Vayakhel, ויקהל
Vayakhel, ויקהל
Começar um incêndio
Surpreendentemente, existe uma falsa idéia sobre a menorá que ficava no Templo sagrado. Esta falsa idéia, cuja origem está em fontes não-judaicas, infelizmente penetrou nos círculos judaicos, resultando num entendimento incorreto sobre a genuína aparência da menorá.
Na verdade, os seis braços laterais do candelabro de sete braços subiam diagonalmente numa linha reta a partir do centro; não eram, como habitualmente retratados, arredondados em formato de cuia. O que torna este erro ainda mais lastimável é por ter derivado do famoso Arco de Tito (que seu nome seja obliterado para sempre).
O Imperador Romano, procurando imortalizar sua destruição do Segundo Templo Sagrado e sua pilhagem dos vasos do Templo, encomendou uma obra para assegurar seu lugar na história. Sua profanação da menorá, no entanto, não é uma representação acurada daquela que foi roubada do Templo Sagrado. Tito quis aperfeiçoar o original e portanto o "embelezou", arredondando seus ramos.
A palavra hebraica para "ramo" – "kane" – alude ao verdadeiro formato da menorá, pois seu significado literal é "um junco" – planta que cresce à beira da água, num ramo ereto e sem curvas.
Os braços da menorá eram retos
É da maior importância que esta falsificação antiga, que infelizmente foi adotada em muitas sinagogas e salas de estudo, seja corrigida de uma vez por todas, e o verdadeiro formato da sagrada menorá seja representado acuradamente.
Outro aspecto interessante da menorá eram suas "taças". Três taças, no formato de flor de amêndoa, estavam em um ramo, com um puxador e uma flor; e três taças, no formato de flor de amêndoa, no outro lado… no candelabro em si havia quatro taças, no formato de flor de amêndoa, com seus puxadores e flores" – num total de 22 taças ao todo. Em seus desenhos, estas taças viradas para baixo – o fundo da taça em cima, a abertura mais larga na base!
O que podemos aprender da incomum configuração das taças?
O propósito da menorá era o de iluminar – não apenas o interior do Templo Sagrado, mas o mundo inteiro. Este conceito está refletido também no fato de que as janelas do Templo Sagrado foram construídas para ser estreitas na parte interna e mais largas no exterior da estrutura, dessa forma canalizando a luz da menorá para fora, para o mundo em geral.
Similarmente, uma taça de boca para baixo representa o ato de derramar e prover o sustento, um simbolismo do papel judaico como uma "luz entre as nações"
O Formato
O símbolo da Menorá de sete braços em semicírculo é um dos mais conhecidos no mundo judaico. A maioria das chanukiyot também foram elaboradas seguindo o modelo deste símbolo. Porém, pesquisas recentes em fontes e manuscritos antigos nos levam à conclusão de que o tradicional formato em arco não era o formato da Menorá do Templo Sagrado. A Menorá original possuía braços retos, em diagonal, não arqueados, que saíam da haste central que servia também como suporte.
A Torá traz um indício bem claro. No livro do Êxodo (XXV:32) estão detalhadas as instruções para a confecção da Menorá: "Seis hastes saem de seus lados: três hastes do candelabro do primeiro lado e três hastes do candelabro do segundo lado." No texto bíblico e também na língua hebraica de então e de hoje, "canê" (haste) significa um tubo reto, nem torto nem arqueado. (Interessante notar que a palavra "canê" - significando originalmente um bastão ou tubo reto - passou para outras línguas com esta mesma conotação: para o grego, latim, francês arcaico, inglês e até para o português sem mudança no significado.)
Outras Fontes
A fonte mais clara e precisa para determinar o formato da Menorá é Maimônides. Em seu manuscrito das explicações da Mishná, Maimônides desenhou de próprio punho o formato da Menorá do Templo Sagrado - com braços retos e diagonais (imagem ao lado).
