Terumá-quarta

01/02/2014 22:20

                   

 

A mesa

Após a arca, D'us ordenou a Moshê; "Faça uma mesa, e ponha na seção côdesh do Tabernáculo. Sempre deve haver doze fornadas de pão sobre a mesa."

A mesa era feita de madeira e coberta de ouro. A borda superior estava magnificamente filetada a ouro. Duas varas de madeira recobertas de ouro passavam por aros de ambos lados da mesa. A mesa também possuía cinco prateleiras para acondicionar os pães.

Os pães da proposição

D'us instruiu Moshê: "Você deve colocar doze formas de pães sobre a mesa."

Estes pães têm o nome 'Hapanim' (faces) derivado do fato de que possuem "duas faces". Eram moldados em forma de uma matsá grossa e quadrada, com ambos extremos dobradas para cima.

Uma família de cohanim era encarregada de assar os pães. Assavam-nos em cada véspera de Shabat, em formas de ferro. Depois de assados, eram transferidos para moldes de ouro, e trazidos à mesa nestes. Eram então removidos do molde. Dois pães eram colocados diretamente sobre a mesa. Os outros dez eram colocados sobre cinco prateleiras sob a mesa, duas formas em cada prateleira.

D'us ordenou: "Que haja pães sobre a mesa constantemente!" A mesa nunca podia ficar vazia. Por conseguinte, os pães novos eram colocados antes dos velhos serem retirados. (Os pães permaneciam sobre a mesa mesmo quando a nação de Israel viajava.)

Os cohanim que estavam de turno no Tabernáculo comiam as fornadas velhas. Era difícil crer que este pão já tinha uma semana. Pois quando os pães eram retirados da mesa depois de uma semana, nunca estavam duros, rançosos ou mofados. Tinham o sabor de frescos como se tivessem acabado de sair do forno!

Sobre a mesa também se colocavam duas tigelas cheias de levoná (uma especiaria). Cada Shabat, antes que os cohanim comessem dos pães, as especiarias eram queimadas e desprendiam aromas deliciosos. Somente depois, era lhes permitido comer dos pães.

O que a mesa simbolizava

Quando D'us criou o mundo, trouxe o universo à existência a partir de um vácuo absoluto. Ou seja, criou algo do nada. Desde então, quando deseja realizar uma multiplicação miraculosa, Ele faz com que isto flua de algo já existente e não mais algo proveniente do nada.

A mesa era o meio através do qual a bênção dos alimentos fluía para o mundo inteiro. D'us, por isso, ordenou que esta jamais deveria ficar vazia, pois Sua bênção paira apenas numa matéria com substância.

Isto é ilustrado através do relato sobre o profeta Elishá, que disse a uma mulher pobre que ela deveria ter algo em casa sobre o qual a bênção de D'us pudesse pairar:

A viúva do profeta Ovadyá clamou a Elishá: "Meu marido morreu," disse-lhe, "e você sabe quão grande era seu temor a D'us. Foi forçado a emprestar dinheiro a juros; pois sustentava cem profetas que escondia em duas cavernas, para protegê-los da perseguição a que estavam expostos. Agora, seus credores vêm tomar meus dois filhos como escravos!"

"O que você tem em casa?" - perguntou-lhe Elishá.

"Não tenho nada, exceto uma jarra de óleo," replicou a mulher.

Elishá ordenou-lhe: "Vá e peça emprestado utensílios vazios de todos os vizinhos - muitos! Leve-os para casa e feche a porta, ficando em casa com seus dois filhos. Despeje desse óleo em cada recipiente, e separe os que estiverem cheios!" A mulher fez como Elishá instruíra. Os filhos trouxeram-lhe mais recipientes. Não importa o quanto despejasse, o óleo do recipiente original continuava fluindo. Encheu todos esses recipientes, e mandou seu filho trazer mais. "Não há mais recipientes!" - respondeu. Então o óleo parou de fluir. A mulher foi a Elishá e disse-lhe sobre o milagre. "Vá e venda o óleo," disse-lhe, "e pague seu débito. Você e seus filhos viverão do restante."

Ao recitar a bênção após as refeições, nunca deve-se deixar a mesa sem alimento algum, uma vez que a bênção de Cima não paira sobre uma mesa vazia.

