Va’eira, וארא

17/01/2014 17:26

Aspectos da 14ª

O texto desta Parashá é:

Va’eira, וארא - (Êxodo 6:2 à 9:35)>>Sigf.aparecer

 

 

O texto da Haftará é:

 

Salmo 46

Va’eira, וארא

A parashá começa com D’us afirmando a Moshê que redimirá o povo hebreuda escravidão e o conduzirá a liberdade, a Terra que prometeu a Avraham, Yistchac e Yaacov por herança. D’us incumbiu Moshê e Aharon de irem ao encontro do faraó e pedir que liberte o povo de Israel.

  Leitura da Torá: 

Va’eira, וארא

 
 

  

        Instruiu-os a realizar um milagre, caso o faraó quisesse colocá-los à prova, de tomar a vara e jogá-la para que se transformasse em serpente. E procederam conforme Suas instruções. O faraó chamou seus sábios e feiticeiros e pediu que fizessem o mesmo através de suas magias. Mas a vara de Aharon tragou todas as outras varas enfurecendo o faraó e endurecendo seu coração, não permitindo o povo hebreu partir. Iniciam-se então as dez pragas do Egito.

        A primeira transformou as águas do Nilo em sangue, causando mal cheiro, morte dos peixes e impossibilitando os egípcios de beber de seus mananciais. Cada vez que o faraó recusava-se em libertar o povo hebreu do Egito, D’us enviava uma nova praga. Desta forma sucederam-se as pragas enviadas "com mão forte e braço estendido" de D’us, sobre o Egito: após o sangue, as rãs, os piolhos, animais selvagens, cobras, escorpiões e serpentes, a peste, a sarna, chuva de granizo (gelo e fogo), a cada praga o faraó declarava que se a mesma se extinguisse, deixaria o povo partir. Mas novamente, assim que Moshê rezava para D’us para que parasse de ferir os egipcios, novamente o faraó mudava de idéia não permitindo ao povo partir.

        Nessa porção semanal lemos sobre os nossos grandes líderes, Moshê e seu irmão Aharon. Os comentaristas notam que Moshê e Aharon permaneceram resolutos e dedicados em sua missão, do começo ao fim. Há um comentário muito difícil de se compreender: "Que outra coisa era de se esperar de tão grandes homens?"

        Talvez a intenção aqui seja dar-nos uma lição muito significativa. Muitos líderes de grandes causas iniciam suas atividades com muito ardor, sinceridade e devoção. Com o decorrer do tempo, impressionados com a própria grandeza de sua posição, alteram sua atitude e começam a mudar sua sinceridade original; eles são os líderes que ninguém se atreve a atravessar no caminho ou sequer ousa duvidar de sua autoridade. Isso ocorreu com os líderes dos maiores impérios e repúblicas, e também infelizmente, com lideranças da históriahebraica.

        O Rei Shaul (Saul) começou sua carreira com humildade, mas no fim tornou-se um homem diferente que esqueceu da dedicação de seus antepassados. Com muita frequência encontramos em nossos dias homens e mulheres que começaram a trilhar um caminho com tremenda devoção e idealismo e que continuaram dirigindo as rédeas do poder com arrogância e orgulho.

        Os comentaristas nos informam que isso não ocorreu com Moshê e Aharon. Permaneceram fiéis, justos e devotos do começo ao fim; o poder não lhes subiu à cabeça. Eram verdadeiros homens de D’us, homens dignos de liderança. Que possamos aprender de seu exemplo.

D’us envia Moshê para avisar os hebreus que serão libertados

        Moshê perguntou a D’us: "Por que me mandaste aos hebreus se apenas piorei as coisas? Antes de ir falar com o faraó, os egípcios proporcionaram palha aos hebreus para fazer tijolos. Mas depois que me enviaste ao seu palácio, o faraó ordenou aos hebreus que juntassem sua própria palha." D’us se aborreceu com Moshê e respondeu: "Não me critiques! Tenho boas razões para tudo que estou fazendo."

