem diferente. O protesto de Moshê a D'us, diz o Rebe, não foi uma falta de fé, mas um ato de fé da mais alta ordem.

        De fato, a pergunta/protesto/desabafo: "Por que Tu fizeste mal a Teu povo?!" pode brotar apenas da boca de um verdadeiro líder. Aquele que não crê, também, pode sentir-se ultrajado pela crueldade e sofrimento que existe em abundância no mundo, mas justamente com quem ele está ultrajado? As voltas cegas do destino? O deus alheio e impessoal da lei física e do processo evolutivo? O arranjo aleatório das ocorrências que formam o universo?

Aquele que verdadeiramente acredita, por outro lado, sabe que tudo que acontece é porque foi ordenado lá do Alto. Ele sabe que D'us é a essência do bem e que somente o bem flui d'Ele.

        Mesmo pessoas que acreditam em D'us não estão necessariamente propensas a confrontá-Lo como fez Moshê. Elas podem não acreditar que Ele é realmente responsável por tudo que ocorre no mundo. Podem não estar convencidas de Sua suprema bondade. Podem pensar que é inútil protestar a Ele, pois Ele na verdade não Se importa com aquilo que eles sentem a respeito disso. Ou talvez tudo esteja perfeitamente bem em suas vidas, e o que está acontecendo ao resto do mundo simplesmente não lhes diz respeito.

        Aquele que verdadeiramente acredita, por outro lado, sabe que tudo que acontece é porque foi ordenado lá do Alto. Ele sabe que D'us é a essência do bem e que somente o bem flui d'Ele. E sabe também que o homem pode falar com D'us e esperar uma resposta a suas súplicas. Portanto, pode apenas clamar: "Meu D'us, por que fizeste mal a Teu povo?!"

    É isso que devemos aprender com Moshê. Devemos falar a D'us, confrontá-Lo, perguntar a Ele: "Por que existem mal e sofrimento em Teu mundo?"

Não sabemos o suficiente para compreender a resposta; devemos, no entanto, acreditar e nos importar o suficiente para fazer a pergunta.

Famoso cabalista, escritor e compositor. É fundador do Gal Einai Institute em Israel.


A cura óbvia para uma auto-estima arruinada é redobrar os esforços para espiritualizar a própria vida e realinhar sua consciência com sua alma Divina.

        A chave para o aperfeiçoamento do caráter é reconhecer a própria inferioridade existencial. Para ter certeza, a base de todo o serviço Divino é o reconhecimento do próprio valor intrínseco. Todo judeu possui uma alma Divina singular, completa, com uma série das mais sublimes e nobres habilidades de intelecto e emoção, e este fato em si o dota com um potencial e valor inestimáveis. No entanto, a grandeza acarreta grandes expectativas, e assim a própria conscientização de nosso notável valor paradoxalmente nos torna dolorosamente conscientes do quanto a traímos.

    De fato, quanto mais a pessoa se sintoniza e avalia a nobreza de sua alma Divina, mais decai sua auto-estima quando avaliada contra o registro de sua fidelidade a ela.

        O Rei David resume esta humildade. Quando punido por sua esposa, Michal, por aparentemente aviltar o ofício de rei dançando publicamente perante a Arca da Aliança, ele declarou: "Eu sou [e sempre serei] inferior a meus próprios olhos" (Samuel II 6:22).

        O constrangimento essencial de alguém perante D'us é que a vasta maioria dos pensamentos e sensações na vida são carentes da Divina consciência. A fé judaica afirma que "não há espaço sem Ele" (Tikunei Zohar 57 [91b]), "sendo que "espaço" não significa apenas espaço físico, mas também espaço psicológico (Sod Hashem Lireiav, cap. 3).

        Todo pensamento e sensação ocupam espaço na consciência da pessoa. Nosso propósito na terra é preencher tal espaço com a conscientização da onipresença de D'us. Quando deixamos de fazê-lo, ficamos perante D'us como um recipiente vazio de Divindade, e portanto repleto de vergonha, pois assim como a natureza abomina um vácuo, a mente não pode permanecer vazia. Se não é preenchida com pensamentos sagrados, ficará - por omissão - repleta de pensamentos profanos.

