VeZo’t HaBrachah, וזאת הברכה

05/10/2014 21:09

Aspectos da 54ª

O texto desta Parashá é:

VeZo’t HaBrachah, וזאת הברכה  -( Deut.33:1-34:12)>>Sigf. As Bençãos

 

 

 

O texto da Haftará é:

 

  • para os asquenazitas: Josué 1:1–1:18;
  • para os sefaraditas: Josué 1:1–9.

Salmo 12

VeZo’t HaBrachah, וזאת הברכה

       Esta é a última parashá da Torá e é lida em Simchat Torá. Narra as últimas ações e palavras de Moshê ao povo israelita. Descreve as bençãos que este dá ao povo israelita, e conclui com a subida do profeta ao monte Nebo onde vem a falecer, nas fronteiras da terra de Kanaam.

Leitura da Torá: VeZo’t HaBrachah, וזאת הברכה 

    Vezot Haberachá (Devarim 33:1 - 34:12), lida na festa de Simchat Torá, descreve as últimas palavras de Moshê ao povo compromissado com a torah. Após elogiar todos por acolher a Torá, ele concede bênçãos específicas proféticas para cada uma das tribos, de acordo com suas responsabilidades nacionais e grandeza individual, e então abençoa o povo como um todo.

    A Torá conclui com a morte de Moshê no Monte Nebo, e com um tributo à sua grandeza e nível ímpar de profecia, o mais elevado jamais atingido por um ser humano.

 

Revisão

    Agora que chegamos ao final do livro de Devarim, é hora de olharmos em retrospecto e refletir sobre o que estamos a ponto de completar. Os sábios referem-se a este livro como Mishnê Torá, uma explicação e revisão da Torá, pois Devarim inclui muitas mitsvot que já foram ensinadas anteriormente em outros livros da Torá. Poderíamos pensar: por que foi necessário revisar tantas coisas muitas e muitas vezes?

    Os sábios explicam que a narrativa em Devarim ocorreu ao final da permanência de quarenta anos do povo compromissado com a torah, no deserto. Eles haviam testemunhado muitos milagres às claras enquanto D'us lhes fornecia tudo que era necessário: jamais tiveram de trabalhar a terra para produzir alimentos; D'us fornecia o maná diariamente. O poço de Miriam jorrava água o tempo todo, e as Nuvens de Glória os protegiam dia e noite. Às margens do Rio Jordão, o povo compromissado com a torah esperava para entrar na terra de Israel onde não receberiam mais milagres tão óbvios. Não haveria mais o maná – teriam de plantar. arar, colher e cultivar a terra para sustentar-se. O poço e as nuvens também se foram – a vida agora seria governada pela realidade.

    Um estudante, que tem um exame sobre tudo aquilo que estudou no decorrer do ano, deve revisar aquilo que aprendeu. Da mesma forma, o povo que passou anos no deserto estudando a Torá e desenvolvendo um relacionamento próximo com D'us. Ao se prepararem para entrar na terra de Israel e quando os milagres do deserto tivessem cessado, era necessário revisar, para ficarem de prontidão e passar com sucesso pelos variados desafios desse novo estágio em sua vida.

    Ao completar o Tratado do Talmud, muitas vezes o primeiro passo é desenvolver um sistema de revisão. Agora que embarcamos em um novo ano e começamos novamente nosso ciclo pela Torá, não podemos nos esquecer daquilo que aprendemos no passado.

 

Moshê abençoa as tribos 

    Quando D’us ordenou a Moshê: "Suba ao Monte Nevo e ali morrerá" – o Anjo da Morte (Samael) pensou que tivesse permissão de levar a alma de Moshê.

    Ele voou para baixo e pairou sobre Moshê, mas quando Moshê o avistou, agarrou-o e atirou no chão.
"D’us garantiu-me que você não tem poder sobre mim" – Moshê disse a ele. "Fique aí e escute enquanto eu abençoo as tribos."

    Moshê obrigou o Anjo de Morte a escutar suas bênçãos. Moshê desejava, como seu ato final, abençoar os compromissado com a torah. Ele tinha começado o Livro de Devarim com reprovação, e também os tinha repreendido na canção de Ha’azinu. Agora desejava concluir com uma bênção sobre eles. Com Moshê, os posteriores aprenderam a concluir seus sermões de admoestação com palavras de consolo e bênção para o povo. A Torá aqui chama Moshê "um homem de D’us" (33:1). Este título foi concedido a ele somente depois que abençoou os compromissado com a torah, pois alguém que defende e louva o povo  é elevado por D’us.


    A bênção de Moshê foi superior à de todos os tsadikim antes dele, e até às bênçãos dos antepassados, porque ele era superior a eles.

"Muitas filhas se saíram brilhantemente, mas você superou elas todas" (Mishlê 31:29). A Escritura refere-se a Moshê, que foi superior até aos Patriarcas. O Midrash ilustra a superioridade de Moshê por meio de uma conversa fictícia entre ele e os grandes tsadikim anteriores.

    Antes de começar as bênçãos, Moshê recitou o salmo (Tehilim 90). "Uma prece para Moshê, o homem de D’us." Nele, ele menciona o breve tempo de vida de um ser humano: "Os dias de nossos anos são setenta e, se houver força especial, oitenta anos." Porém, a alma do homem continua a viver, finalmente retornando à sua fonte: "D’us, Tu tens sido uma morada para nós (nossas almas) em todas as gerações" (Tehilim 90:1).

 

Moshê descreve a grandeza do povo 

    Moshê começou com louvores a D’us, descrevendo como Ele Se revelou no Har Sinai para outorgar a Torá. Moshê proclamou: "D’us foi ao povo no Monte Sinai como um noivo que vai encontrar sua noiva. D’us ofereceu previamente a Torá a todas as nações gentias, mas elas se recusaram a aceitar."

    Moshê proclamou: "A grandeza de D’us desafia a descrição. No Sinai, Ele levou com Ele apenas uma fração das hostes celestiais sob Seu comando, ao contrário de um ser humano que exibe toda sua riqueza no dia das bodas.