        Os hebreus foram obrigados a trabalhar até o limites de suas forças para satisfazer as exigências do faraó. Porém, não se concentraram em seus próprios problemas, porque recordaram que cada hebreu estava passando pela mesma situação. Ao terminar o dia, quando o corpo estava tão exausto que mal podia mover-se, um hebreu que havia terminado o trabalho ainda ajudava o outro que a terminar sua tarefa. D’us viu como os hebreus mostravam compaixão uns pelos outros. De modo que, também, mostrou compaixão por eles e ordenou a Moshê: "Vá a todos os lugares onde trabalha o Povo de Israel e diz: ‘logo D’us os tirará daqui!’ Escutei suas tefilot (preces) e tenho visto como ajudam-se uns aos outros! Assim como vocês se mostram compassivos entre vós, D’us mostrará compaixão também!"

    Moshê se encaminhou aos lugares onde oshebreus trabalhavam e anunciou:
" Escuta, Bnê Yisrael! Logo estareis livres e D’us os levará a Eretz Yisrael!"
Mas os hebreus tinham tanto medo dos supervisores do faraó que não deixaram de trabalhar nem um minuto para escutar a Moshê.

Moshê e Aharon mostram sinais ao faraó

        D’us disse a Moshê e Aharon. "Agora volta ao faraó e diz: "D’us te ordena: Deixa os hebreus irem embora."

        "Se o faraó pede um sinal de que sou Eu que o envia, que Aharon pronuncie as palavras: "Cajado – transforme-se em serpente." Então transformarei o bastão de Aharon em serpente."

        Com efeito, aconteceu que quando Moshê e Aharon foram ver o faraó, este lhes pediu um sinal. Aharon jogou o cajado ao solo e pronunciou essas palavras. E o cajado se transformou em serpente.
O faraó começou a rir. "Acham que me deixarei impressionar por este truque? Não sabeis que nós, os egípcios, somos todos mágicos? Também podemos fazer o mesmo truque!"

O faraó chamou seus magos. Estes jogaram os cajados ao solo e cada um se converteu em serpente! Logo todos os magos voltaram a converter as serpentes em cajados. Então D’us fez um milagre que os egípcios não puderam copiar:


    A serpente de Aharon voltou a transformar-se em cajado e engoliu a todos os outros cajados! O faraó sabia que acabara de presenciar um milagre, algo que nenhum mago poderia fazer. Mas era perverso e teimoso. Disse: "Não escutarei a Moshê e Aharon apesar disso!"

Por que o cajado de Aharon se converteu em serpente

Por que D’us converteu o cajado de Aharon em serpente e não qualquer outra coisa?

D’us deu a entender ao faraó: "Tu pronunciaste palavras más, tal como a serpente no Gan Éden (o paraíso) quando disseste: "Não sei quem é D’us." Por isso, serás castigado como a serpente o foi."

 

As Dez Pragas

        Moshê e Aharon saíram do palácio do faraó, D’us disse a Moshê: "Vá novamente ver o faraó amanhã cedo. Irás encontrá-lo junto ao rio por onde passeia todas as manhãs. Adverte-o de que disse: "Não sei quem é D’us." Mas se não escutas a D’us logo começarás a saber quem é, pois Ele trará um terrível castigo! Transformará a água do Nilo em sangue."

Moshê advertiu o faraó, mas este não se importou. D’us mandou a primeira praga: sangue.

A ordem das dez pragas

Esta é a ordem das prgas que D’us enviou ao Egito:

  • Sangue
  • Rãs
  • Piolhos
  • Animais selvagens
  • Morte dos animais (peste)
  • Sarna
  • Granizo
  • Gafanhotos
  • Trevas
  • Morte dos primogênitos

Por que D’us enviou as pragas nesta ordem em particular: primeiro o sangue, depois rãs, piolhos, etc.? Uma resposta é que D’us atuou como general que vai a uma guerra contra seu inimigo.

Sangue: Antes de entrar na cidade inimiga, o general e seu exército envenenam os poços de água dos inimigos para que não tenham mais água potável. Do mesmo modo, D’us primeiro cortou os suprimentos de água dos egípcios.

Rãs: Logo o general ordena aos tocadores de trombeta e tambores que toquem os instrumentos tão forte que o barulho assuste o inimigo.
De maneira análoga, D’us trouxe as rãs, cujo coaxar incomodou terrivelmente os egípcios.

Piolhos: O general ordena que os soldados disparem flechas sobre os inimigos para matar os soldados e assustar o restante deles.Do mesmo modo, D’us castigou aos egípcios com piolhos que os picaram como flechas.

Animais selvagens: Antes do ataque, o general convoca outros exércitos para que se unam na luta. Igualmente, D’us chama os animais selvagens para que se reúnam e lutem contra os egípcios.