Há outra referência em transcrições antigas do livro de Maimônides que abrange todas as leis: o Mishnê Torá. Durante séculos, antes do advento da imprensa, os livros eram copiados manualmente. Nestes manuscritos antigos constam as palavras "Este era seu formato" e logo abaixo o desenho da Menorá - sempre com braços retos. Em alguns dos manuscritos, o desenho foi suprimido, provavelmente por incapacidade do escriba em copiar o desenho com precisão. Em seu lugar, foi mantido um espaço em branco abaixo dos dizeres "Este era seu formato".
Com o surgimento da impressão com caracteres hebraicos, o desenho foi definitivamente extinto dos livros de Maimônides. É de se supor que as primeiras gráficas não possuíam meios técnicos para reproduzir um desenho. Por isso, abriram mão do desenho e também omitiram do texto as palavras "Este era seu formato", que apareciam no original. Desde então, o livro Mishnê Torá, de Maimônides, tem sido impresso sem o desenho e sem alusão ao fato de que Maimônides havia desenhado esta figura em seu livro.
Além de Maimônides, também Rashi, em seu comentário sobre a Torá, assim descreve o formato da Menorá: "Seis braços da Menorá saem de seus lados - para cá e para lá em diagonal, vão subindo até atingir a altura da Menorá que é a haste central e, uma a uma, vão saindo da haste central acima da outra." Inferimos desta linguagem que os braços não eram arredondados e arqueados, mas retos, em diagonal.
Uma descrição semelhante aparece no livro "História da Guerra entre os Judeus e os Romanos", de autoria de Flavius Josephus. Lá (tradução de Dr. Simchoni, livro 7, cap. 5) está mencionado: "Deveras, era diferente o formato desta Menorá das demais que conhecemos, pois da base eleva-se um "tronco" (suporte, haste) central do qual saem as ramificações mais finas, que se assemelham a um forcado tridente."
Se é assim, como é possível que a Menorá difundida seja justamente a de formato arredondado e não a diagonal?
O Arco de Tito
Presume-se que o formato arqueado da Menorá foi extraído do relevo da menorá que aparece no Arco de Tito, em Roma. Os desenhos de lá perpetuam o saque dos objetos do Templo Sagrado e sua remoção para Roma, a mando de Tito, o general romano que destruiu o Templo Sagrado.
Mas ao que tudo indica, a menorá do Arco de Tito não é a Menorá sagrada original do Templo, pois no relevo do Arco a menorá está sem os pés. Porém, a Menorá original possuía pés, conforme descrito no Talmud (Tratado Menachot 28b).
Portanto, podemos concluir que a menorá do Arco de Tito não é a principal, mas uma das outras que havia no Templo, como por exemplo, uma das dez menorot que o rei Salomão fez quando construiu o Templo ("fez Salomão todos os utensílios... e as menorot, cinco à direita e cinco à esquerda em frente ao Santuário" - Reis I - VII: 48-49. "Fez as dez menorot de ouro de acordo e colocou cinco à direita e cinco à esquerda" - Crônicas II 4:7.
Uma opinião de nossos Sábios sustenta que, antes de Tito invadir o Templo Sagrado, os sacerdotes esconderam os objetos mais importantes num local secreto, de maneira que a Menorá levada para Roma era uma das outras.
Aprendemos que "os príncipes levaram as pedras para o shohan, e as pedras para o peitoral" (Shemot 35:27). Rashi declara que os príncipes declararam que fariam sua doação ao Mishcan por último, a fim de suplementar qualquer carência de bens doados. Entretanto, como as contribuições das nações foram mais do que suficientes para a construção, nada sobrou para os príncipes doarem, exceto as pedras acima mencionadas. Aprendendo com seu erro, foram os primeiros da fila meses depois a levarem presentes para a consagração do Mishcan.