"Ele deu aos compromissado com a torah Sua lei de fogo, a Torá, que Ele tinha gravado sobre as Tábuas com Sua mão direita."





 

Por que a Torá é chamada de ‘uma lei de fogo’?

1 – A Torá existiu antes da criação do universo. Antes de ser entregue à humanidade, foi escrita perante D’us em fogo negro sobre fogo branco. Moshê então a escreveu com tinta sobre pergaminho.

2 – A Torá foi entregue em meio ao fogo: os anjos descendo com D’us ao Har Sinai estavam em chamas: a montanha estava em chamas; foi dado por D’us, que é chamado "um Fogo devorador"; e a face do agente de D’us (Moshê) reluziu por entre o fogo.

Moshê agora abençoou os os compromissados com a torah, para que merecessem a vida eterna no Mundo Vindouro por terem aceitado a Torá. "D’us amava muito as tribos. Ele atou as almas dos tsadikim com Ele para a vida eterna. Eles a merecem, pois se colocaram ao pé do Monte Sinai e aceitaram o jugo da Torá."

 

 

Moshê abençoa as Tribos: Reuven, Shimon e Yehuda

A Bênção de Reuven


Moshê começou abençoando os descendentes do primogênito de Yaacov:

"Que Reuven viva e não morra, e que seus homens sejam contados entre as tribos."

No sentido literal, Moshê estava se referindo aos soldados da tribo de Reuven, que marcharam na frente do exército  durante a conquista da Terra. Ele os abençoou para que nenhum caísse em batalha, e que todos retornassem para casa.

Em outro nível, a bênção de Moshê se referiu ao fundador da tribo:
"Que Reuven viva nos dias de Mashiach e que não morra no Mundo Vindouro, Que sua tribo seja contada entre Benê Yisrael."

Moshê abençoou Reuven para que seu pecado no incidente envolvendo Bilá não fosse usado contra ele no futuro, pois Reuven tinha se arrependido de seu erro.

Na verdade, a bênção de Moshê ajudou Reuven a conquistar um quinhão no Mundo Vindouro.

A Tribo de Shimon

Moshê não concedeu sua própria bênção a Shimon. Ele estava irado com esta tribo porque seu líder, Zimri, tinha pecado em Shitim com uma princesa moabita, dessa forma inspirando muitos de seus amigos na tribo a erros similares.

Nosso patriarca Yaacov, em suas bênçãos aos seus filhos, tinha reprovado Shimon e Levi. Levi mais tarde melhorou, ao passo que Shimon se deteriorou ainda mais, como é ilustrado na seguinte parábola:

Dois homens pediram um empréstimo ao rei. Um pagou, e depois chegou a emprestar ao rei uma quantia de seu próprio dinheiro em retorno. O outro, no entanto, não somente deixou de pagar o empréstimo original, como teve a audácia de pedir outro empréstimo ao rei.

Da mesma forma, Yaacov inicialmente censurou tanto Shimon quanto Levi pelo ódio que levou a ambos exterminarem a cidade de Sh’chem, e pelo episódio em que ambos tinham tentado tirar a vida de Yossef. Em seguida, a tribo de Levi utilizou seu atributo do zelo e ira para o propósito de vingar a honra do Todo Poderoso ao punirem os adoradores do bezerro de ouro e quando Pinchas, da tribo de Levi, matou o líder pecador de Shimon, Zimri.

Os membros de Shimon, porém, continuaram a usar sua tendência para a violência e agitação: seu líder Zimri rebelou-se contra Moshê em Shitim. Portanto, esta tribo perdeu o privilégio de receber sua própria bênção. Apesar disso, Moshê aludiu a Shimon na bênção de Yehuda, quando disse: "Escuta, D’us, a voz de Yehuda." A palavra "Shemá" contém as letras do nome Shimon. Além disso, o quinhão de Shimon em Erets Yisrael consistia de várias faixas de terra na porção de Yehuda.

Shimon foi abençoado junto com Yehuda, o "leão", e foi feito seu vizinho, na esperança de que a presença de Yehuda refreasse Shimon de mais atos de violência injustificada.

A bênção de Yehuda

Moshê profeticamente abençoou Yehuda depois de Reuven, porque Yehuda era a tribo liderante. Além disso, a tribo merecia ser abençoada depois de Reuven, porque o fundador da tribo fez seu irmão Reuven confessar abertamente seu pecado. Depois da corajosa admissão de culpa no incidente envolvendo Tamar. Reuven também tomou coragem e admitiu em frente de seu pai Yaacov: "Eu desarrumei a cama de meu pai,"

Nossos Sábios mencionam ainda outro motivo para Moshê colocar a bênção de Yehuda em seguida à de Reuven, e por que ele introduziu a bênção de Yehuda com as palavras: "E esta é para Yehuda."

Durante sua jornada de quarenta anos pelo deserto, Benê Yisrael carregou o caixão de todos os filhos de Yaacov, até finalmente enterrar seus corpos em Erets Yisrael. Mas enquanto os outros corpos permaneceram intactos, os ossos de Yehuda se desconectaram e rolaram dentro do caixão.

Yehuda atraiu este castigo sobre si quando implorou ao seu pai Yaacov: "Deixa-me levar Binyamin ao Egito. Se eu não devolvê-lo a ti, que eu seja banido por todos os meus dias, mesmo depois da morte." Embora Yehuda tenha devolvido Binyamin a Yaacov, seu banimento – em referência às palavras de um homem justo – por força teve efeito. 

Portanto, a alma de Yehuda não pôde entrar no Gan Eden, e ao mesmo tempo seus ossos não encontraram repouso.

Moshê suplicou a D’us: "O corpo de Reuven deve permanecer intacto, enquanto o de Yehuda está desmembrado? Não foi Yehuda que fez Reuven confessar abertamente seu erro? Portanto, ouve, D’us a voz de Yehuda!"