Morte dos animais (peste): Antes da batalha, o general envia mensageiros especiais que encontram formas de destruir os animais do inimigo. D’us trouxe uma praga especial: a peste, que atacou os animais dos egípcios e lhes causou a morte.

Sarna: O general busca formas de destruir soldados no campo inimigo, para que restem menos guerreiros para lutar. Igualmente, D’us causou a doença dos egípcios, fazendo com que tivessem sarna.

Granizo: O general bombardeia a cidade com armas e mísseis. D’us enviou tempestades de granizo sobre os egípcios.

Gafanhotos: Por último, o general e seu exército entram na cidade inimiga e a destroem. Da mesma forma, os gafanhotos destruíram todos os campos que restaram depois da praga do granizo.

Trevas: O general joga muitos dos seus inimigos na prisão. D’us causou uma escuridão tão grande que aprisionou os egípcios, pois os impediu de moverem-se.

Morte do primogênito: O general mata os líderes do inimigo que se julgam imortais e superiores, D’us com isto envia um recado de Quem realmente manda.

 

Por que os egípcios mereceram as pragas

Todos os castigos de D’us são justos. Ele castigou o povo egípcio com as dez por terem sido extremamente cruéis. Cada uma das pragas tinha um motivo que correspondia a cada um dos tratamentos que os egípcios deram ao Povo de Israel.

Sangue: Os egípcios obrigavam os judeus a trazer-lhes água do rio; assim, D’us transformou a água em sangue. Outra razão pela qual D’us fez que o primeiro castigo fosse relacionado ao rio Nilo foi porque os egípcios pensavam que o Nilo era um "deus". Ao converter a água em sangue, D’us mostrou-lhes que Ele tinha poder sobre o rio.

Rãs: Os egípcios ordenavam aos judeus: "Tragam-nos rãs, caracóis e insetos. Queremos divertir-nos com estes animais." Ao obrigar os judeus a trazerem rãs, D’us castigou os egípcios com estes animais.

Piolhos: os egípcios costumavam ordenar aos egípcios: "Varram os pisos de nossas casas e ruas, e arem os nossos campos". D’us transformou todo o pó do Egito em piolhos, para que os judeus não tivessem mais que varrer!

Animais selvagens: Os egípcios também diziam aos judeus: "Precisamos de leões, tigres e ursos para nossos zoológicos e circos. Capturem estes animais para nós!" Era apenas uma desculpa cruel para enviar os judeus ao deserto e aos bosques, mantendo-os afastados de suas famílias e correndo alto risco de vida. D’us castigou os egípcios por este ato, fazendo que desabasse sobre eles animais selvagens.

Peste: Os egípcios também obrigaram os judeus a serem pastores do gado para enviá-los a campos distantes e mantê-los afastados das famílias. Como castigo, D’us matou os animais dos egípcios com uma peste.

Sarna: Outra cruel idéia dos egípcios era dar ordens confusas aos judeus nas casas de banhos: "Aqueça-me a água! Traga-me água fria!" De modo que D’us afligiu os egípcios com bolhas de sarna que doíam tanto que já não podiam tomar banhos, quentes ou frios! Outra razão pela qual os egípcios foram castigados com horríveis bolhas foi porque consideravam os judeus uma classe social inferior. Um egípcio nunca comia junto a um judeu. Assim, D’us castigou os egípcios com bolhas dolorosas com aspecto tão desagradável que ninguém queria aproximar-se deles.

Granizo: Outro ato de maldade dos egípcios consistia em ordenar aos judeus: "Planta-me um jardim! Planta-me algumas árvores!" D’us destruiu, pois, os jardins e bosques dos egípcios com granizo.
Gafanhotos: os egípcios também ordenavam aos judeus: "Colham grãos para nós, favas e plantas", por isso estes foram comidos pelos gafanhotos.

Trevas: Os egípcios também ordenavam aos judeus levar velas e tochas por eles, nas ruas escuras. Também encerravam os judeus em cárceres escuros. Por este motivo D’us também causou a escuridão. Além disto entre os judeus havia reshaim (malvados), que não mereciam ser libertados do
Egito. Esses judeus perversos morreram durante a praga das trevas, de maneiras que os egípcios não pudessem vê-los e exclamar com alegria: "Vejam, os judeus também estão sendo castigados, como nós!"