        Quando a pessoa está consciente da própria inferioridade, não faz mais exigências aos outros, nem espera receber coisa alguma deles; sabe que não merece "nada". Isso se aplica também ao relacionamento da pessoa com D'us.

        Na mesma medida que alguém cultiva a verdadeira humildade, considerará toda a infinita bondade que D'us lhe demonstra no decorrer da vida como não sendo merecida (como está declarado em Tehilim 16"2): "Tu não me deves a bondade que eu recebo").


A fúria e a depressão resultam da frustração gerada pela crença que realmente se merece algo melhor neste mundo, e seu direito presumido de gratificação está sendo infringido. Atitudes corretas, em contraste, possibilitam que a pessoa seja sincera e continuamente feliz e otimista.

Esta humildade também foi exemplificada pelo Patriarca Yaacov. Quando ele estava para enfrentar seu irmão Essav após ter fugido dele por trinta e quatro anos, rezou a D'us pedindo proteção, dizendo: "Tenho sido humilhado por toda a amorosa bondade e verdade que Tu tens feito para Teu servo" (Bereshit 32:11).

Ele sentia que, quaisquer que fossem os méritos que poderia ter possuído, já teriam mais que se exaurido pela bondade infinita que D'us tinha lhe concedido até então.

        A Torá declara que esta atitude é um traço dominante do povo judeu: quanto mais bondade recebe, mais humilde se torna. No comentário de Rashi sobre a Escritura, ele explica: "'Vocês são o mais inferior de todos os povos' (Devarim 7:7) por vocês [pela sua própria natureza] estão continuamente se depreciando, como fez Avraham ao dizer: 'Pois eu sou poeira e cinzas' (Bereshit 28:27), e como disseram Moshê e Aharon: 'O que somos nós?' (Shemot 16:7)."

        Em contraste, uma má característica é quando o sucesso engrandece o ego, pois este conceito auto-exaltador convence a pessoa que todas suas realizações e fortuna devem-se a seus próprios esforços e méritos (Tanya, Iguêret HaKôdesh, capi. 2).

De modo contrário, quando acontecem coisas más, a pessoa humilde imediatamente assumirá a responsabilidade, presumindo que D'us a está fazendo sofrer a fim de efetuar a expiação (Tanya, Iguêret HaTeshuvá, capi, 11).

        Lançar todas as exigências da pessoa sobre D'us e o homem, enquanto também aceita a responsabilidade pelo infortúnio pode poupar a alguém a dor de ser ferido ou ofendido na vida. A fúria e a depressão resultam da frustração gerada pela crença que realmente se merece algo melhor neste mundo, e seu direito presumido de gratificação está sendo infringido. Atitudes corretas, em contraste, possibilitam que a pessoa seja sincera e continuamente feliz e otimista.

        A humildade que acabamos de descrever contrasta completamente com os tristemente comuns abismos psicológicos da autodesvalorização, e baixa auto-estima. Estes resultam da dessensibilização à espiritualidade, na qual alguém perde sua conexão ou identidade com sua alma Divina ou permite que se torne enfraquecida. Quando menos a pessoa se identifica com sua alma Divina, mais se concentra em sua natureza animal, que ele corretamente entende como um complexo labirinto de ânsias e desejos básicos. Quando isso acontece, uma depressão profunda e subjacente justifica sua consciência e inevitavelmente lhe traz um sutil senso de desespero para com a vida cotidiana; um desespero que pode às vezes aflorar e se manifestar de diversas maneiras. A cura óbvia para uma auto-estima arruinada, portanto, é simplesmente redobrar os esforços para espiritualizar a própria vida e realinhar sua consciência com sua alma Divina.

        O cultivo da auto-estima adequada, equilibrado com a correta humildade sob o ponto de vista da Torá, é um dos principais desafios que os pais enfrentam ao criar e educar seus filhos. Numa escala menor (porém não menos importante), amigos, parceiros comerciais e, evidentemente, cônjuges, podem também minar ou reforçar a auto-imagem positiva e adequada, bem como o senso de humildade da pessoa. Tendo em vista a importância da humildade nos relacionamentos da pessoa, tanto com o próximo como em relação a D'us, é claramente essencial cultivá-la continuamente.