Assim que Moshê falou as palavras: "Ouve, D’us a voz de Yehuda", os ossos de Yehuda se juntaram novamente. Quando Moshê falou: "e leva-o ao seu povo", a alma de Yehuda foi admitida à academia Celestial, onde se reuniu às almas justas das pessoas compromissadas com a torah . As palavras finais de Moshê "e seja uma ajuda para ele de seus adversários", fez com que a alma de Yehuda atingisse o nível mais elevado de apego a D’us no Olam Habá.

As palavras de Moshê "E esta bênção para Yehuda também alude à Torá. Moshê indicou: "Os reis, que descenderão de Yehuda, devem estudar Torá a vida toda."

Moshê rezou: "Mestre do Universo, aceita as preces dos reis da casa de David, sempre que forem ameaçados pelo inimigo! Retorna seus soldados em segurança! Que tenham sucesso na batalha, e sejas uma ajuda para eles contra seus adversários!"

Moshê anteviu profeticamente que David algumas vezes se encontraria em grande perigo, e portanto convenceu D’us a resgatar o futuro monarca. Ele também rezou pelo Rei Yoshiyáhu, vislumbrando que Yoshiyáhu retornaria a D’us e destruiria os ídolos em Erets Yisrael. Devido às preces de Moshê, D’us aceitou a teshuvá de Yoshiyáhu e prometeu não destruir o Bet Hamicdash em seu tempo. Moshê, além disso, rezou pelo Rei Menashe, para que D’us aceitasse sua prece, pronunciada no cativeiro da Babilônia, e o libertasse.

 

 

 

Moshê abençoa as Tribos de Levi, Binyamin e Yossef 

A Bênção de Levi

Moshê abençoou a Tribo de Levi: "Tu (D’us) vestiste Aharon, que consideraste justo, com Teu urim vetumim (o peitoral do Sumo Sacerdote).

"Tu testaste Aharon nas águas de Meriva, onde decretaste que ele morreria no deserto por apoiar quando Moshê golpeou a pedra. Aharon poderia ter protestado: ‘Não cometi qualquer pecado; por que tenho de morrer?’ Mas seu coração era perfeito Contigo; ele não teve queixas. Portanto, conquistou o direito de usar o urim vetumim sobre o coração."

Em outro nível, Moshê estava louvando toda a tribo de Levi, que fora escolhida para desempenhar o Serviço de D’us no Mishcan e no Bet Hamicdash: "Toda vez que testaste os homens da tribo de Levi, eles foram perfeitos; quando Tu fizeste um teste com eles nas Águas de Meriva, eles foram leais."

Os membros de Levi não tiveram (falsa) pena dos adoradores do bezerro de ouro, mas executaram a todos – até seus próprios parentes.

"Eles cumpriram Teu mandamento: ‘Não terás outros deuses.’ Eles não contribuíram com ouro para o bezerro, nem o serviram.

"Eles guardaram corajosamente o Teu pacto do brit milá, circuncidando seus filhos até no deserto (enquanto o restante das tribos desistiu, por causa dos perigos que se apresentavam).

"Eles são merecedores de ensinar tais leis a Yaacov e Tua Torá para Israel. Os cohanim da sua tribo Te oferecerão incenso diariamente, e sacrifícios sobre Teu altar.

"Abençoa, D’us, as propriedades dos levi’im, e aceita a obra de suas mãos (o serviço dos sacrifícios) favoravelmente."

De fato, a tefilá de Moshê fez os membros da tribo de Levi serem tão abençoados materialmente que se diz: "A maioria dos cohanim é rica." Além disso, o versículo "Eu fui jovem, e agora sou velho; mas não vi um homem justo abandonado, nem o vi esmolando pão (Tehilim 37:25), era entendido como referindo-se aos cohanim.

Moshê concluiu sua bênção:

"Golpeia as ancas daqueles que se levantam contra ele e os seus inimigos, para que não se levantem outra vez."

A quais inimigos dos levi’im ele se referia?

1 – Moshê rezou para que aqueles que usurpassem o ofício do sacerdócio fossem castigados.
2 – Moshê anteviu profeticamente que na era do Segundo Templo os chashmonaim (hasmoneanos) descendentes de Levi, lutariam contra um exército grego que era numericamente muito superior. Então, ele rezou a D’us: "Golpeia as ancas dos que se erguerem contra eles."

Por que os chashmonaim eram tão bem-sucedidos, para que D’us entregasse ‘muitos nas mãos de poucos?’ Tal milagre transpirou pelo mérito da bênção de Moshê à tribo de Levi.

O milagre de Chanucá ocorreu através dos descendentes de Levi, cuja kedushá (santidade) podia superar as forças da tumá (impureza).

A Bênção de Binyamin

Após abençoar Levi, cujos membros desempenhavam o Serviço no Bet Hamicdash, Moshê então dirigiu-se a Binyamin, pois o altar e o Santo dos Santos do Bet Hamicdash estavam para ser construídos em seu território.

Moshê abençoou Binyamin antes de Yossef, porque o Bet Hamicdash que estava para ser construído na porção de Binyamin seria mais caro a D’us que o Mishcan de Shilo, localizado na porção de Yossef.

Moshê abençoou Binyamin:

"Binyamin habitará em segurança por causa do amor de D’us por ele. Ele sugeriu: "Os descendentes desta tribo habitarão em segurança, sem temor do inimigo. 

A tribo de Binyamin permaneceu parte do reino de Yehuda, após a separação do reino, Seus membros lutaram pelos reis de Yehuda, participando nas vitórias dos reis justos Assa, Yehoshafat a Chizkiyahu. A bênção de Moshê foi para que Binyamin destruísse os inimigos e morasse em segurança. Moshê também estava se referindo ao fundador da tribo, Binyamin, que "habitaria em segurança" até na sepultura, pois os vermes não teriam permissão de tocar seu corpo.