Morte do primogênito: D’us castigou os egípcios matando os filhos primogênitos, pois o Faraó havia dado a ordem: "Matem a todos os primogênitos varões judeus!" Os egípcios também eram cruéis com o povo judeu que era chamado de "primogênito de D’us". Por isso, D’us matou seus filhos mais velhos.

 

A intransigência do faraó

Sangue

        Perante o faraó e seus servos, Aharon estendeu o cajado sobre o rio Nilo. Neste instante, o rio e toda a água do Egito se transformaram em sangue!

        Nos tempos antigos, muitas nações bebiam sangue. Talvez os egípcios também tivessem bebido, se D’us não tivesse causado a morte de todos os peixes do Rio Nilo. Isto fez com que o rio cheirasse tão mal que os egípcios não puderam beber o sangue. Não apenas o rio se transformou em sangue, mas toda a água da terra do Egito. Se alguém fosse à casa de banhos, não encontraria água para banhar-se, somente sangue. Mesmo nos lugares secos havia sangue. De repente, havia poças sobre as camas e cadeiras. Quando em egípcio se sentava, ficava empapado de sangue. Levantava-se rapidamente, mas sua roupa já estava estragada. Os egípcios começaram a sentir muita sede porque não se encontrava água em lugar nenhum. Como podiam aplacar a sede?

Na terra de Goshen, onde viviam os judeus, a água estava normal. Os egípcios para lá viajaram, e ordenaram aos judeus que lhes dessem de beber. Mas sabem o que acontecia, assim que um judeu dava água a um egípcio e este tentava bebê-la? Transformava-se em sangue!

Então alguns egípcios disseram aos judeus: "Bebamos do mesmo copo!" Mas isso também não adiantou, pois o líquido que saía do copo para o judeu era água, e para o egípcio… sangue!
Alguns egípcios disseram aos judeus: "Queremos comprar água." Quando estes pagavam a água com dinheiro, esta não se transformava em sangue. Assim que os egípcios perceberam isso, começaram a comprar água. Os judeus ganharam muito dinheiro durante sete dias, até que D’us pôs fim à praga.

O faraó perguntou aos magos: "Vocês também podem transformar água em sangue? "Sim", responderam os magos, e assim o fizeram. "Neste caso, não darei ouvidos a Moshê," decidiu o faraó.

Rãs

D’us disse a Moshê: "Vá e torne a advertir o faraó que liberte os judeus. Se não escutar, enviarei uma praga de rãs."

Moshê avisou o faraó, mas este não lhe deu atenção. D’us, pois, fez sair do rio Nilo uma rã gigantesca. Os egípcios não gostaram do enorme e horrível animal, e o golpearam com pedras. "Matemos essa rã monstruosa!’ gritaram.

Mas o que aconteceu foi que ao invés de morrer, a rã cuspia pequenas rãs, a cada vez que a golpeavam. Era terrível! Mais e mais rãs saíam do rio, e logo o Egito se encheu de rãs. Quando um egípcio queria falar, seus amigos não podiam ouvir o que dizia, pois coaxavam sem parar. O barulho era muito forte. "Vamos a um lugar tranquilo!" Os egípcios desistiram de falar entre si, porque ninguém podia escutar uma palavra do que o outro dizia. A noite as pessoas não podiam conciliar o sono por muito tempo, de tão forte era o coaxar que se ecoava por toda parte.

As rãs entraram em todos os lugares. Quando uma mulher egípcia assava pão, as rãs se metiam no forno. Era cozida junto com o pão, de maneira que o gosto era de rã assada. Tinha sabor tão desagradável que os egípcios perderam o apetite. Se um egípcio bebia água, o copo fervilhava de rãs. Não se podia evitar de engolir algumas. Todos os quartos dos locais egípcios estavam cheios de rãs. Quando um egípcio ia banhar-se, as rãs saltavam e o mordiam. O faraó odiava as rãs. Seu palácio estava cheio delas. Havia rãs na cozinha, no banheiro, saltando por toda a parte. O faraó chamou Moshê e Aharon.

"Estas rãs, saltando e coaxando, estão me deixando louco! Deixarei os judeus irem embora, se fizeres desaparecer as rãs!"

Moshê implorou a D’us: "Por favor, faça desaparecer as rãs!"

As rãs morreram. Logo que o faraó viu isso, seu coração endureceu. "Por que haveria de escutar Moshê e Aharon?" disse. E decidiu: "Não libertarei os judeus!"

