Tetsavê-quinta

06/02/2014 19:58

Como as pedras foram cortadas

 

    As duas pedras preciosas das alças do avental e as doze pedras preciosas da placa deviam ser cortadas de um certo tamanho. Porém D'us proibiu que se usasse uma faca ou qualquer outro instrumento de metal para cortar essas pedras. As pedras incrustadas deveriam ser perfeitas, sem que faltasse a menor lasquinha sequer. Portanto, as letras sobre as gemas não poderiam ser gravadas através de instrumentos ou ferramentas, pois isto faria com que as gemas ficassem ligeiramente lascadas.

 

    Como então, poderiam ser cortadas?

Moshê sabia que D'us havia criado na véspera do primeiro Shabat dos seis dias da Criação um inseto, pequeno como um grão de cevada, que possuía a maravilhosa habilidade de cortar qualquer material, inclusive a mais dura rocha, simplesmente passando por cima. Este inseto surpreendente se chamava shamir.

 

    Moshê ordenou que se trouxesse o shamir. Os nomes das tribos foram escritas à tinta sobre as gemas. O shamir foi passado pelas pedras preciosas, e estas se cortaram exatamente sobre a linha marcada pelo artesão.

Quando o Templo Sagrado foi destruído, o shamir desapareceu.

 

Inseto de 2 milímetros é o animal mais barulhento da Terra

Ele faz ruído equivalente ao que se ouve de uma orquestra na primeira fileira

Parente próximo do inseto Shamir

 

Urim vetumim, o pergaminho contendo o Nome de D'us embutido na placa

 

    Como mencionamos anteriormente, a placa peitoral foi feita de tal modo que era dobrada ao meio, formando um bolso. Neste bolso Moshê inseriu um pergaminho sobre o qual escreveu o Nome Indizível de D'us composto de setenta e duas letras.

 

    Este nome fazia com que certas letras gravadas sobre as pedras preciosas se acendessem em resposta às questões que lhe eram perguntadas.

O nome urim vetumim significa:

Urim - as letras se acendiam (da raiz 'or', luz)

Tumim - sua resposta era final e inalterável (derivado de 'tam', perfeito)

 

Por isso, a placa peitoral além de ser chamada simplesmente de chôshen era também conhecida como 'Chôshen Mishpat' (mishpat - sentença), uma vez que a decisão final sobre cada assunto duvidoso era alcançada através da iluminação das pedras.

 

    Apenas assuntos referentes ao rei, ao tribunal ou ao povo judeu como um povo poderiam ser consultados através das pedras. Não era permitido questioná-las para propósitos particulares.

 

    O questionador costumava ir ao Sumo Sacerdote, que portava os urim vetumim. O Sumo Sacerdote voltava sua face em direção a arca (sobre a qual a Divindade pairava), e o inquiridor, de pé atrás dele, tinha de perguntar a questão em voz baixa, no tom de quem está rezando. O Sumo Sacerdote era então inspirado pelo espírito Divino. Ao olhar para as letras da placa que se acendiam, podia combiná-las corretamente e decifrar a resposta de D'us.

 

    Os urim vetumim foram consultados pelo povo de Israel durante o período bíblico. Pararam de funcionar com a destruição do primeiro Templo Sagrado.

 

Aharon recebeu o privilégio de portar o nome Divino sobre seu coração como recompensa por sua felicidade, ao ouvir que seu irmão menor Moshê fora escolhido como líder para redimir o povo judeu. D'us disse: "Que o coração que não sentiu inveja porte a placa contendo o Meu Nome!"

 

O convertido que queria tornar-se um cohen gadol

 

    Certa vez, um não-judeu passou por uma sinagoga e ouviu a voz do rabino ensinando as crianças: "Estas são as vestes que devem fazer: a placa peitoral, o avental..." O mestre lia a parashá que versava sobre os adornos do Sumo Sacerdote. O não-judeu parou e indagou: "Quem recebe todas essas roupas maravilhosas?" "O Sumo Sacerdote judeu" - responderam. O não-judeu pensou: "Converter-me-ei para que receba estas roupas gloriosas!"

 

    Dirigiu-se à casa de estudos do Sábio Shamai. "Aceite-me como um convertido ao judaísmo, com a condição de que me torne Sumo Sacerdote!" Shamai expulsou-o com o bastão que estava em suas mão. (Agiu assim de boa-fé, a fim de proteger a honra da Torá. Considerou o pedido uma afronta à Torá.)

 

    O pretenso convertido então tomou o rumo da casa de estudos do Sábio Hilel, e repetiu seu desejo de converter-se ao judaísmo a fim de se tornar Sumo Sacerdote. Hilel aceitou-o. Contudo, advertiu-o: "Antes de assumir uma posição elevada, uma pessoa deve familiarizar-se com as regras de conduta a essa pertinente. Vá estudar as leis referentes ao sacerdócio!"