D’us irá sempre pairar sobre a porção de Binyamin, para que Sua Shechiná ali resida.

"A Shechiná ‘habita entre os ombros de Binyamin’". (O Bet Hamicdash será construído numa colina alta em seu território.)

O Rei David desejava ardentemente construir o Bet Hamicdash. Ele fez todos os preparativos que pôde.

Quando David visitou o Profeta Shemuel, eles estudaram as halachot pertinentes ao futuro Bet Hamicdash. David sugeriu que fosse construído sobre a montanha mais alta de Erets Yisrael. No entanto, eles consideraram o versículo ‘E Ele habita entre seus ombros’ (33:12). Como o versículo não declara ‘Ele habita sobre sua cabeça’, a parte mais alta do corpo humano, eles decidiram que deveria ser construído numa colina no território de Binyamin, mas não na parte mais alta.

A bênção de Yossef

Moshê proclamou:

"Abençoada por D’us seja sua terra, com doces iguarias produzidas pelo orvalho e pela chuva do Céu, e pela água da profundeza da terra; com doces iguarias que crescem com o brilho abundante do sol e da lua. (Determinadas plantas, como o pepino e melões, amadurecem à luz da lua).

"Que estas montanhas sejam abençoadas com a maturação adiantada da produção e sua terra com colinas que produzam constantemente.

"Que esta terra seja abençoada com as iguarias da terra e sua plenitude, e com a boa vontade Daquele que Se revelou a mim originalmente na sarça. Que esta bênção seja uma coroa na cabeça de Yossef; sobre ele que foi separado de seus irmãos (quando eles o venderam. Apesar disso, ele os perdoou e os sustentou nos anos de escassez.)"

Moshê concluiu sua bênção profetizando sobre dois dos famosos descendentes de Yossef, Yehoshua e Gidon: "Sobre o líder Yehoshua, que descenderá dele, será concedida a força de um boi e os belos chifres dos Re’aim. Com eles ele rasgará os trinta e um reis de Erets Canaan.

"Dezenas de milhares (de Canaanim) serão assassinados por Yehoshua, um descendente de Efrayim, e milhares (de Midyanim) pelo juiz Gidon, um descendente de Menashe."

Segundo a bênção de Moshê a Yossef, o estandarte de Efrayim estampa a pintura de um boi, e de Menache um Re’aim.

 


 

 

Moshê abençoa as Tribos de Zevulun e Yissachar

Moshê abençoou Yissachar e Zevulun em conjunto, porque as duas tribos eram parceiras. Zevulun engajou-se no comércio e dividiu seus lucros com Yissachar, cujos membros devotavam-se ao estudo de Torá. Embora Yissachar fosse mais velho, Moshê abençoou Zevulun primeiro, porque se não fosse pelo apoio de Zevulun, Yissachar não teria conseguido prosseguir seus estudos.

Moshê os abençoou: "Zevulun, que tenhas sucesso nos negócios, e Yissachar em suas tendas de estudo de Torá."

Moshê assegurou a Zevulun que suas jornadas não teriam perigo ou possibilidade de fracasso. Como ele pretendia sustentar Yissachar com seus ganhos, seu sucesso e segurança foram assegurados. Além disso, Zevulun deveria regozijar-se porque sua sociedade com Yissachar lhe granjearia recompensa no Mundo Vindouro.

A bênção de Yissachar é formulada de maneira mais concisa que a de qualquer outra tribo. Moshê a expressou em apenas duas palavras: "Yissachar (se rejubile) em suas tendas." Na verdade, estas palavras abrangem todas as bênçãos possíveis. Moshê estava dizendo a esta tribo: "Rejubilem-se quando estudarem Torá, pois não há felicidade maior neste mundo que o estudo de Torá, como está escrito: ‘Os estatutos de D’us são eretos, fazem o coração se alegrar’" (Tehilim 19:9). Além disso, vocês se alegrarão na Tenda Celestial no Alto, onde sua felicidade será completa."

Moshê continuou: "Os eruditos de Torá de Yissachar irão estabelecer sabiamente o início dos novos meses, assim fazendo com que as tribos sejam chamadas ao Monte do Templo para as festas, quando irão sacrificar as oferendas de yom tov.

"Yissachar e Zevulun ganharão com as riquezas do mar (em cuja costa estão localizadas suas porções). Eles apanharão e venderão um caro atum, e também a criatura Chilazon (com cujo sangue um dos tsitsit é tingido de azul); com a areia branca da sua praia um valioso vidro claro será feito; além disso, eles descobrirão na areia tesouros levados à costa provenientes de navios naufragados.
"Por causa de suas riquezas, Yissachar e Zevulun terão tempo livre para estudar Torá."
Moshê também previu:

"Os negócios de Zevulun atrairão mercadores gentios à costa do Mediterrâneo. Eles dirão: ‘Como viajamos tão longe, vamos visitar a capital do país de Israel, visitar seu templo, e ver quais são suas divindades e seus costumes.’

Quando eles chegarem a Yerushaláyim e virem como todos os judeus se unem para adorar um único D’us, e como comem apenas determinados alimentos (ou seja, comida casher), eles ficarão impressionados e declararão: ‘Jamais vimos um país como este!’

"Eles reconhecerão a futilidade de seus cultos idólatras, e muitos se converterão ao Judaísmo, e oferecerão sacrifícios de justiça sobre o Har Hamoria."

A bênção de Moshê às Tribos de Gad e Dan

A bênção de Gad

Moshê disse sobre Gad:
‘Bendito seja Ele que aumenta o território de Gad." 

Gad recebeu como porção as terras de Sichon e Og a leste do Jordão. Embora menos produtivo que Erets Yisrael, este território era maior, estendendo-se bastante a leste. "Gad mora como uma leoa, e quando vai para a guerra sua vítimas são reconhecíveis, pois ele tira o braço e a cabeça com um só golpe."

Gad precisava de uma bênção para ter força em batalha, pois no lado leste do Jordão estava em constante perigo de ataque por parte de seus inimigos.