Piolhos

D’us disse a Moshê: "Causarei outra praga. Desta vez, não avises ao faraó. Já o advertiste duas vezes e ele não te escutou."

Aharon estendeu o cajado à frente do faraó e sua corte. Nesse instante, o pó da terra se transformou em piolhos. Somente os judeus não foram afetados por esta praga. O faraó chamou os magos e perguntou: "Conseguem produzir piolhos?"

"Sentimos muito, majestade," responderam. "Não podemos criar piolhos. Deveis crer que esta praga não é magia. D’us fez um milagre, ao trazer os piolhos."

Porém, o faraó se negou a escutar os magos.

Sete dias mais tarde, D’us pôs fim à praga.

Animais selvagens

D’us disse a Moshê: "Volta a falar com o faraó! A menos que liberte Meu povo, trarei animais selvagens ao Egito, exceto a Goshen, onde vivem os judeus."

O faraó não fez caso dessa advertência. Em consequência, começou a nova praga. Foi aterradora! Vindos do deserto, chegaram leões, ursos e panteras. Invadiram os campos e vinhedos, e até mesmo as casas dos egípcios! Enormes pássaros os acompanhavam, agitando as asas e fazendo um barulho amedrontador! Os egípcios puseram ferrolhos nas portas e janelas para impedir a entrada dos animais. D’us, porém, mandara alguns animais antes de outros para que abrissem as portas e janelas. Somente os judeus não foram atacados por bestas selvagens. O faraó estava absolutamente apavorado. Chamou Moshê e Aharon e prometeu-lhes: "Os judeus já não são escravos. Todos os judeus estão livres para servir a D’us e oferecer-Lhe sacrifícios aqui no Egito."

"Não é isso que desejamos", respondeu Moshê. "Queremos sair do Egito e ir para o deserto." "Está bem,", replicou o faraó, "apenas peça a D’us que leve todos estes animais selvagens."

Moshê rezou a D’us. Suplicou que fizesse desaparecer até o último animal, inclusive os mortos.
Pois como haviam restado animais mortos, os egípcios estavam aproveitando as peles, fabricando casacos e calçados, tendo já comido sua carne. D’us aceitou as preces e fez desaparecer até o último animal.

Mal foi interrompida a praga, o faraó mudou de idéia. "Não deixarei os judeus livres", afirmou desafiadoramente.

Peste

D’us ordenou a Moshê que advertisse o faraó: "Se persistires em não escutar a D’us, todos os animais dos campos morrerão através de uma peste!"

A peste matou todos os animais nos campos. Os cavalos, burros, camelos, ovelhas, todos morreram. Na terra de Goshen, onde viviam os judeus, nenhum animal morreu. No caso de rebanhos misturados, alguns pertencentes aos judeus e outros aos egípcios, apenas morriam os dos egípcios.

Alguns egípcios tentaram o seguinte truque: Diziam a um judeu: "Venderei a você meus animais durante a praga. Logo voltarão a ser meus." Mas D’us não pode ser enganado e esses animais morreram mesmo assim.

O faraó voltou a endurecer o coração sem reconsiderar a atitude que deveria ter tmoda desde o início: libertar o povo judeu da escravidão. Como o faraó não dera atenção à mensagem transmitida pelas cinco pragas, agora era muito mais difícil reconsiderar seus atos. D’us sabia que sua fala e atitudes não eram sinceras, assim, D’us endureceu seu coração. Isto deu ao faraó mais forças para resistir às advertências de Moshê. Foi um castigo para o faraó, por ter-se negado a escutar.

Sarna

A praga da sarna seguiu-se à morte dos animais. D’us anunciou a Moshê: "Causarei uma enfermidade terrível na pele dos egípcios e seus animais, cujos corpos se cobrirão de bolhas dolorosas que os incomodarão muito."

D’us estendeu a doença entre os egípcios da seguinte forma milagrosa:

Ordenou a Moshê e Aharon que pegassem dois punhados de cinza de carvão cada um. Logo Moshê pegou com uma das mãos os quatro punhados de cinza (por milagre todos entraram na mão de Moshê) e os jogou com força ao céu. D’us espalhou a cinza por todo o Egito, e esta se depositou sobre a pele dos egípcios e seus animais causando bolhas pela sarna que eram terrivelmente dolorosas.