O Midrash enfatiza que durante a construção do Mishcan, Moshê não queria aceitar conselhos dos príncipes. Portanto, eles sentaram-se passivamente a um lado, deduzindo que Moshê os chamaria quando precisasse de conselho ou ajuda. Entretanto, quando ouviram o anúncio no acampamento de Israel de que as doações não mais seriam necessárias, os príncipes ficaram preocupados de que tivessem perdido a oportunidade de participar na construção do Mishcan. Por esta razão, assumiram um grande compromisso financeiro ao doar as pedras preciosas para o peitoral do Cohen Gadol.
Este comentário parece problemático. Não poderia ser que Moshê, o mais humilde de todos os homens, insistisse que os príncipes se sentassem preguiçosamente durante a construção do Mishcan? Seria Moshê arrogante demais para aceitar conselhos dos mais destacados representantes das doze tribos?
Embora Moshê possa ter sido um grande líder, certamente não foi um empreiteiro experiente. Além disso, o próprio Moshê mais tarde disse a seu sucessor, Yehoshua, que quando este tomasse as rédeas da liderança deveria pedir o conselho dos anciãos da nação, e seguir suas opiniões e sugestões. A este conselho, D'us respondeu a Yehoshua que o fardo da liderança estava sobre seus ombros: "Pode haver apenas um líder a cada geração" (Comentário de Rashi sobre Devarim 31:7). Moshê pensou que Yehoshua não era tão capaz quanto ele, Moshê, de liderar o povo judeu?
Moshê e Yehoshua enfrentaram dois tipos diferentes de situação. Moshê estava ocupado construindo objetos sagrados. Nesta empreitada não há lugar para idéias humanas. Tudo é construído segundo as especificações esboçadas por D'us na Torá. Até mesmos os planos de Betzalel, o arquiteto do Mishcan, foram inspirados por estipulações Divinas. A participação de Moshê na construção do Mishcan também foi ditada por D'us, conforme D'us disse a Moshê: "Deves construir o Mishcan conforme o modelo que te mostrei na montanha" (Shemot 26:30).
Moshê acreditava que, ao contrário da construção do Mishcan, a missão principal de Yehoshua, de estabelecer o povo na terra de Israel, não fora completamente ditada pela Torá. Na verdade, o próprio Moshê ouviu as exigências do povo judeu no deserto mandando espiões para pesquisar a terra de Israel antes entrarem nela. Portanto, sentiu que ao conquistar Israel, Yehoshua poderia aceitar conselhos de outras pessoas ao seguir a orientação dos anciãos.
Entretanto, contrário a Moshê, D'us declarou que os assuntos referentes à colonização de Israel são de natureza similar aos assuntos a respeito do Mishcan. Apenas D'us pode dar ordens sobre o acampamento na Terra Santa, e não pode haver deliberação humana neste problema. Sendo assim, quando Moshê disse a Yehoshua para procurar a orientação dos mais velhos, D'us por Sua vez disse a Yehoshua exatamente o oposto, ao declarar que pode haver apenas um líder para cada geração – o próprio Yehoshua, sem os anciãos.
A assembléia do Mishcan destaca um aspecto do relacionamento que o povo judeu tem com D'us. Embora não houvesse nenhuma idéia humana na planta do Mishcan, cabia a Moshê e ao povo judeu no deserto construir a morada de D'us. Ao invés de criar os utensílios sagrados por si mesmo, D'us pede ao homem que empregue seu próprio esforço na criação e decoração do Mishcan.
Da mesma forma, D'us nos deu a Torá para que a usemos como um manual de instruções para construir nossas vidas. Fica a nosso critério desenvolver-nos de forma a enfrentar as provações e tribulações da vida. Felizmente, assim como Moshê teve sucesso na construção do Mishcan por seguir a ordem de D'us, foi-nos assegurado que seguindo a Torá passo a passo, nós também teremos sucesso em nossa própria construção pessoal.