"Os membros de Gad escolheram como sua porção as terras de Sichon e Og, a primeira parte da terra ainda a ser conquistada, porque eles sabiam que Moshê seria enterrado ali.

"Seus homens marcharam à frente de Benê Yisrael na conquista de Erets Yisrael. Eram justos e cumpriram a palavra dada a Moshê – de não voltar para casa, no lado leste do Jordão, senão depois da divisão da Terra."

Em sua bênção, Moshê na essência desculpou Gad por escolher uma porção fora de Erets Yisrael. Os membros de Gad estavam parcialmente motivados pelo desejo de ter o túmulo de Moshê em sua porção; além disso, eles cumpriram seu dever para com as outras tribos sobre a conquista de Erets Yisrael. 

A bênção de Dan

Moshê abençoou Dan:
"Dan é forte como um leão jovem."

Moshê referia-se ao fato de que Dan, cujo território formava a fronteira norte de Erets Yisrael, ter protegido a terra de seus inimigos.

"Sua porção da terra bebe do Rio Jordão, que desce da gruta de Pamais na porção de Dan.
"O rio forma a fronteira entre Erets Yisrael e Bashan, que é território de Og.
"A terra ao longo do Jordão é bem irrigada e fértil."

A bênção de Moshê também sugere que a porção de Dan na terra consistiria de duas partes. 
Inicialmente eles receberiam território no centro de Erets Yisrael, mas considerariam aquilo insuficiente. Portanto, para ter mais espaço, seus guerreiros conquistaram o território de Leshem, que faz fronteira com Bashan na extremidade norte de Erets Yisrael.

 

Tribos de Naftali, Asher e Zevulun são abençoadas

A bênção de Naftali


Moshê abençoou Naftali:

"A porção de Naftali na terra satisfaz quem vive ali. Inclui o vale de Ginasor, onde os frutos amadurecem primeiro. Quem avista os frutos suculentos e belos em seu território dá graças e louva a D’us.

"Ele herdará o Mar de Kineret e uma faixa de terra ao sul, onde poderá espalhar suas redes de pesca."

As primeiras três letras da bênção de Naftali aludem à famosa ligeireza de Naftali:
Naftali era "veloz como uma águia" em cumprir as ordens de D’us."


A bênção de Asher

"Que Asher seja abençoado com filhos."

Com a palavra "filhos" Moshê referiu-se aos descendentes de Asher, que eram nobres e cohanim, pois muitas das belas filhas de Asher se casaram com judeus em altas posições.
"Que ele seja bem aceito por seus irmãos."

Como Asher tinha belas filhas para oferecer em casamento, era bastante querido.
Além disso, as palavras de Moshê se referiam ao fundador da tribo, Asher, que era olhado com desprezo pelas outras tribos por informá-las: "Reuven desarranjou a cama de Yaacov!"

"Como você pode dizer coisas tão feias sobre seu irmão mais velho!" eles o repreenderam. Somente depois que Reuven confessou seu pecado Asher foi novamente aceito por seus irmãos.
"E que ele mergulhe seu pé em azeite."

A terra de Asher era tão abençoada por oliveiras que o azeite fluía delas como um poço, e os membros da tribo podiam se dar ao luxo de se banharem em azeite.
Moshê concluiu:

"Sua terra é rodeada por montanhas, onde o ferro e o cobre são escavados; e como vocês são fortes em sua juventude, assim serão na sua velhice."

Como o trabalho de escavar o ferro e o cobre enfraquece as pessoas prematuramente, Moshê abençoou os membros dessa tribo para que conservassem a força na velhice. A bênção de Moshê foi cumprida. Dizia-se sobre as mulheres de Asher que uma mulher idosa da tribo era tão forte e bela como uma jovem das outras tribos.

 

 


 

Moshê termina com os louvores a D’us e ao povo compromissada com a torah

Moshê concluiu suas bênçãos com louvores a D’us e K’lal Yisrael.

Os louvores a D’us também serviram para encorajar os compromissadas com a torah, que D’us os ajudaria mesmo depois da morte de Moshê, que estava iminente.

"Saiba, Yeshurun, que não há ninguém como o Todo Poderoso entre as divindades das nações. Ele é o mais poderoso acima e abaixo. Ele controla as esferas superiores e os ajuda. Sua majestade está no Céu.

"Apesar disso, Ele supervisiona todos os assuntos na terra. Vocês, o povo judeu, são a morada de D’us desde os tempos antigos: o mundo foi criado pelo seu mérito. Vocês são o esteio do mundo; ele existe por causa de vocês.

"Ele afastou o inimigo da sua frente – Ele destruiu os egípcios, Sichon, e Og – e Ele disse: 
‘Exterminem-nos!’ (D’us nos ordenou destruir Amalek e as sete nações de Erets Canaan.)"

Moshê proclamou que os pessoas compromissadas com a torah viveriam pacificamente e com segurança em Erets Yisrael:

"Cada indivíduo judeu habitará com segurança numa Terra de cereais e vinho, segundo as bênçãos de Yaacov: ‘E D’us estará com vocês e os restaurará à Terra de seus antepassados.’ Os céus também farão cair o orvalho da bênção, segundo a bênção de Yitschac: ‘Que D’us lhes dê o orvalho dos Céus.’"

Moshê concluiu:

"Felizes são vocês, Yisrael! Quem é como vocês, um povo salvo por D’us! Quão grande é a recompensa que Ele guardou para vocês no Mundo Vindouro! Ele devolverá a vocês a espada de sua majestade, as coroas (espirituais) que Ele removeu de vocês depois que pecaram no incidente do bezerro de ouro.

"Seus inimigos ficarão com tanto medo de vocês que negarão qualquer identidade, e vocês andarão em seus locais elevados."