Por que D’us trouxe esta praga por meio da cinza

D’us disse: "Os judeus merecem que se faça um milagre para eles por meio da cinza de carvão de um forno. Por que? Porque morreram por mim em fornos. Avraham se deixou jogar num forno aceso em Ur Kasdim, por acreditar em mim. No futuro também, três tsadikim, (justos) Chanania, Mishael e Azaria, serão atirados em um forno pelo rei babilônico Nabucodonosor, por se negarem a inclinar-se perante uma imagem. Também por esta razão, os egípcios merecem ser castigados através da cinza: por escravizar e destruir uma nação que está disposta a morrer por Mim."

O faraó sentiu-se tão doente por causa das bolhas de sarna que teve que ficar na cama. Os magos também se sentiram doentes e abandonaram o palácio do faraó, humilhados e envergonhados, para nunca mais retornar.

Granizo

D’us disse a Moshê: "Diga ao faraó que a próxima praga será tão terrível como todas as outras pragas juntas. Cairão grandes pedras e muitos egípcios morrerão."

O faraó não se importou. Por isso, D’us disse a Moshê no dia seguinte: "Estende tua mão ao céu. Então começará uma tempestade de granizo."

Nenhum egípcio jamais havia visto tal tormenta! Os trovões eram tão fortes que muitos morreram de susto. Quando soou um trovão especialmente forte, o faraó caiu no chão. Mas D’us lhe deu forças para pôr-se de pé, de maneira que este rashá (malvado) continuasse com vida para ser castigado com as outras pragas.

Muitos egípcios foram atingidos por bolas de granizo e pereceram. Este granizo continha não somente gelo, como também fogo. (Isto foi um milagre. O comum é que o fogo consuma o gelo e este extinga o fogo). Alguns egípcios foram queimados pelo fogo.

O faraó chamou Moshê e Aharon. "Eu pequei," admitiu. "D’us é é perfeito. Por favor, suplica a D’us que ponha fim a essa terrível praga. Prometo que desta vez estão livres para deixar o Egito." O faraó manteve sua promessa? Não. Assim que a tempestade de granizo terminou, sentiu-se tão poderoso quanto antes e decidiu não libertar o povo de Israel.

Então sucessivamente D’us enviou as três últimas pragas, gafanhotos, trevas e morte dos primogênitos egípcios, até que na útltima, o faraó não suportou mais e permitiu que o povo partisse.
Mas não sem mandar seus exércitos logo em seguida atrás, pois não queria ter cedido ao pedido.

Embora o faraó não tivesse se arrependido, ele admitiu: "D’us é perfeito". Por ter admitido a grandeza de D’us, todos os egípcios também o fizeram. D’us, em Sua infinita bondade fez com que após os egípcios terem se jogado no Yam Suf (Mar Vermelho), D’us ordenou ao mar que os transportasse à terra firme, e ordenou à terra que cobrisse seus corpos. Por terem admitido: "D’us é perfeito", mereceram ser sepultados.

Uma lição para todos nós

Lembram-se de quem estendeu o cajado para atrair a praga do sangue? Foi Aharon. E quem causou a segunda praga? Novamente Aharon. E a praga seguinte, piolhos? Outra vez Aharon. Não foi Moshê. Este causou algumas das pragas seguintes, mas não as três primeiras.

D’us não permitiu Moshê de realizar as três primeiras porque teria que golpear o rio e a areia. O rio havia protegido Moshê, fazendo-o flutuar na caixa em que sua mãe o havia colocado quando bebê, e a terra havia coberto o corpo do malvado supervisor egípcio que Moshê havia matado. Como o rio e a terra haviam sido bondosos com Moshê, D’us não quis ofendê-los com golpes para trazer essas pragas. A Torá nos ensina que devemos estar agradecidos por todos os favores que recebemos.
D’us mostrou a Moshê que havia agido com consideração até mesmo com a água e o solo, que não têm sentimentos, para nos ensinar a sermos agradecidos com nossos amigos e nossos pais; e mais ainda, com D’us!

Sobre o cumprimento das promessas

Todos os perversos agem como o faraó. Quando D’us lhes envia um castigo, prometem melhorar. Mas assim que termina o sofrimento, esquecem por completo a decisão de serem bons e se arrependerem.

Esta é a lição do faraó: como não devemos agir.

Se estamos em dificuldades e nos propusemos a atuar de maneira melhor no futuro, mantenhamos firme nossa decisão, mesmo depois de superar nossas dificuldades!