Nos versos introdutórios de Vayakhel, Moshê instruiu o povo de Israel: Em seis dias o trabalho será feito; mas o sétimo dia será para vós sagrado, um Shabat dos Shabatot a D’us…
Não "Trabalharás em seis dias", mas "Em seis dias o trabalho será feito". A forma passiva sugere que mesmo durante os seis dias de trabalho da semana, quando o judeu tem permissão e é obrigado a trabalhar, ele deveria estar ocupado, mas não preocupado com seus esforços materiais.
É assim que o ensinamento chassídico interpreta o versículo (Tehilim 128:2): "Se comeres o trabalho de tuas mãos, serás feliz e tudo irá bem contigo." O que o Rei David está implicando, dizem os mestres chassídicos, é que o trabalho no qual a pessoa se engaja para suas necessidades materiais (portanto "se comeres") deve ser apenas "de tuas mãos" – uma atividade do homem exterior, não um envolvimento interior. As "mãos" e "pés" da pessoa deveriam atender a seus esforços materiais, ao passo que os pensamentos e sentimentos permanecem conectados com as coisas Divinas. Este é o mesmo conceito que o implicado no versículo "Em seis dias o trabalho será feito". A pessoa não faz o trabalho; ele é "feito" – como se por sua livre vontade. O coração e a mente estão em outra parte, e somente as faculdades práticas da pessoa estão envolvidas no trabalho.
Uma pessoa compromissada com a Torah trabalha não para :ganhar o sustento", mas somente para criar um keli (recipiente) para receber as bênçãos de D’us . É isso que a Torá quer dizer com "E o Senhor teu D’us te abençoará em tudo que fizeres". O homem não é sustentado por seus próprios esforços, mas pela bênção de D’us ; é que D’us somente deseja que Sua bênção se realize em, e através, de "tudo aquilo que fizeres". O trabalho do homem simplesmente fornece um canal natural para a Divina bênção do sustento, e o homem deve sempre lembrar-se que nada mais é que um canal. Embora suas mãos preparem o canal, sua mente e coração devem permanecer concentrados na origem da bênção.
Os mestres chassídicos levam este conceito um pouco mais além. Na verdade, dizem eles, o homem não deveria realmente ter permissão de trabalhar. Pois sobre D’us está escrito: "Eu preencho os céus e a terra" e "A terra inteira está repleta de Sua glória". A reação apropriada à natureza sempre presente de D’us seria ficar em absoluta passividade. Agir de outro modo seria ser culpado daquilo que o Talmud chama de "fazer gestos perante o rei".
Se uma pessoa em pé na frente de um rei fizesse outra coisa exceto devotar atenção ao soberano, certamente arriscaria sua vida. Portanto, é somente porque a própria Torá permite, na verdade ordena" "Em seis dias o trabalho será feito" e "O Senhor teu D’us te abençoará em tudo que fizeres", que o trabalho é permitido e desejável.
No entanto, ir além do nível de envolvimento sancionado pela Torá – além do "trabalho passivo" ou "fazer um recipiente" – o que seria, em primeiro lugar, demonstrar uma falta de fé em que o sustento humano vem de D’us ; e em segundo lugar, seria o mesmo que "fazer gestos perante o rei" – um ato de rebelião perante D’us .
O Shabat Duplo
Isso explica a expressão shabat shabaton – "um shabat dos shabatot" – usado por Moshê nos versículos acima. O Shabat não é um dia de repouso seguindo seis dias de trabalho ativo. Ao contrário, é um shabat dos shabatot", um Shabat seguindo seis dias que são eles mesmos "shabats", por assim dizer – dias de trabalho passivo, nos quais o trabalho da pessoa somente engaja o ser exterior com o verdadeiro enfoque da atenção voltado a um local mais elevado.