A última bênção de Moshê aludia à suprema recompensa de K’lal Yisrael, o Mundo Vindouro. Como prova de que sua profecia sobre a futura recompensa espiritual seria cumprida, Moshê deu sinais de que isso ocorreria no mundo atual; que os inimigos de Benê Yisrael negariam sua identidade, e que os judeus pisariam nos pescoço de seus inimigos.

As palavras de Moshê foram cumpridas, por exemplo, na época de Yehoshua: os Gibeonitas disfarçaram sua identidade como uma das sete nações; e Yehoshua ordenou que seus generais pisassem no pescoço de cinco reis inimigos (Yehoshua 19:24).

Moshê morre em Har Nevo

Após Moshê concluir suas bênçãos, ele disse ao povo: "Estou para morrer. Causei muitos sofrimentos a vocês ao admoestá-los pelo mérito da Torá e mitsvot. Perdoem-me agora!"

Eles responderam: "Nosso Rebe e mestre, eles estão perdoados. Agora nos perdoe; muitas vezes o enfurecemos e lhe causamos problemas."

"Eu os perdôo" – respondeu Moshê.

D’us disse a Moshê: "Não espere mais. Suba ao Monte Nevo!"

Moshê obedeceu imediatamente. Havia doze passos levando ao topo do monte, mas Moshê galgou-os todos de um só salto (tão ansioso estava ele para cumprir a vontade de D’us). Sua força à idade de cento e vinte anos ainda era a mesma da juventude.

De pé no topo da montanha, Moshê contemplou Erets Yisrael. D’us, assim, concedeu seu desejo de ver a Terra. Ali Moshê daria suas bênçãos sobre ela, tornando a conquista mais fácil para Benê Yisrael.

O Todo Poderoso deixou Moshê ver lugares onde seu sucessor, Yehoshua, jamais pisaria. Em especial, D’us mostrou-lhe os pontos de futuro perigo ou infelicidade, fazendo Moshê chorar pela segurança e bem-estar de seu povo.

Moshê, além disso, viu a futura história de Benê Yisrael até a era de Mashiach: viu Yehoshua lutando contra os trinta e um reis de Erets Canaan; a era dos juízes; o reinado da Casa de David; e o Rei Shelomô preparando os vasos para o Bet Hamicdash. Ele anteviu até a guerra pré-messiânica de Gog e Magog, e a queda de Gog. Na hora de sua morte Moshê recebeu também um pedido que antes lhe fora negado: Quando Moshê pediu a D’us: "Por favor, revela-me Tuas maneiras de manipular os assuntos do mundo", o Todo Poderoso respondeu: "Nenhum homem pode Me ver e viver!"

Antes de sua morte, porém, foi concedido aquele entendimento a Moshê. Assim, ele finalmente atingiu o quinto e último ‘estágio de sabedoria’. Por ocasião da morte de Moshê, D’us queria demonstrar a grandeza de Moshê às hostes Celestiais. Portanto, Ele chamou o anjo Gavriel e lhe ordenou: "Vai e traz para Mim a alma de Moshê!"

"Mestre do universo, como posso causar a morte de um ser humano que é igual a 600.000 judeus?"
"Então vai você" – ordenou D’us a Michael.

"Não suporto vê-lo morrer" – respondeu Michael. "Eu costumava ser seu Rebe. (Michael é o Anjo da Misericórdia, que ensinou Moshê a defender os judeus.)

O Todo Poderoso então voltou-se a Samael (que é Satã): "Vai e traga para Mim a alma de Moshê!"
Samael pegou sua espada (o espírito de tum’á com o qual ele esperava derrotar a kedushá de Moshê) e voou até Moshê.

Encontrou Moshê escrevendo o Nome de Quatro Letras de D’us num Sefer Torá ainda incompleto. O rosto de Moshê irradiava como o sol, e ele se assemelhava a um dos anjos. Samael ficou com medo de Moshê. "Nenhum anjo pode tirar a alma de Moshê" – pensou ele. Começou a tremer e foi incapaz de pronunciar uma só palavra a Moshê. Moshê, porém, percebera a presença de Samael antes mesmo que o anjo se revelasse.

"Seu perverso, o que está fazendo aqui?" Moshê perguntou severamente.

Samael então reuniu coragem e respondeu: "Vim para levar sua alma!"

"Quem o enviou?"

"Aquele que criou tudo" – respondeu Samael.

"Ele certamente não queria que você levasse minha alma (mas ao contrário, Ele deseja que eu o derrote)" disse Moshê.

"Eu levo as almas de todos os seres humanos" – insistiu Samael. "esta é a lei natural do universo."
"Porém não estou sujeito às leis da natureza" – insistiu Moshê. "Sou filho de Amram. Sou sagrado desde o nascimento, pois nasci circuncidado e portanto não precisei de milá. Pude andar e falar desde o dia do meu nascimento (como Adam, antes de pecar).

 



"Quando eu tinha três meses de idade, profetizei que eu receberia a Torá. (Por este motivo Moshê recusou-se a beber o leite de uma mulher egípcia quando a filha do faraó o encontrou.) Quando criança, no palácio do faraó, eu tirei a coroa de sua cabeça (um prenúncio da futura queda do faraó).
Aos oito anos de idade, D’us usou-me para fazer muitos milagres no Egito, e tirei 600.000 judeus em plena luz do dia sob os olhos dos egípcios. Abri o Mar em doze partes. Transformei água amarga em água doce (no local Mara no deserto). Estive no céu, discuti com anjos que não queriam a Torá outorgada, recebi a Torá de fogo, e fiquei perto do Trono Celestial para conversar com o Todo Poderoso face a face. Trouxe a Torá e os segredos dos anjos para a humanidade. Lutei contra os poderosos gigantes Sichon e Og, que tinham sobrevivido ao Dilúvio. Fiz o sol e a lua ficarem imóveis durante a batalha, e eu mesmo matei Sichon e Og. Quem mais, na humanidade, pode fazer tudo isso? (Portanto, a lei natural que permite a você tirar a lama de um homem não se aplica a mim.)"

Samael voou de volta a D’us, reconhecendo a derrota.

