Vaychi

17/01/2014 17:19

 

Aspectos da 12ª

O texto desta Parashá é:

Vaychi - (Gênesis 47:28-50:26>>Sigf.***

 

 

 

 

 

O texto da Haftará é:

A haftará que acompanha esta porção é:

 

 

 

Salmo 41

Vaychi

 

 

 

  Leitura da Torá: Vaychi



Vaychi

       
        Ao retornarem ao Egito, os irmãos de Yossef temem que ele finalmente buscará vingança, agora que o pai está morto. Yossef lhes assegura que não nutre sentimentos de vingança, declarando que o fato de ter sido vendido como escravo foi parte do plano Divino. A porção conclui com a morte de Yossef, e o povo judeu promete carregar seus ossos com eles para Israel, quando serão finalmente redimidos.

 

O rei leão
    

        Quando Yaacov abençoa cada um de seus filhos na Porção da Torá desta semana, refere-se a Yehudá como um leão. Por que um leão? 

        Podemos assumir que assim como um leão é o rei dos animais, assim também Yehudá é o rei do povo judeu. Na verdade, o rei David descendia da tribo de Yehudá, assim como Mashiach, que também é rei do povo.

        Porém, este é o único significado da metáfora do leão? Nem todos os reis são chamados de leões. Na verdade, Reuven, o irmão mais velho, deveria ter sido rei, até que perdeu o privilégio após um mau julgamento na Parashat Vayishlach. Sua realeza foi descrita com o termo no qual 
Pirkê Avot (Ética dos Pais) descreve ser a qualidade do leopardo, não do leão. Então de que maneira Yehudá é como um leão?


        Se explica esse ponto referindo-se a uma passagem no Talmud ao final do Tratado è dito: "Por toda minha vida, jamais havia visto um cervo trabalhando como fazendeiro, nem uma raposa como comerciante ou um leão trabalhando como porteiro, mesmo assim ganham a vida sem dificuldades, e foram criados apenas para me servir! Eu (homem), que fui criado para servir ao Todo Poderoso, deveria ganhar minha vida com menos dor, exceto pelo fato de que me comprometi ao pecar (i.e., Adam, pecando no Jardim do Éden, tornou o ganho do sustento uma questão de batalhas e labutas)."

        Das três ocupações que aparecem nesta passagem, todas menos uma parecem fazer sentido. O trabalho de comerciante aparentemente precisaria de cérebro, o de porteiro precisaria de força muscular e o de fazendeiro, de uma combinação dos dois. Então, se a raposa tiver um emprego, sugere o Talmud, seria o de cuidar de uma loja, pois a raposa é conhecida por sua astúcia. E se o cervo tivesse de trabalhar, faria sentido que fosse um fazendeiro, pois o cervo tem força corporal para trabalhar os campos, e o intelecto para gerir eficazmente sua propriedade. Mas por que o leão seria o porteiro? O urrante e majestoso rei dos animais deveria ser relegado a um simples trabalhador, arrebentando as costas de trabalhar, se tivesse de labutar para ganhar a vida? Como podemos entender isso?

        É enfatiza que o leão não seria um porteiro para os outros animais – permaneceria como rei deles. Ao contrário, seria um porteiro para o homem. O que há de tão nobre em ser um "serviçal" para o homem? Porque o serviço de um porteiro é ser de total e absoluta servidão para seu cliente. As vendas do comerciante e as estruturas de preço do fazendeiro no atacado servem tanto a ele como trazem benefícios para o consumidor. Seu trabalho é simplesmente agradar o freguês. 

 


        O rei dos animais é aquele que percebe que sua função mais nobre e notável é permitir-se ser completamente usado pelo homem, seu superior. Este é Yehudá, o homem que seria rei, é aquele que admite sua absoluta inferioridade perante o Rei de todos os reis, e desta maneira sua realeza seria de governo poderoso e forte do povo, e ao mesmo tempo de serviço humilde e devotado ao Todo Poderoso. 

        Este foi o Rei David, um soberano poderoso e forte, mas também um homem humilde, servo devoto e doce cantor para D'us. Esta é  também a qualidade de Mashiach (Messias): tanto um rei majestoso acima do homem, quanto um humilde servo do Criador. 

 



Mau Hábito

Da mesma forma, rezar para D’us não é uma tarefa diária, 
mas uma chance de comunicação com o Divino.

        O ser humano muitas vezes enxerga a vida através dos olhos do hábito. Muitas de nossas transgressões não brotam de um desejo consciente de errar, mas sim de uma falta de apreciação interna por uma ação em particular. 

        E descrito esta monotonia espiritual como "tardeimat hahergel". Esta inabilidade no homem de mudar sua perspectiva pode ter trágicas conseqüências, como fica evidente no Midrash da porção desta semana da Torá, que descreve com detalhes a história do funeral de Yaacov. 

        Chegando ao M'arat Hamachpelah, Esaú abordou os filhos de Yaacov e reivindicou o direito ao túmulo que estava sendo usado para Yaacov. Seguiu-se uma discussão e os irmãos enviaram Naphtali, que era famoso por sua fala, correr ao Egito para conseguir os documentos apropriados. Durante a confusão, Chushim, o filho surdo de Dan, exclamou: "Ficaremos aqui esperando até Naphtali voltar, enquanto meu avô jaz num estado de desgraça?" Imediatamente, Chushim tomou da espada e cortou fora a cabeça de Esaú. 