De fato, um verdadeiro dia de descanso pode apenas ser um que se segue a uma semana como essa. Citando o versículo "Seis dias trabalharás, e farás todo teu trabalho", os Sábios dizem: "No Shabat, a pessoa deveria considerar como se todo seu trabalho estivesse completo." Este é o verdadeiro repouso – no qual alguém está totalmente livre de todos as preocupações do dia de trabalho. Se, no entanto, durante os seis dias, uma pessoa tiver se preocupado com assuntos materiais, no sétimo dia as ansiedades a invadirão; mesmo que seu corpo pare de trabalhar, sua mente não estará repousando. Por outro lado, se ele concedeu ao trabalho seu lugar correto durante a semana, a luz do Shabat o iluminará, e será shabat shabaton – um Shabat duplo. Pois o Shabat permeará então sua semana inteira, e quando o próprio dia chegar haverá uma dupla santidade.
O Dia Após Yom Kipur
Isso explica também o contexto no qual Moshê dirige os versículos acima à congregação de Israel reunida.
Nossos Sábios elaboram sobre como a construção do Mishcan (Tabernáculo) expiou e retificou pelo pecado do Bezerro de Ouro. Ostensivamente similares (tanto o Bezerro quanto o Mishcan foram uma "consagração" da matéria física, especialmente o ouro) na verdade o Mishcan era exatamente o oposto do Bezerro: o Bezerro de Ouro foi um endeusamento do material, ao passo que o Mishcan foi uma subjugação do material para servir ao Divino. Assim, no dia após o primeiro Yom Kipur, logo depois de D’us ter concedido o completo perdão ao pecado de Israel, Moshê transmitiu as instruções de D’us ao povo, para construir-Lhe uma "morada" no meio deles; naquele mesmo dia, as pessoas doaram seu ouro, prata e cobre para a construção do Mishcan.
Primeiro, no entanto, Moshê reuniu o Povo de Israel e ordenou-lhe em nome de D’us : "Em seis dias o trabalho será feito; mas o sétimo dia será para vós um dia sagrado, um Shabat dos Shabatot para D’us ." Isso implica que, como o Mishcan, este mandamento é uma refutação do pecado da idolatria, e o expia.
É traçado a origem da idolatria no fato de que a Divina providência é canalizada através de forças e objetos naturais. Os idólatras originais reconheciam que o sol, a lua e as estrelas derivavam de D’us seu poder para nutrir a terra, mesmo assim atribuíram significado divino a eles. Seu erro foi considerá-los como objetos de adoração, ao passo que nada mais são que os instrumentos de D’us , como "um machado nas mãos do lenhador".
Num certo sentido, a preocupação excessiva com os negócios e o mundo material é também uma forma de idolatria. Pois isso, também, envolve o erro de atribuir significado àquilo que nada mais é que um recipiente da bênção Divina. A preocupação materialista com coisas materiais é uma forma de inclinar a cabeça, de adoração mal dirigida. Somente quando a pessoa vê seu esforço pelo dia de trabalho pelo que realmente é – uma forma de criar um canal natural para as bênçãos de D’us – seu trabalho tomará a forma passiva e o foco de seus pensamentos será somente D’us.
Eis como a idolatria – seja em sua forma mais evidente ou formas mais sutis – é expiada. Seis dias de trabalho passivo no sentido de distanciamento mental e a percepção de que o trabalho humano é somente um instrumento de D’us , culminando e sendo inspirado por "um shabat dos shabatot" que se concentra totalmente na fonte de suas bênçãos – são a correção e a negação dos instintos de idolatria.
"Não tenho tempo!" Esta declaração é a frase mais comum na sociedade atual. Temos muitas coisas para fazer durante o dia, e quando cai a noite estamos inevitavelmente atrasados com nossas tarefas. Como poderemos administrar melhor nosso tempo e realizar mais todos os dias?
A respeito da construção do Mishcan, a porção desta semana da Torá declara: "Betzalel, filho de Uri que era filho de Chur da tribo de Judá, fez tudo que D'us ordenou a Moshê" (Shemot 38:22). Este versículo provoca uma grande dúvida: Como Betzalel pôde fazer tudo que D'us ordenou a Moshê?
Betzalel não estava presente quando D'us instruiu Moshê a construir o Mishcan!?