 

Logo:

Pluralidade de deuses no monoteísmo

        É sabido que a diferença entre o monoteísmo e o politeísmo não é apenas numérica. No politeísmo as divindades realmente substituem tudo aquilo cujo funcionamento o homem não conhece. Assim, existiam deuses da chuva, do sol, da água, da fertilidade, da vida, da morte, da guerra, da sensualidade, etc.             No monoteísmo, a divindade não substitui o conhecimento humano. O deus monoteísta não vai diminuindo conforme as descobertas humanas vão aumentando. A divindade é outra entidade, separada do mundo e dos conhecimentos humanos e, mesmo assim, extremamente íntima. Especialmente no judaísmo, chamamos a Deus de Tu, discutimos e até esperamos certa afinidade entre nossos valores e os de Deus. Contudo, essa divindade é apenas uma, sempre. Na Idade Média o conceito de Um significava três coisas: não vários, não composto, e inigualável. Ou seja, unicidade numérica (um e não dois), essencial, homogênea (não composta por partes divisíveis ou em tensão com estas), existencial (nada se parece com esse Um, nada se iguala a ele. Não podemos atribuir nenhum verbo nem característica humana a Deus).

        Entretanto, na parashá desta semana, Deus se apresenta a Moshé com uma frase enigmática: “Apresentei-me aos seus patriarcas com o nome de Elohim e Meu nome, Adonai, não mostrei para eles”.

    Alguns corajosos acharam nela reminiscências de paganismo: um deus com aspectos diversos ou vários deuses com nomes diferentes, um para cada época, um para cada pessoa.

        Entre os comentários tradicionais que visaram sempre a integralidade do texto da Torá, destaca-se, em minha opinião, um que traz uma mensagem interessante e desafiadora para nós. Deus é Um com uma essência única. Só que pessoas diferentes, em momentos diferentes, percebem apenas parcialidades diferentes dele. Essas parcialidades são nosso conhecimento da divindade, assim como do mundo. E elas são expressas nos nomes de Deus, ou seja, a pluralidade e os nomes existem em nossa percepção parcial e finita, não na essência. Assim, rezamos “Deus de Avraham, Deus de Itschac e Deus de Iaacov” porque cada um deles percebeu de outro modo e desenvolveu, em momentos diversos de suas vidas, vínculos diversos com a divindade.

        Assim como nossos vínculos com nossos entes queridos vão mudando conforme nós mudamos, e é assim que eles se mantêm vivos – inclusive os nossos vínculos com entes que já não vivem no mundo físico –, assim é com Deus. É essa diversidade que nos aproxima da essência complexa de tudo: de nós, de quem está à nossa volta, de quem habita nossa memória e de quem nos transcende. Mesmo nessa diversidade, o grande desafio é buscar e aceitar a integração. Também cada um de nós é um mesmo que muda e contem contradições, cores diversas, ênfases diversas e múltiplos momentos.

 


                    Logo >> Deus queria que os Egípcios e o resto do mundo soubessem que a liberdade é um princípio fundamental para Ele. Que nenhum governante tem o direito de dar a liberdade para um povo ou tirá-la, pois ela é um valor supremo, um valor divino.

    Se o Faraó decidisse libertar o povo por si só, poderia parecer que a generosidade do governante foi responsável pela conquista da liberdade. Contudo, Deus queria deixar claro que a saída dos israelitas do Egito não foi fruto da decisão de uma pessoa ou de um governo específico, mas um princípio fundamental perseguido pessoalmente pelo próprio Deus.

        Na realidade, a retirada do povo do Egito acaba se tornando um orgulho para Deus, que reconta esse feito diversas vezes na continuação da Torá. Pode-se até dizer que a identidade de Deus foi alterada pelo êxodo uma vez que Ele passa a se apresentar como aquele que “te tirei da Terra do Egito da casa

escravidão”, sendo este o primeiro dos Dez Mandamentos.

        O mundo no qual vivemos ainda não aprendeu o que a Torá nos ensina há mais de três mil anos. Ainda existem situações em que a liberdade não é reconhecida como um valor da mais alta relevância. A história da saída do Egito é recontada nas sinagogas do mundo ano após ano e nossa função é a de assegurar que todo ser humano possa atravessar o Mar Vermelho.

 
Fonte: Chabad
            Talmud
            Midrash
            Pirke avot
            Torah
            Bíblia