       Considera por que os outros descendentes de Yaacov, seus próprios filhos, não se sentiram tão incomodados pelos acontecimentos como Chushim. Ele explica que os filhos de Yaacov ficaram tão hipnotizados pela discussão com Esaú que no ínterim acabaram se esquecendo da desgraça que eram os restos mortais insepultos de Yaacov. Os filhos de Yaacov foram importunados com tédio espiritual, "tardeimat hahergel", que os deixou insensíveis aos assuntos mais urgentes que estavam bem à vista – o funeral do pai. Apenas Chushim, cuja incapacidade de ouvir o impedia de participar ativamente na discussão, pôde conservar a clareza de mente e uma renovada perspectiva que precipitou sua reação.

        A habilidade de mudar nossa perspectiva pode remediar muito de nossa indisposição. O jugo das mitsvot pode ser visto como um fardo, uma carga de pedras a ser arrastada durante a vida, ou uma bolsa de diamantes, que quando carregada até seu destino trará enorme recompensa. Um bem conhecido motivacionista contemporâneo comenta que um despertador é, na verdade, um relógio de oportunidades, alertando-nos a respeito das muitas horas potencialmente construtivas do dia. Da mesma forma, rezar para D’us não é uma tarefa diária, mas uma chance de comunicação com o Divino.

 

 

Yaacov pede a Yossef que o enterre em Êrets Yisrael

        Após muitos anos de dificuldades, Yaacov passou seus últimos anos no Egito, em paz e felicidade imperturbáveis. Viu Yossef soberano, e todos os filhos, sem exceção, tsadikim que seguiram sua senda.

        A Torá define seus últimos dezessete anos como "Anos de Vida", pois o Espírito Divino pairava sobre Yaacov. D'us compensou-o desta forma pelos vinte e dois anos que passara enlutado por Yossef. A Yaacov aplica-se o dito: "Tudo está bem, se termina bem."

        Yaacov vivia com os filhos e netos no Egito, numa localidade chamada Goshen. Somente seu filho Yossef vivia na capital, porque era o governante.

        Aos poucos, envelheceu e ficou mais fraco, até sentir que a morte se aproximava. Yaacov então pediu a Yossef que fosse visitá-lo. Disse a Yossef: "Quero que me faça uma promessa. Após minha morte, certifique-se de que eu não seja enterrado aqui no Egito! Leve meu corpo para Êrets Yisrael, a Terra Santa, e sepulte-me na Gruta de Machpelá onde estão meus pais, Avraham e Yitschac."

Yaacov ordenou isto a Yossef em vez de fazê-lo a qualquer dos outros filhos, porque sabia que não possuíam poder para realizar seu desejo. Apenas Yossef, o governador, poderia obter permissão do Faraó para deixar o Egito a fim de levar os restos mortais de seu pai a Êrets Yisrael. Yaacov fez Yossef jurar que faria isso por ele, e Yossef jurou.

Yaacov ficou feliz. Virou-se para a Presença Divina que pairava sobre sua cama (uma vez que a Divindade está presente sobre a cama de um enfermo) e curvou-se, agradecendo a D'us por seu desejo ter sido concedido.

 

Logo:

           Este é o ultimo Shabat de 2012. Mais uma vez fazemos uma retrospectiva do ano que passou e realizamos planos para o ano que se inicia.

        O povo Hebreu tem seu próprio ano novo, que comemoramos com maçã, mel, cabeça de peixe, shofar e muita oração. No entanto, vivemos em um mundo que comemora a renovação na passagem do 31 de dezembro para o primeiro de janeiro. Mesmo que quiséssemos, não poderíamos assinar um cheque e escrever ‘São Paulo, 5 de tevet de 5773’ ou trabalhar no primeiro dia de janeiro como se nada estivesse acontecendo.

        Mesmo que não pulemos sete ondas ou estouremos uma garrafa de champanhe, somos contagiados pelo clima desta época do ano. Também nós judeus avaliamos o ano que passou e realizamos planos para o ano que ainda não se iniciou.

        Assim, assumimos compromissos com nós mesmos. No próximo ano vou fazer mais esportes, vou ler mais livros, vou dedicar mais tempo para a família, vou tomar menos refrigerante, vou viajar mais, vou trabalhar um pouco menos, vou ser mais agradecido pelo que tenho, entre outras promessas.

        A parashá desta semana, Vaiechi, encerra Bereshit, o primeiro livro da Torá. Os filhos de Iaacóv são abençoados, um a um. As bênçãos são também utilizadas como oportunidade de ensinar algo aos mais novos e, no caso de nossa leitura, dar alguns “puxões de orelha”.

        A parashá encerra também a história de José e seus irmãos. Iossêf vê seu sonho de infância torna-se realidade. Quando era pequeno, José sonhou que um dia o sol, a lua e onze estrelas se curvariam para ele. De fato, seu pai e seus onze irmãos reverenciam Iossêf por salvar as suas vidas acolhendo-os no Egito.

       O sol é Jacó, o pai. As onze estrelas são os irmãos. Mas, onde estava a lua? Raquel já tinha falecido e não participou da materialização do sonho de José. Acreditoque esta narrativa traz duas importantes lições. A primeira é que sonhos tornam-se realidade. A segunda é que o resultado nunca é idêntico àquilo que tínhamos planejado.

        Nesta época em que assumimos compromissos em relação ao ano que se iniciou há poucas horas, lembremosa lição de José. Sonhos tornam-se realidade, por isto vale àpena sonhar. Ao mesmo tempo, sejamos flexíveis para comemorar uma realização mesmo que ela não seja exatamente da maneira que a planejamos.

 

Que sejamos todos sonhadores, flexíveis.

 
 
 

 

Fonte: Chabad
            Talmud
            Midrash
            Pirke avot
            Torah
            Bíblia