Um Sábio, explica que o versículo nos ensina que, através de ruach hakôdesh, inspiração Divina, Betzalel sabia até mesmo as coisas que Moshê não lhe dissera. Embora ele não estivesse presente quando D'us deu as ordens a Moshê, Betzalel ainda foi capaz de construir o Mishcan exatamente de acordo com as especificações de D'us.
Betzalel soube de tudo através de ruach hakôdesh pelo fato de que quando Moshê disse a Betzalel para primeiro fazer os utensílios do Mishcan, e apenas então construir a estrutura do Mishcan em si, Betzalel corrigiu Moshê e informou-o de que deveria ser feito de outro modo.
Por que é importante saber se a estrutura do Mishcan ou os utensílios foram feitos em primeiro lugar?
>> Assim vemos a importância de colocarmos tudo em sua ordem correta. Jamais teremos tempo suficiente a cada dia para cumprir tudo aquilo que gostaríamos. Portanto, devemos estabelecer prioridades em nossa vida, para que possamos realizar tanto quanto possível com o tempo que nos foi reservado.
D’us consagrou o Shabat, ao fazer de seu conteúdo a essência do Universo. Este é o conceito sugerido pelos sábios sobre o que motivou D’us a criar esse dia. Eles o explicam por meio de uma parábola.
Certa vez, um rei ordenou que lhe fizessem um anel de sinete. Seus ourives o confeccionaram com um aro incrustado com gemas cintilantes. Era uma jóia de rara beleza – mas faltava-lhe o selo real. Qualquer que fosse o valor do anel, não poderia ser usado como sinete, a não ser que nele estivesse gravado o brasão real.
Analogamente ocorre com o Universo. Pode ser o paraíso naturalista, o desafio de um cientista, a mina de ouro de um ricaço – mas o Rei dos reis queria que fosse Seu anel de sinete. Queria que demonstrasse Sua Majestade ao fundir todos seus atavios combinados num só veículo, para proclamar Sua glória. Ao mundo recém-formado faltava o selo do Rei. Então, Ele lhe deu o Shabat – dia que proclama: "O mundo tem um Criador e um propósito!" Com o Shabat, o selo de D’us foi incrustado na Criação e Sua intenção foi cumprida.
Originalmente, D’us pensou em criar o homem no Shabat. D’us não é um construtor humano que se permite o luxo da improvisação. Sua intenção e Seu desempenho nunca se contradizem. Se parecem estar em conflito é só porque cada um representa uma faceta diferente da mesma unidade. A princípio, D’us pensou em criar o homem no Shabat porque sua alma pertence à santidade do dia. Mas Ele o criou no sexto dia por tratar-se de uma criatura cujo corpo físico pertence ao mundo dos animais, vegetais e minerais da terra. O ser humano, de fato, foi criado no sexto dia para entrar imediatamente no sétimo; era uma ponte entre os seis dias seculares e o sétimo, sagrado, porque essa aparente dicotomia é o propósito de sua existência. A intenção de D’us e de Sua obra completavam-se mutuamente: uma expressa a missão do homem; a outra refere-se às condições de sua vivência.
De todas as criaturas no Universo, somente o homem é capaz de conceber santidade. As formas de vida material e animal podem tornar-se sagradas, mas só se o homem consagrá-las. O Shabat é, na verdade, o selo de D’us, mas só o homem pode imprimir esta imagem sobre o Universo.
O Shabat é um presente Divino, um dia destinado a renovação de nossas forças e energias e diretriz da semana que irá começar. Para alcançar essa inspiração, e descanso espiritual, a Torá instituiu uma série de trabalhos (melachá, pl., melachot), os quais somos proibidos de fazer no Shabat.
4. "Agrupar a colheita" - agrupar cereais, frutos ou vegetais no local onde cresceram.