Em outra manifestação mais visível deste milagre, o Talmud relata que um cohen que tivesse comido mesmo um pequeno pedaço do pão da proposição, sentir-se-ia totalmente satisfeito. O pão se tornava abençoado em suas entranhas.

Enquanto o Templo Sagrado existia, a mesa irradiava bênção para os alimentos da terra de Israel inteira. Mesmo quando o povo judeu semeava pouco, colhia enormes quantidades.

No Tabernáculo do deserto havia uma única mesa. O Rei Salomão colocou dez mesas no Templo Sagrado, pois havia recebido isto como tradição de Moshê.

No deserto, onde o povo de Israel era amplamente provido de alimento através da maná, precisava apenas de uma mesa. Em Israel, contudo, os judeus necessitavam de uma bênção maior para assegurar-lhes abundância. Por isso, D'us ordenou que fossem instaladas dez mesas no Templo Sagrado, para irradiar maior bênção às colheitas.

Como proceder agora que já não temos esta mesa

Hoje, não mais possuímos a mesa para trazer bênção sobre nosso alimento. Em seu lugar, a mesa na casa de cada um é sua fonte de bênção. Afortunado é o homem em cuja mesa encontram-se duas coisas: palavras de Torá e uma porção para o pobre.

Se uma pessoa conduz sua mesa dessa maneira, dois anjos aparecem ao final da refeição. Um exclama: "'Esta é a mesa posta perante D'us'. Que possa sempre desfrutar das bênçãos Celestiais!" O segundo anjo repete suas palavras e conclui: "Que possa esta mesa ser posta perante D'us neste mundo e no mundo vindouro!"

Ravá e o pobre homem "fino"

Quem dá de comer ao necessitado, não deve orgulhar-se achando que está tirando de suas posses para alimentá-lo. Na realidade, D'us é Quem provê a todos e Ele utiliza o indivíduo que pratica tsedacá (caridade) apenas como intermediário da Sua bondade.

Bateram à porta da casa de Ravá, um dos grandes Sábios. Um pobre estava de pé junto à porta, a mão estendida: "Dê-me algo de comer, por favor!" - suplicou. Ravá o convidou a entrar. "Serviremos comida logo," disse. "Que tipo de comida estás acostumado a comer?"

"Bem, como prato principal costumo comer galinha gorda, assada, e uma garrafa de vinho velho," respondeu o mendigo.

Ravá ficou surpreso: "Mas é comida fina", disse. "É cara. Não achas que fica mal desfrutar de comidas tão caras com dinheiro de caridade?"

O homem replicou: "Como a comida é de D'us, é Ele que usa as pessoas como Seus mensageiros para dar-me comida. D'us provê a todos no mundo do alimento que necessitam. Necessito uma galinha gorda e vinho velho para me manter saudável e bem, de modo que tenho direito de pedi-los."

Enquanto discutiam esta questão, bateram à porta. Entrou a irmã de Ravá. Não tinha visitado a casa do irmão pelos últimos treze anos. Trazia uma cesta para Ravá. Entregou-lhe a cesta, dizendo: "Trouxe-te um presente."

"Obrigado", disse Ravá, abrindo a cesta. Qual não foi sua surpresa ao ver que continha uma galinha assada, bem gorda, e uma garrafa de vinho velho!

Ravá virou-se para o mendigo e disse: "Devo-te desculpas. Esta comida foi claramente enviada a ti por D'us. Tinhas razão; D'us dá a cada um a comida que precisa. Tu confiaste n'Ele, e por isso Ele te enviou a comida. Senta-te e come."

Deste relato aprendemos que quando damos comida ou dinheiro a pessoas que necessitam, devemos considerarmo-nos os mensageiros de D'us, que distribuem Suas dádivas.

 

O candelabro

D'us ordenou a Moshê que colocasse uma menorá (candelabro) perto da mesa no Tabernáculo. Explicou a Moshê: "Será de ouro maciço e terá sete braços. Todos os braços terão três tipos de ornamentos:

• Taça

• Botão

• Flor

Toda a menorá, inclusive os ornamentos, deve ser feita de um bloco único de ouro sólido."

No alto de cada braço deveria haver uma lâmpada, um pequeno recipiente para conter o azeite e o pavio.