        A respeito do casamento: Quando existe conflito entre marido e mulher, cada qual deveria considerar-se a causa primária da dificuldade, como foi dito acima. Se isso não basta para resolver o problema, o próximo pensamento da pessoa deveria ser: "O que me faz pensar que eu, por direito, mereço ser tratado de modo melhor que esse?" A pessoa deveria se lembrar que tudo que é seu, foi um presente que nada fez para merecer, concedido por D'us. Isso inclui também o cônjuge e os filhos, juntamente com suas possessões materiais e espirituais.

        Ser inteligente e correto são dois conceitos com os quais convivemos diariamente. Cada um de nós, à nossa própria maneira, tenta viver de modo tal que reflita tanto profundidade intelectual quanto comportamento virtuoso. Muitos acreditam que habilidade intelectual produz a ação correta, e de fato, o indivíduo inteligente tem a oportunidade de avaliar suas ações para assegurar-se que o resultado será correto.

        Porém é possível que habilidade intelectual seja a base da ação correta? E quanto àqueles que não foram abençoados com uma mente rápida? As pessoas mais lentas estão fadadas a ser "os perversos" de nossa geração?

        Sobre este tópico, há uma famosa parábola judaica que ilustra claramente o relacionamento entre inteligência e integridade.

Certa vez, dois eruditos estavam sentados discutindo vários tópicos da Torá. O anfitrião trouxe uma chávena de chá a cada um dos distintos sábios. Em seguida, voltou com um prato contendo dois deliciosos biscoitos, um para cada visitante.

        Um dos biscoitos era obviamente maior que o outro, e o menor deles estava um tanto esmigalhado. Cada um dos eruditos olhou para o prato e constatou a desigualdade. As regras da etiqueta exigem que a pessoa que se serve primeiro, como prova de finesse, deve pegar o menor, demonstrando assim consideração e estima pelo amigo. Não somente isso, como também era costume que o erudito mais notável se servisse em primeiro lugar. No entanto, não seria de bom tom declarar-se um erudito mais importante, pois isso trairia a fachada de humildade que cada sábio mantém sobre si mesmo.

        Cada um deles queria o biscoito maior, e portanto nenhum ousava servir-se primeiro.

Ambos os eruditos esperaram pacientemente que o outro pegasse o biscoito, Porém nenhum esticou a mão para apanhá-lo.

    "Rabi Yankel, por gentileza, o senhor é um renomado erudito, queira servir-se primeiro."

"Não, meu caro Rabi Schmendel, sou como o pó de suas botas. Deve servir-se antes de mim."

    E assim foi, cada qual tentando convencer o outro a servir-se em primeiro lugar.

Sentaram-se então em silêncio por alguns instantes. Finalmente, um dos sábios esticou a mão e agarrou o biscoito grande.

        Enquanto o levava até a boca, o outro exclamou: "Não acredito que o senhor cometeu ato tão inconveniente! O senhor, um verdadeiro erudito de Torá, de família tão distinta, como pôde comportar-se de maneira degradante, pegando o biscoito maior?!?"

"Ora, caro amigo, o que teria feito em meu lugar?"

" Se eu tivesse me servido primeiro, obviamente teria pegado o biscoito menor" - explicou o amigo.

"Hummm" retorquiu o primeiro - "neste caso, do que reclama? Não recebeu o biscoito menor?"

A moral:

        Vivemos segundo diversas regras e costumes. A diferença entre pessoas simples e homens inteligentes é que o simplório não tem os argumentos para justificar sua transgressão. Uma pessoa inteligente pode fazer com que seu erro não pareça ser um erro, e um indivíduo extremamente sagaz pode nos convencer que, não somente aquilo não foi uma transgressão, como na verdade foi um ato correto. E uma pessoa excepcionalmente inteligente pode nos fazer acreditar que, não somente nenhum erro foi cometido, e ele não apenas é um homem íntegro, como na verdade aquilo foi feito única e exclusivamente para nosso próprio benefício.