D’us então investiu-o de maior força, e ordenou que voltasse a Moshê. (D’us desejava que Moshê atingisse uma vitória ainda maior sobre o Satã). Samael pairou sobre a cabeça de Moshê e tirou a espada da bainha. Moshê golpeou o anjo com toda sua força, com o bastão onde estava gravado o nome de D’us. Samael fugiu. Moshê dominou-o e cegou-o com os Raios da Glória que brotavam de sua face.

Uma Voz Celestial proclamou: "A hora de sua morte chegou!"

"Por favor, não me entregue ao Anjo da Morte" – Moshê suplicou a D’us. Lembre-Se de como eu O servi na minha juventude, quando Você Se revelou para mim na moita, e quando fiquei em Har Sinai durante quarenta dias e noites e me esforcei para aprender a Torá!"

"Não tenha medo" – declarou a Voz Celestial. "Eu mesmo cuidarei de você."

Moshê levantou-se e preparou-se para morrer, santificando-se como um dos anjos.

D’us desceu com os anjos Michael, Gavriel e Zagzagael.

Michael preparou o leito para Moshê; Gavriel estendeu uma coberta de linho para sua cabeça; e Zagzagael outro pano para seus pés.

O Todo Poderoso falou: "Moshê, feche os olhos."

Moshê assim o fez.

"Coloque as mãos sobre o peito" – ordenou o Todo Poderoso.

Moshê obedeceu.

"Junte seus pés" – ordenou Ele.

Moshê obedeceu.

D’us chamou a alma de Moshê.

"Minha filha" – dirigiu-se Ele à alma – "planejei que você permanecesse no corpo de Moshê por 120 anos. Agora deve sair; não demore."

A alma respondeu: "Mestre do Universo, existe um corpo mais puro que o de Moshê? Portanto, eu o amo e não quero deixá-lo."

"Eu a guardarei sob Meu Trono Celestial de Glória com os anjos" – prometeu D’us.

"É melhor para mim permanecer no corpo de Moshê que misturar-me com os anjos" – protestou a alma. "Ele é tão puro quanto um anjo, embora viva na terra; por outro lado, Você certa vez permitiu que dois anjos, Uza e Azael, morassem entre os homens, e eles se corromperam. Moshê não vive com a mulher desde o dia em que Você falou com ele da sarça ardente (segundo uma opinião. Segundo outras, desde matan Torá). Por favor, deixe-me no corpo de Moshê!"

Após ouvir a alma atestar sobre a pureza do corpo de Moshê, D’us – por assim dizer – beijou Moshê. A alma sentiu o inigualável prazer da Divina Presença (que era maior que o prazer que ela derivava do corpo de Moshê) e retornou para D’us.

Moshê é pranteado no Céu e na terra, e é sepultado pelo Próprio Todo Poderoso
Os céus choraram, dizendo: "O homem piedoso pereceu na terra" (Michá 7:2). A terra chorou, pranteando "… e o justo entre os homens não é mais" (ibid.).

Os anjos o elogiaram: "Ele executou a justiça de D’us e Suas leis com Yisrael" (Devarim 33:21).
Uma Voz Celestial proclamou: "Moshê, o grande escriba de Yisrael (que escreveu a Torá para eles) morreu." 

A Voz ainda o elogiou:

"Moshê trabalhou e adquiriu quatro coroas:
• A coroa da Torá, que ele trouxe à terra;
• A coroa da kehuna (quando ele oficiou como Sumo Sacerdote durante a inauguração do Mishcan);
• A coroa da realeza;
• A coroa de um bom nome, que ele conquistou com suas boas ações."

Moshê morreu sobre o Monte Nevo, na porção de Reuven, mas os anjos o carregaram por quatro mil até a porção de Gad, onde ele estava destinado a ser sepultado.

Quando o aluno de Moshê, Yehoshua, soube da morte de Moshê, pranteou: "Meu pai, meu pai, meu mestre, meu mestre! Meu pai, porque você me criou; e meu mestre, que me ensinou Torá desde minha juventude."

Ele continuou a chorar até que D’us finalmente o reprovou: "Você é o único que perdeu Moshê? Eu, por assim dizer, também o perdi. Quem mais se erguerá para repreender os judeus por Mim, e para defendê-los como ele sempre fez? (Não é adequado exprimir sua dor privada; ao contrário, pranteie pela perda do grande líder do povo judeu.)

Um rei era provocado diariamente pela má conduta do filho. Estava sempre prestes a executar o rapaz pela sua falta de respeito, mas a mãe do príncipe sempre intervinha e aplacava o marido.
Quando a rainha morreu, o rei ficou excessivamente choroso. Ele explicou aos nobres: "Choro não somente por ela, mas pelo futuro do príncipe."

Assim D’us explicou aos anjos: "A perda de Moshê poderia ter conseqüências trágicas para K’lal Yisrael. Muitas vezes Eu fiquei irado com o povo judeu, mas Moshê sempre implorava por eles e assim acalmava Minha ira."

O Próprio D’us enterrou Moshê nas planícies de Moav, perto de Bait Peor.

Por que Moshê mereceu a grande honra de ser enterrado pelo Próprio Todo Poderoso?

Antes de Benê Yisrael deixar o Egito, Moshê procurou o caixão de Yossef durante três dias e três noites, para cumprir a antiga promessa feita a Yossef, de enterrar seus ossos em Erets Yisrael.
Quando todos os judeus se reuniram para o Êxodo, cada qual carregado com o ouro e prata egípcio, Moshê foi visto carregando apenas o caixão sobre os ombros. Ele foi o homem sábio que aproveitou a oportunidade para cumprir uma mitsvá.

D’us disse: "O que você fez pode parecer insignificante para você, mas aos Meus olhos foi uma grande bondade. Yossef foi obrigado a enterrar seu pai em Erets Yisrael porque ele era um filho. Mas você não é filho nem neto de Yossef, e não estava obrigado a cuidar de seu corpo. Mesmo assim, você o fez. Eu, que não tenho qualquer obrigação com um ser humano, o enterrarei."