7. "Selecionar e separar" alimento não utilizável (indesejado) do utilizável (desejado) ou separar de acordo com diferentes tipos. 8. "Moer" - desfazer algo sólido em pedaços muito pequenos. 9. "Peneirar" - separar alimento utilizável (desejado) do não utilizável (indesejado) por meio de peneira, coador ou similar. 10. "Fazer massa" - formar massa consistente, misturando ingredientes. 11. "Assar/cozinhar/fritar" - colocar alimento sobre fogo ou qualquer fonte de calor, como chama aberta, chapa elétrica, brasa, chapa de metal pré-aquecida ou até em banho-maria na panela que já esteve por cima do fogo ou da chapa. Exige-se muita prudência ao aquecer alimentos no Shabat para não chegar a transgredir esta proibição, que inclui inúmeros detalhes. 12. "Tosquiar" - aparar pelos que cresceram no corpo do animal ou do homem. 13. "Lavar" - tornar tecido ou roupa mais limpo. 14. "Desembaraçar a lã não trabalhada". A lã extraída do carneiro quando tosado encontra-se embaraçada e repleta de elementos estranhos como terra e areia. Antigamente passava-se uma espécie de pente para retirar impurezas e desembaraçá-la. 15. "Tingir" - alterar ou fortificar a coloração. 16. "Fiar" - esticar e enrolar manual ou mecanicamente lã ou outra matéria prima já penteada e tingida. 17. "Esticar o fio para prepará-lo para tecer" - esticar os fios entre os dois extremos da roca (máquina de fiar). 18. "Passar o fio entre dois anéis". No tear, os fios são passados por vários anéis que se alternam entre si, subindo e descendo, para compor o tecido. 19. "Tecer" - entrelaçar fios no sentido horizontal por entre fios esticados verticalmente. Com este trabalho confecciona-se o tecido propriamente dito. 20. "Desfazer os fios a fim de retocá-los". 21. "Atar" - dar nó que não se desfaz facilmente. 22. "Desatar" - desfazer um nó (o qual não teria sido permitido fazer no Shabat). 23. "Costurar" - unir dois tecidos ou materiais em geral. 24. "Rasgar intencionando suturar" - rasgar qualquer material para uni-lo depois. 25. "Caçar" - aprisionar um animal vivo e impedir que se livre. 26. "Abater" - Tirar a vida de um animal. 27. "Pelar o couro" - retirar pele de animal morto. 28. "Curtir o couro" - preparar couro, usando sal, cal, ou outros meios. 29. "Alisar o couro" - retirar pêlos e imperfeições do couro. 30. "Demarcar o couro" para cortá-lo. 31. "Cortar" seguindo uma certa medida. 32. "Escrever" ou esculpir letras, figuras ou sinais que sirvam como códigos de comunicação. 33. "Apagar" - anular qualquer escrita ou código comunicável com a intenção de reescrever no mesmo local. 34. "Construir" - ação ligada à montagem ou construção. 35. "Destruir ou demolir" com a intenção de reconstruir no local. 36. "Acender fogo" - aumentar, prolongar ou propagá-lo. 37. "Apagar fogo" ou diminui-lo. 38. "Terminar a manufatura de qualquer objeto" (denominado "bater com martelo", pois o ferreiro termina sua obra com uma última martelada) - dar o "toque final" para que um objeto possa ser utilizado. 39. "Transportar de propriedade particular para pública e vice-versa" - transportar, jogar, entregar, empurrar ou fazer qualquer tipo de transferência de uma área de propriedade pública para uma de propriedade privada ou vice-versa, a não ser vestir roupas e outros adornos como kipá, óculos de grau, jóias, etc. Também é proibido carregar qualquer objeto num perímetro equivalente à distância de 1,92 m, em área de propriedade pública. a. A proibição de transformar um sólido em líquido; assim, não se pode desmanchar gelo na mão para beber o líquido que se forma, embora seja permitido colocar gelo num copo com água para gelar a água; não se pode usar um sabonete sólido, pois se transforma em líquido. É permitido usar sabonete líquido.
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