        Durante a Inquisição Espanhola, muitos dos eruditos converteram-se ao Cristianismo, ao passo que as pessoas simples deram a vida para santificar o Sagrado Nome de D'us, sofrendo mortes horríveis e proclamando Shemá Yisrael enquanto a alma abandonava seu corpo sofrido. Aquelas pessoas inteligentes convenceram a si mesmas que era melhor converter-se que morrer, que sua conversão era apenas uma fachada. Os indivíduos mais simples não puderam se convencer disso - a conversão era estritamente proibida.

        Obviamente, D'us criou os homens com capacidades intelectuais variadas. Ele espera que nós, não importa se intelectualmente aguçados ou vagarosos, nos comportemos de maneira íntegra.

        Nossa tarefa é não sermos levados por pessoas habilidosas que tentam nos fazer acreditar que suas ações são corretas. E mais ainda, cabe às pessoas realmente inteligentes não se deixarem convencer por sua própria inteligência de que estão sempre corretas. Uma pá é uma pá, e um pecado é um pecado.

        A carne Casher é singular em todos os aspectos, desde o tipo de animais que são permitidos até a maneira como são abatidos e preparados para o consumo. Os alimentos à base de carne são cozidos, manuseados e ingeridos separadamente dos alimentos à base de laticínios. Além disso, é exigido um período de espera de seis horas após comer todos os tipos de carnes e aves antes que qualquer laticínio possa ser ingerido.

        Somente os animais que ruminam e possuem cascos fendidos (os dois sinais mencionados na Torá) são Casher. Vacas, carneiros e cabras servem como exemplos. Um animal que tenha apenas um dos dois sinais não é Casher. Uma vez que as leis da Torá são exatas, tendo sido projetadas pelo próprio Criador, com certeza há um motivo por que estes dois sinais foram escolhidos.

Obtenha mais informações nos links a seguir:

Curiosamente, a Torá enumera apenas quatro animais que ruminam ou possuem os cascos fendidos, mas não atendem a ambos os requisitos: o porco, o coelho, o camelo e a lebre. Apesar do grande progresso no conhecimento científico e da exploração dos mais remotos recantos do mundo pelo homem, nenhuma outra criatura com apenas um destes sinais foi descoberta.

Uma dimensão espiritual

Nossos sábios comentaram sobre a relação entre o tipo de alimento que comemos e o estado de nosso refinamento espiritual. Isto é particularmente verdadeiro a respeito da carne; o cuidado com que devemos encarar o consumo de substâncias de origem animal se reflete nas diversas leis que se relacionam com a carne, mesmo de animais Casher.

A carne não é proibida; seu consumo é permitido desde os dias de Noach (após o Dilúvio), mas com certas limitações. As leis dietéticas e a proibição da crueldade contra os animais nos impedem de comê-la sem uma reflexão prévia e uma preparação adequada. Uma das Sete Leis de Noach, que a Torá determina para toda a humanidade, é a proibição de comer a carne de um animal vivo. De acordo com a missão judaica de ser "uma nação de sacerdotes e um povo sagrado," a Torá confia a nós um conjunto de leis ainda mais rigorosas com relação a comer carne.

Nossa adesão às leis da Cashrut não depende de nosso entendimento intelectual, mas de nosso desejo de cumprir os mandamentos de D'us. Não obstante, de acordo com o Rambam (Maimônides) "...cabe aos homens meditarem sobre as leis de nossa sagrada Torá e conhecerem seu significado mais profundo tanto quanto lhes for possível.'

De acordo com isto, nossos sábios extraíram conclusões sobre os tipos de animais que podemos comer, e aqueles que somos proibidos de comer. Os animais permitidos são, em princípio domesticados e herbívoros, enquanto somos proibidos de comer animais selvagens e aves de rapina, para que não incorporemos sua natureza feroz e violenta a nós mesmos. A carne dos animais proibidos, de acordo com o misticismo judaico, "embota o coração" ou bloqueia sua sensibilidade aos assuntos espirituais.

No que concerne aos animais permitidos, temos mais uma restrição quanto a comer o sangue do animal.