 

    O homem estudou Torá, e logo chegou ao versículo: "O não-cohen que se aproxima disso (do serviço sacerdotal) morrerá." "A quem este versículo se refere?" - inquiriu. Disseram-lhe: "A qualquer um que não nasceu da família de Aharon, mesmo o próprio Rei David!"

    

    O convertido compreendeu o total significado dessas palavras. Raciocinou: "Se mesmo um judeu de nascimento não pode assumir as funções de um cohen, eu, um estrangeiro, certamente não poderia tornar-me um!" Voltou a Shamai e disse-lhe: "Por que não me disse que não poderia me tornar um Sumo Sacerdote, uma vez que a Torá proíbe um não-cohen de realizar o serviço?"

Para Hilel, disse: "Que possa se tornar o receptáculo de todas as bênçãos Celestiais. Sua humildade trouxe-me para sob as asas da Shechiná."

Mais tarde, esse convertido teve dois filhos. Chamou um de Hilel, e o outro de Gamliel (o nome do neto de Hilel). Sua família ficou conhecida como "guerê Hilel - os convertidos de Hilel."

 

 

Leis relacionadas às vestes sacerdotais

    

    Os trajes dos cohanim eram sagrados, e portanto muitas leis se aplicavam a eles. Eis aqui algumas delas:

 

1 - Somente um cohen podia vesti-los. Um levi ou um judeu comum não podia nem experimentá-los.

2 - Um cohen somente podia usá-los se estivesse no Tabernáculo ou no Templo Sagrado. Caso saísse dali, deveria tirá-los.

3 - Um cohen não podia dormir com estas vestes, pois seria uma falta de respeito.

4 - Um cohen deveria portar exatamente os adornos que a Torá lhe ordena. Se lhe faltar uma só das vestes estipuladas enquanto cumpre um ato de serviço, seu trabalho não é válido.

 

    Uma família diferente foi designada para cada uma das muitas tarefas no Templo Sagrado. Por exemplo, a família de Garmo assava os pães da proposição, e a família de Avtinas era encarregada de fabricar incenso. A família de Pinchas estava encarregada das vestes dos cohanim. 

 

    Costumavam vestir os cohanim antes do serviço, despi-los ao final do serviço, e supervisionar o armazenamento das roupas em câmaras especiais.

 

Como as vestes dos cohanim ajudavam o povo de Israel

 

    Quando os cohanim colocavam os adornos sacerdotais, D'us considerava um mérito para todo povo de Israel.

 

As vestes dos cohanim ajudavam os judeus de duas maneiras:

1 - D'us perdoava determinados pecados cometidos pelos judeus porque os cohanim vestiam estes trajes.

 

Por exemplo, o manto do Sumo Sacerdote, ajudava os judeus a serem perdoados por falar maledicência, lashon hará. (É óbvio que também deviam fazer teshuvá.)

 

    As campainhas costuradas na parte inferior do manto também tinham uma função elevada. Quando D'us escutava seu tilintar, perdoava os judeus pelos sons pecaminosos que haviam emitido ao falar maledicência.

 

    O resto dos adornos dos cohanim servia para expiar outros pecados do povo judeu: a camisa expiava o assassinato e a placa perdoava a adoração de ídolos.

 

    Como era benéfico para os judeus que os cohanim cumprissem o serviço de D'us. Oxalá possamos vê-los em ação novamente!

 

2 - Os trajes dos cohanim também ajudavam o povo de Israel a vencer as guerras. Eram semelhantes a uniformes que soldados usam. Quando os cohanim usavam seus uniformes sagrados no Tabernáculo, D'us recordava os soldados judeus no campo de batalha e os fazia triunfar.

Portanto, os adornos dos cohanim, beneficiavam todo o povo judeu.

 

A mulher que foi recompensada tendo todos seus filhos como Sumo Sacerdotes

 

Todos os sete filhos de uma senhora chamada Kimchit tornaram-se Sumo Sacerdotes. Os sábios ficaram maravilhados com a extraordinária honra que D'us concedeu a esta mulher. Enviaram-lhe um mensageiro para indagar-lhe: "Quais são seus feitos, para que você fosse assim distinguida?" Ela replicou: "Sequer as paredes de minha casa jamais viram meus cabelos descobertos!" Durante toda sua vida não havia revelado seus cabelos a ninguém, nem mesmo às vigas do seu teto. Por isso, seus filhos tiveram o privilégio de adentrar, em Yom Kipur, o local mais oculto e reservado possível: o Santo dos Santos.

 

    Os sábios, então, comentaram: "O versículo de Tehilim (45:14) certamente aplica-se à Kimchit. 'A dignidade da princesa encontra-se no interior, ela será adornada com quadrados dourados.'"

 

    Eles interpretaram esse versículo como significando que uma mulher de grande recato é recompensada com filhos que vestem a placa peitoral de quadrados dourados.

 

    Apesar de ser permitido pela lei a Kimchit descobrir os cabelos quando estava sozinha, evitou fazê-lo por reverência e recato na presença do Todo-Poderoso. Por isso, tornou-se mãe de filhos que, como Sumo Sacerdotes, mereceram uma intensa experiência da presença de D'us.