Moshê faleceu em 7 de Adar, a data de seu nascimento, com cento e vinte anos. Mesmo depois de seu falecimento, seu corpo não se decompôs (devido à sua grande santidade).

A Nuvem de Glória não se afastou de cima do Mishcan durante trinta dias depois da morte de Moshê. Assim, Benê Yisrael permaneceu nas planícies de Moav para pranteá-lo.

Com a morte de Moshê, o povo perdeu três grandes presentes:

O maná – O pão Celestial que tinha sido fornecido pelo mérito de Moshê. Embora ele parasse de cair no dia da morte de Moshê, o restante durou milagrosamente por mais um mês, até 16 de Nissan. (No entanto, embora o maná durante a vida de Moshê assumisse qualquer sabor que Benê Yisrael desejasse, depois de sua morte tinha apenas um sabor. Os judeus tinham merecido encontrar muitos sabores no maná, pois o fenômeno refletia sua descoberta espiritual de "muitos sabores" no seu estudo de Torá. Como o nível de estudo de Torá declinou após a morte de Moshê, o sabor do maná não variava mais.) A 16 de Nissan os judeus cruzaram o Jordão para Erets Yisrael e levaram a oferenda do ômer, que lhes permitia comer o novo cereal colhido em Erets Canaã.

O Poço de Miriam – O Poço tinha deixado de fluir com o falecimento de Miriam, mas voltou pelo mérito de Moshê até que ele morreu.

As Sete Nuvens da Glória que rodeavam Benê Yisrael como muros protetores no deserto, e o pilar de fogo que iluminava o caminho `åa noite. As Nuvens tinham desaparecido com a morte de Aharon, mas voltaram pelo mérito de Moshê e acompanharam Benê Yisrael até que ele faleceu.

Cada um dos três presentes nos serão devolvidos por D’us no mundo futuro.

D’us não permitiu que Moshê fosse enterrado em Erets Yisrael. Ele foi sepultado no deserto, num local chamado pela Torá de "Bait Peor", pelo seguinte motivo:

Ao adorar o deus Peor em Shittim e cometer prostituição com as filhas de Moav, Benê Yisrael criou um Anjo Acusador. (O cometimento de um pecado cria um anjo, ou força espiritual, que acusa o transgressor).

O Todo Poderoso já tinha preparado o local de sepultamento de Moshê, o qual expiaria o pecado com Peor, durante os Seis Dias da Criação.

Embora a Torá descreva a localização do túmulo de Moshê – na terra de Moav, em frente a Bait Peor – ninguém conseguiu encontrá-lo.

Por que D’us ocultou o túmulo de Moshê da humanidade?

1 – D’us temia que antes da destruição do Bet Hamicdash e do subseqüente exílio, os judeus fossem ao túmulo de Moshê para chorar e gritar: "Moshê, suplica a D’us para reverter a tragédia!" O enorme poder das preces de Moshê após a morte teria cancelado a destruição. (D’us não poderia permitir isso, pois então em vez disso Ele teria de destruir o povo judeu).

2 – A localização do túmulo de Moshê é desconhecida para impedir os judeus de oferecerem sacrifícios e incenso ali, em vez de no Bet Hamicdash; além disso, para que os gentios não o profanassem com estátuas idólatras.

3 – A ocultação de seu túmulo é também um castigo para a falha de Moshê em agir em Shittim, onde Zimri levou a princesa midianita Kozbi para sua tenda. Moshê deveria ter feito um supremo esforço para lembrar-se da halachá adequada, mas em vez disso ficou em desespero, deixando a aplicação da lei para Pinchas, que assassinou Zimri.

Uma passagem subterrânea vai do túmulo de Moshê até a Gruta de Machpelá, onde estão sepultados os Patriarcas.

Os últimos oito versículos da Torá

Os últimos oito versículos da Torá relatam a morte de Moshê e seu enterro: "E Moshê, o servo de D’us, morreu ali na terra de Moav…"

Quem escreveu estes versículos?

R. Meir ensinou: "Moshê escreveu toda a Torá, do primeiro ao último versículo. À medida que D’us ditava um versículo, Moshê o repetia, e depois o anotava. Porém os últimos oito versículos ele não repetiu, porque estava sofrendo tanto. Ele os escreveu com lágrimas em vez de tinta, e Yehoshua mais tarde os preencheu com tinta.

A profecia de Moshê e seus milagres superaram os de qualquer outro Profeta. Moshê atingiu mais que qualquer outro homem na Torá em sabedoria e profecia.

Nenhum outro profeta pôde conversar com D’us o tempo todo, sem preparação, e vê-Lo com absoluta clareza.

Como a profecia de Moshê foi superior a todas as outras profecias, nenhum profeta ou tribunal judaico pôde mudar ou apagar qualquer palavra da Torá. Nenhum profeta posterior realizou maravilhas tão abertamente quanto Moshê. Seus milagres foram testemunhados por toda a nossa nação (mais de um milhão de almas).

Todo Israel viu como os primogênitos foram assassinados no Egito, uma demonstração da força da mão de D’us, e como Moshê abriu o Mar Vermelho. Eles vivenciaram a outorga da Torá e testemunharam os milagres no deserto, aprendendo assim a temer a D’us.

D’us deixou Moshê fazer milagres em meio a grande publicidade, para que a Torá fosse adotada por todas as futuras gerações.

No futuro, o Próprio D’us realizará milagres semelhantes, e ainda maiores.

A Torá termina com a palavra "Yisrael" e começa com Bereshit/ "No princípio." Isso insinua que o mundo foi criado para K’lal Yisrael, como está escrito: "Yisrael é sagrado para D’us, o primeiro de Sua criação" (Yirmiyáhu 2:3). D’us concebeu a criação do universo pelo bem de Benê Yisrael, um povo que estudaria e cumpriria Suas leis.