"Não comereis sangue, seja de ave ou quadrúpede." (Vayicrá VII:26).

Nossa linguagem reflete a associação do sangue com as paixões e instintos animais, como nas expressões "de sangue quente " ou 'fazer o sangue ferver'.

Nachmânides, no comentário da Torá, explica que o alimento ingerido afeta nossa alma e que, uma vez que a carne de um animal absorve suas características, devemos ter cuidado sobre qual tipo e que parte do animal iremos comer e fará parte de nós. Outra explicação é que, uma vez que o homem é a única criatura de D'us que reconheceu seu Criador, foi-lhe permitido comer a carne de outra criatura; mas é considerado bárbaro comer sangue, pois este equivale à própria vida da criatura, pois está ligado à sua alma.

As leis sobre carne e aves Casher

        A categoria "carne" inclui a própria carne, as aves e os subprodutos, tais como ossos, sopas e molhos. Qualquer alimento feito de carne ou aves ou de produtos de carne e aves, é considerado como sendo de carne (fleishig ou Bessarí). Até mesmo uma pequena quantidade de carne em um alimento torna-o Bessarí. Todas as carnes, aves e componentes da carne em qualquer produto, inclusive itens tais como pílulas hepáticas, devem estar de acordo com os seguintes requisitos para serem considerados Casher:

  • A carne deve ser de um animal que rumina e possui cascos fendidos. Vacas, carneiros e cabras são Casher.
  • As aves Casher são identificadas por uma tradição transmitida de geração para geração e é universalmente aceita. A Torá especifica as aves que são proibidas, incluindo todas as aves de rapina ou que se alimentam de carniça. Entre as aves Casher estão incluídas as espécies domésticas de frangos, patos, gansos e perus.
  • 0 animal ou ave deve ser abatido e examinado de acordo com as normas alimentares da Torá por um Shochet, uma pessoa temente a D'us e perito altamente treinado no abate Casher.
  • As porções permissíveis do animal e da ave devem ser adequadamente preparadas antes do cozimento. Todos os utensílios devem ser Casher.

As leis da Cashrut não são apenas uma disciplina externa; elas visam refinar a personalidade e intensificar a receptividade espiritual. A Torá é baseada na conexão entre o corpo e o espírito. O corpo não deve ser desprezado ou menosprezado, mas deve ser usado como veículo a serviço de D'us. As leis físicas detalhadas acerca da carne Casher estão, assim, diretamente relacionadas aos mais elevados conceitos espirituais.

Leis do Abate

Os requisitos para a preparação da carne Casher

As leis de cashrut devem ser permanentemente estudadas e as seguintes condutas devem ser cuidadosamente observadas:

Shechitá - o abate ritual de um animal Casher; um processo regido a cada passo por uma série de leis complexas. E executada por um Shochet, um homem temente a D'us e observante da Torá, que possui um alto grau de destreza nas leis e práticas da Shechitá. Sua rapidez e precisão, juntamente com uma lâmina perfeitamente lisa - a qual é exigida pela Lei Judaica - protegem o animal, tanto quanto possível, da dor e do sofrimento.
Bedicá - é a inspeção dos órgãos internos, à procura de doenças ou ferimentos potencialmente fatais, que desqualificariam o animal. A maior parte das anomalias que torna um animal não- Casher não são aceitas como tal perante a lei norte-americana, e quando um inspetor do governo condena um órgão, é quase sempre apenas aquela parte. Entretanto, segundo a Lei Judaica, certas moléstias ou imperfeições em qualquer parte do corpo tornam o animal inteiro impróprio para o consumo.
Nicur - implica na remoção de certas veias e sebos proibidos da carne. São extremamente predominantes nas partes traseiras e, devido à complexidade envolvida em sua remoção, estas partes do animal não são, em geral, vendidas como Casher.
Melichá - também conhecida como "casherização' é a imersão e o salgamento da carne depois que todas as veias e gorduras proibidas foram retiradas. o processo de casherização consiste dos seguintes passos: lavagem, imersão (trinta minutos na água), salgamento (uma hora no sal) e tripla lavagem. A carne é salgada dentro do período de 72 horas após o abate. o fígado não é casherizado da maneira habitual, porém grelhado separadamente em fogo exposto. Ambos os processos servem para remover os últimos traços de sangue da carne. Todo este processo normalmente já é feito pelos próprios açougues casher.