 

    Kimchit procurou manter sua grandeza encoberta, mas esta foi revelada para todas as gerações. Normalmente, quando o Talmud registra o nome de um homem, o faz mencionando o nome de seu pai. Porém, Shimon e Yehudá ben Kimchit são eternamente lembrados como filhos da sua virtuosa mãe.

 

Um sábio do século passado, o Chafets Chayim perguntou a Rabi Meir Karelits (irmão do Chazon Ish), e ele próprio um prodígio, como seus pais mereceram ter filhos de tão extraordinária estatura. Respondeu que fizeram a mesma pergunta a sua mãe. Ela explicou: "Há uma boa razão para isto. Quando lavo meus cabelos na véspera do Shabat, peço à duas mulheres que fiquem perto de mim e cubram-nos com lençóis, de modo que as paredes de minha casa não vejam meus cabelos descobertos."

 

    Os cohanim se preparam para começar o seu serviço Divino sendo consagrados por sete dias

 

D'us explicou a Moshê que, uma vez que o Tabernáculo estivesse armado, os cohanim começariam ali o serviço Divino.

D'us disse: "Chame os cohanim com palavras encorajadoras para tornarem-se Meus servos. Diga-lhes: 'Vocês são afortunados por terem sido escolhidos pelo Todo-Poderoso'.

 

"Antes que os cohanim estejam prontos para começar a trabalhar no Tabernáculo, devem santificar-se e preparar-se para seu trabalho. Eles se santificavam mediante as quatro ações seguintes:

 

1 - Devem estar presentes e observar todos os dias como tu, Moshê, ofereces três tipos de oferendas sobre o altar. Deste modo, aprenderão como ofertar os sacrifícios.

2 - Devem submergir-se em um micvê.

3 - Tu os ungirás com o azeite sagrado.

4 - Devem vestir as vestes sacerdotais todos os dias.

"Cumprindo estas quatro ações durante sete dias, estarão prontos para começar a Me servir no Tabernáculo."

 

 

 

O altar de incenso

 

    O grande altar sobre o qual se ofereciam todos os sacrifícios animais se encontrava no pátio do Tabernáculo, a céu aberto (como foi relatado na parashá anterior, Terumá).

 

    Agora D'us ordenava a Moshê que construísse um segundo altar: "Este altar será feito de madeira, recoberto de ouro. Ponha-o na seção côdesh do Tabernáculo, próximo à menorá e à mesa. Duas vezes por dia, de manhã e à tarde, um cohen queimará incenso sobre este altar."

 

    Embora o altar do incenso estivesse recoberto somente por uma fina camada de ouro, a madeira que havia debaixo dela jamais se chamuscava por causa do fogo que havia sobre o altar. (Este é um dos milagres conhecidos do Tabernáculo. Demonstravam aos judeus que a presença de D'us estava entre eles.)

 

    Como este altar não estava destinado a oferecer sacrifícios animais, mas apenas a queimar incenso, foi chamado o altar de incenso. Também denominava-se altar de ouro, e altar interior.

 

    Era proibido oferecer sacrifícios animais sobre o altar do incenso, exceto em Yom Kipur, quando o Sumo Sacerdote oferecia animais sobre ele.

Aharon foi ordenado a queimar incenso sobre este altar todas as manhãs e tardes. D'us disse: "O incenso é a mais querida de todas as oferendas. 

 

    Todos os outros sacrifícios expiam transgressões, mas o incenso é ofertado apenas para trazer alegria e felicidade".

Após o término da construção do Tabernáculo e todos seus objetos sagrados, depois que a mesa e a menorá foram fixados em suas posições e os sacrifícios trazidos, a Shechiná ainda não havia descido. Foi somente quando o incenso foi oferecido que a Divindade finalmente desceu para residir no Tabernáculo.

 

Por que a ordem para a construção do altar de incenso encontra-se no final desta parashá?

 

    Poderíamos perguntar por que a Torá menciona este altar agora, ao final da parashá de Tetsavê. Já que o altar do incenso se colocava junto à mesa e à menorá na seção côdesh, por que a Torá não o menciona na parashá anterior, Terumá, junto com os demais objetos que havia na seção côdesh?

 

    Uma das respostas é que D'us pôs o altar do incenso como o último dos objetos do Tabernáculo para demonstrar quão importante é. Mencionou-o fora do lugar esperado na Torá para que nós notemos como é especial.

 

Por que o altar do incenso é tão santo?

 

    As especiarias com que era feito o incenso que o cohen queimava sobre o altar desprendiam um aroma delicioso. Nossos Sábios nos contam que a fumaça do incenso subia direto ao céu, e que era agradável a D'us. Era um sinal de amor e amizade entre D'us e o povo de Israel. O aroma do incenso anulava quaisquer decretos celestiais. Como queimar incenso fortalece a aproximação entre D'us e o povo Compromissado com Toráh, podemos compreender a importância deste altar.