Moshê não sabia como fazer a menorá. D'us mostrou-lhe uma visão Celestial de uma menorá de fogo branco, vermelho, verde e preto. D'us também explicou-lhe sua construção. Não obstante, Moshê encontrou dificuldade em executar o comando de D'us.

Por isso, D'us disse a Moshê: "Tudo o que precisa fazer é atirar a barra de ouro no fogo. Dê-lhe um golpe com o martelo, e uma menorá pronta emergirá!" Moshê pegou um bloco de ouro, jogou-o no fogo e rezou: "Mestre do Universo! O ouro está no fogo! Faça com ele conforme Seu desejo!"

Imediatamente, uma menorá completa apareceu do fogo.

É assim que D'us tipicamente realiza milagres: primeiro, o Homem deve fazer o que pode, então D'us vem ajudá-lo. Similarmente, na abertura do Mar vermelho, D'us ordenou que Moshê abrisse as águas erguendo seu cajado. E foi apenas depois que Moshê o fez que D'us realizou o portentoso milagre. No Egito, e através dos anos, no deserto, Moshê realizou atos que resultaram em milagres. D'us é Quem realiza os milagres, porém Ele quer que o homem os inicie.

O milagre da luz do meio da menorá

Quando o cohen enchia as sete lâmpadas da menorá de azeite à tarde, vertia a mesma quantidade de azeite em cada uma. Na manhã seguinte, seis das luzes se haviam consumido, mas a luz do meio estava acesa. O cohen utilizava a luz do meio para acender as outras seis luzes. Então apagava a luz do meio e voltava a acendê-la. D'us milagrosamente mantinha constantemente acesa a luz do meio.

O que a menorá simbolizava

A menorá representava a sabedoria da Torá, que é comparada à luz.

Um judeu poderia crer que pode ser um fiel observante de mitsvot (preceitos), mesmo sem estudar Torá. Para ilustrar a falácia de tal raciocínio, Salomão comparou as mitsvot à luminárias. ("Pois a mitsvá é uma lamparina e a Torá é luz", Mishlê 6:23). Uma luminária não brilhará, a não ser que seja acesa. Similarmente, a pessoa não pode observar as mitsvot corretamente, a não ser que seu comportamento seja informado e iluminado pelo estudo da Torá. Àquele a quem falta conhecimento de Torá está fadado a tropeçar.

Um homem estava andando à noite num beco escuro e sombrio. Logo tropeçou numa pedra. Então caiu num poço aberto e teve diversas fraturas pelo corpo todo.

Somente aquele que estuda Torá porta uma brilhante luz que o alerta sobre os poços espirituais encontrados na jornada da vida.

É importante notar que a menorá ficava localizada fora dos Santo dos Santos. Isto demonstrava claramente que a arca e tudo que esta representa não requeriam luz. A Torá é sua própria luz.

A fim de obter ouro absolutamente puro para as menorot no Templo Sagrado, o Rei Salomão purificou o ouro mil vezes.

O Rei Salomão colocou dez menorot no Templo Sagrado, pois esta era a tradição que recebeu de Moshê. Havia, portanto, no total setenta lâmpadas no Templo Sagrado, pois cada menorá consistia de sete braços. Isto simbolizava que as setenta nações do mundo eram obrigadas a cumprir as Sete Leis de Nôach ordenadas por D'us à toda a humanidade.

O que aprendemos do fato que a Menorá foi talhada de um bloco sólido

Toda a menorá, inclusive os braços e adornos, era talhada de um grande bloco de ouro.

Isto nos sugere que todas as explicações da Torá dadas por todos os sábios de todas as gerações, estão contidas na Torá que D'us ensinou a Moshê. Não há nenhuma explicação que os sábios posteriores tenham transmitido que não esteja de alguma forma sugerida na Torá. Os sábios posteriores apenas revelaram o que se encontra na Torá. Para nos ensinar este conceito, D'us ordenou que todos os detalhes da menorá fossem talhados no mesmo bloco de ouro.

Mais ainda, a exigência de que a tão intricada menorá seja moldada de uma única pepita de ouro simbolizava a indivisibilidade da Torá. A vida judaica deve ser construída sobre um conjunto de valores. Não pode ser uma miscelânea de componentes e peças separadas, enxertadas juntas para servir à conveniência de qualquer um. Todas as áreas da vida devem derivar do mesmo conjunto de valores