IMPORTANTE: Sobre qualquer dúvida, maiores detalhes e estudo de leis da cashrut que são muito mais abrangentes que este artigo, um rabino ortodoxo deve ser sempre consultado.

Isto também é válido no caso em que uma pessoa precise casherizar a carne, ou para aqueles que precisam seguir uma dieta isenta de sal sobre como proceder.

Cortes de carne mais comuns da parte permitida do animal Casher

Pescoço - é a continuação do peito. As fibras são bem irrigadas de gordura. Serve para pratos que exijam bons molhos e dá ótimos resultados em ensopados, cozidos, picadinhos e carne de panela.
Acem - é o maior pedaço do dianteiro. Quando tirado de um animal novo pode ser utilizado em bifes. A carne é macia, bem marmorizada, o que possibilita um cozimento longo sem ressecamento. é usado para ensopados, picadinhos, bife de panela e carnes de panela recheadas e com molho.
Peito - por sua espessura, largura e formato é a melhor peça do dianteiro para se preparar carne recheada enrolada. A gordura superficial evita seu ressecamento durante o cozimento, prestando bom a cozidos. Pode ser formado de músculos e fibras mais duras. Usa- se ainda para sopas.
Braço (Pa ou Paleta) - mais musculoso que o acém, tem gorduras e nervos suficientes para assegurar-lhes o sabor. Divide-se em 3 partes: miolo do braço, parte central e o peixinho. Sendo uma peça saborosa não muito macia, é apropriada para moer, ensopar e fazer molhos.
Capa de Filé - de textura desigual coberta por uma espessa camada de gordura e de carne. identificada por uma grossa cartilagem que divide a peça. Indicada para pratos com molhos de cozimento mais longos, para ensopados e picadinhos.
Músculos - peça saborosa e ideal para o preparo de molhos, ensopados, carnes do panela. sopas. o músculo com osso e tutano na parte interior chama-se ossobuco. As leis do abate do animal é praticada por um shochet, um homem temente a D'us e observante da Torá, que passa anos de sua vida exercitando e estudando as leis.

Aves Casher

As leis referentes aos processos de abate e casherização de frangos e outras aves são praticamente idênticas às que se aplicam à carne. Um cuidado especial é tomado ao salgar os frangos, para assegurar que seu interior esteja bem limpo e que o sal tenha chegado bem ao fundo de todas as cavidades da galinha e entre as saliências.

Frangos inteiros, mesmo se casherizados, são muitas vezes vendidos com um saquinho de miúdos e outro com fígados dentro da cavidade do corpo. o saquinho com o fígado tem que ser removido antes do cozimento, pois o contato com o fígado cru pode tomar a galinha Taref. Se a galinha for imersa em água quente ou cozida sem a remoção do fígado, um rabino ortodoxo deverá ser consultado.

Muito embora os frangos Casher sejam cuidadosamente verificados pelas pessoas que os processam para assegurar que a ave esteja livre de doenças ou de ferimentos graves, ocasionalmente podem ocorrer descuidos. Se for notado um osso quebrado ou deslocado, sangue, pus ou uma descoloração em volta da extremidade da coxa ou ao redor de uma ferida, um rabino ortodoxo deverá ser consultado. Estes problemas podem tornar todo o frango não- Casher.

Ao comprar uma galinha pré-embalada, esta deverá possuir um selo de Cashrut confiável.

Casherização do fígado

O fígado tem sangue demais para ser removido somente pelo salgamento. Por isso deve ser salpicado com sal grosso e grelhado no fogo. Os pedaços de fígado não devem ser muito grossos para que o calor penetre. A grelha deve ser casherizada no fogo antes de ser reutilizada. Consulte um rabino ortodoxo sobre os detalhes deste procedimento.

Fonte:   Chabad

            Talmud

            Midrash

            Pirke avot

            Torah

            Bíblia